Nesta segunda-feira (10), acompanhado por um especialista em transmissão de dados e de um delegado de polícia, um hacker de apenas 19 anos mostrou, para as mais de 100 pessoas, no auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SeaeRJ), como conseguiu interceptar e modificar os resultados do sistema de totalização dos votos no Rio de Janeiro, beneficiando alguns candidatos, sem que nada fosse oficialmente detectado.
A falha na intranet da Justiça Eleitoral foi apresentada no decorrer do seminário ‘A urna eletrônica é confiável?’, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.
‘A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e, depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada’, explicou o hacker conhecido como ‘Rangel’, ao detalhar em linhas gerais como atuou para fraudar os resultados.
‘Rangel’, que já prestou depoimento na Polícia Federal e está vivendo sob proteção policial, declarou aos presentes que não atuava sozinho: fazia parte de um pequeno grupo de hackers que – por meio de acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE/RJ). O depoimento do hacker foi chocante até para os palestrantes convidados para o seminário.
Segundo o hacker, a fraude era feita em beneficio de políticos com base eleitoral na Região dos Lagos, sendo um dos beneficiários diretos dela, agora nas eleições de 2012, o atual presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), o deputado Paulo Melo (PMDB).
A deputada Clarissa Garotinho (PR), depois de dirigir algumas perguntas à ‘Rangel’, afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende deixar a denúncia cair no vazio.
A deputada Clarissa Garotinho (PR), depois de dirigir algumas perguntas à ‘Rangel’, afirmou que se informará mais sobre o assunto e não pretende deixar a denúncia cair no vazio.
Palestrante convidada para o seminário, a Dra. Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país – todos abafados pela Justiça Eleitoral. Ela detalhou fatos ocorridos em Londrina (PR), Guadalupe (PI), Bahia e no Maranhão.
Nas eleições de 2010, o presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), então candidato à governador do Maranhão, após perder o pleito para Roseana Sarney (PMDB), levantou suspeitas de fraude na urna eletrônica, com base nos logs [arquivos eletrônicos produzidos pela máquina] produzidos pelas 15 mil urnas usadas no Estado.
Em março deste ano, um grupo de quatro especialistas da Universidade de Brasília (UnB) encontrou uma lacuna na segurança das urnas eletrônicas, em teste promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na época, o Tribunal afirmou que, apesar da ‘invasão’, não houve violação dos votos, e explicou que a brecha foi encontrada somente porque o chamado código-fonte do sistema foi liberado e que, sem essa ajuda, não teriam descoberto a sequência dos votos. E agora TSE?
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