Associação de Mulhere e Mães de Autistas do Maranhão se Reúne em Bacabal

Mães atípicas se sentem valorizadas pela entidade

Pedreiras, Lima Campos e Trizidela do Vale são premiados com Selo de Referência em Atendimento pelo Sebrae

A Sala de Pedreiras ganhou Selo Ouro

Programa Saúde Ocular Beneficia Cerca de 200 Crianças em Bacabal

Programa é uma parceria entre as secretarias de Educação e Saúde

Sessão Solene na Câmara Municipal de Bacabal Celebra o Dia Internacional da Mulher

Vereadoras Nathália Duda e Regilda Santos conduzem Sessão Solene

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

CRÔNICA: Os impactos da inteligência artificial na educação

Na sala de aula da Escola  João Mohana  em Bacabal, o chiado das cadeiras, o barulho das folhas virando e o arranhar das canetas se tornaram sons cada vez mais raros. O que antes era preenchido por conversas entre alunos e as explicações do professor, hoje está sendo suavemente substituído por uma interface brilhante. Se antes a aprendizagem era uma troca visceral, quase humana, agora a educação encontra-se mediada por algoritmos complexos e sistemas de inteligência artificial (IA) que prometem transformar o processo de ensinar e aprender.

Agora a Escola era destaque nos eventos de robótica internacionais,  a mostra bacabalense de foguetes prometia novos cientistas para o País. 

_Você já viu a nova ferramenta da escola? - perguntou Mariana, aluna do terceiro ano, enquanto mostrava a tela do celular para sua colega. No dispositivo, uma IA conversava com ela de forma quase natural, respondendo às dúvidas de física com uma precisão que nem o próprio professor conseguiria. A professora Teresa, que dava aula há quase 20 anos, assistia a tudo com uma mistura de fascínio e inquietação.

No início, a ideia parecia promissora.

 _A IA vai personalizar o aprendizado, cada aluno terá um plano de estudo único - Disseram os especialistas. 

_Os professores terão mais tempo para se concentrar nas necessidades individuais dos alunos, enquanto a máquina faz o trabalho pesado. - Mas será que é assim tão simples? Será que a tecnologia pode substituir a experiência de uma aula vibrante, com discussões profundas sobre o mundo, onde os erros são aprendizados e os acertos, conquistas compartilhadas?

O impacto da IA na educação é como uma faca de dois gumes. De um lado, ela promete resolver o problema da falta de personalização do ensino, ajudando alunos com diferentes ritmos de aprendizado a se desenvolverem no seu próprio tempo. O sistema pode adaptar o conteúdo, sugerir exercícios, corrigir provas em minutos e fornecer feedback instantâneo. Isso, claro, pode ser uma mão na roda para quem está preso a currículos rígidos e sobrecarregados de tarefas. Mas, de outro, há uma pergunta que paira no ar: e o calor humano, o afeto que transforma o aprendizado em algo mais do que uma mera transferência de conhecimento?

Na sala de aula, a interação social entre os alunos também mudou. Aqueles que antes se reuniam em grupos para discutir os exercícios, agora se veem cada vez mais isolados, conectados a máquinas em vez de uns aos outros. O debate, o diálogo, o improviso — tudo isso foi se diluindo diante de uma tecnologia que, embora impressionante, ainda não entende de nuances humanas. A IA pode responder a perguntas sobre equações, mas não é capaz de perceber a ansiedade de um aluno que teme o futuro.

Enquanto a professora Teresa caminava pela sala, observava os alunos, imersos em suas telas. Não podia negar o impacto da tecnologia no aprendizado. Alguns estavam mais concentrados, outros pareciam perdidos em um mar de informações, tentando acompanhar o ritmo da máquina. E ela se questionava: o que aconteceria com as futuras gerações? Estariam mais preparados para o mundo digital ou, na verdade, mais distantes uns dos outros?

Na sua cabeça, surgia uma dúvida inevitável: no esforço por ensinar de forma mais eficiente, estaríamos realmente preparando os alunos para o mundo real? Será que a empatia, o pensamento crítico e a criatividade, habilidades humanas por excelência, não estariam sendo deixadas para trás, substituídas por números e códigos que não entendem as complexidades da vida?

Enquanto os alunos se dispersavam para o intervalo, Mariana, por curiosidade, perguntou à IA: 

_O que é mais importante para aprender? O conhecimento ou a experiência?

A resposta veio instantaneamente: "Ambos são importantes. O conhecimento amplia as possibilidades, enquanto a experiência ensina a aplicá-lo."

Mariana sorriu, mas, ao olhar para a professora, não pôde evitar o pensamento de que, por mais que a tecnologia avance, a verdadeira resposta talvez não esteja nas máquinas. Está nas histórias, nas conversas e, principalmente, nas mãos de quem, com paciência e dedicação, ensina os alunos a serem mais do que recipientes de informações — a serem seres humanos completos.

A educação, afinal, não pode ser reduzida a números e algoritmos. Ela deve ser, acima de tudo, uma experiência de transformação, de crescimento pessoal e coletivo. A IA pode ser uma ferramenta, mas o que realmente forma o aluno é o contato humano, as ideias compartilhadas e as emoções vividas em cada etapa dessa jornada.

Cara leitor(a), devo confessar um pecado intelectual. Busquei ajuda de uma inteligência artificial para escrever esta crônica; mas não deu certo,  faltou sentimento e minha impressão digital literária,  tive que reescreve-la com minhas palavras e Interpretação da realidade. 

E assim, no balanço entre máquina e ser humano, a professora Teresa continuava a ensinar, com a certeza de que, por mais avançada que fosse a inteligência artificial, o verdadeiro aprendizado ainda dependia, e sempre dependeria, da sabedoria de quem ainda acreditava no poder do toque, da voz e da presença.

JOSÉ  CASANOVA 

Membro da Academia Bacabalense de Letras e Academia Mundial de Letras da Humanidade 


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Palestra sobre Setembro Amarelo promove conscientização em Alto Alegre do Maranhão

Nesta sexta-feira (27), os alunos da Escola Santa Mônica, no município de Alto Alegre do Maranhão, participaram de uma palestra  sobre o Setembro Amarelo, no período matutino  a palestra foi ministrada pela Psicopedagoga  da SEMED Any Silveira, já  no turno vespertino peka assistente social Emanuele Aguiar. O evento teve como foco a prevenção do suicídio e a importância do diálogo aberto sobre saúde mental.

Durante a palestra, Emanuelle e Any destacaram a necessidade de empatia, apoio emocional e o combate ao estigma que ainda envolve questões de depressão e ansiedade, temas centrais na campanha de valorização da vida. Enfatizaram a relevância de procurar ajuda profissional e manter uma rede de apoio forte, seja entre amigos, familiares ou colegas de escola.

Os alunos mostraram grande interesse pelo tema, ouvindo atentamente os conselhos e orientações da assistente social. Ao final da palestra, a mensagem de Emanuelle ecoou entre os estudantes, que se engajaram em uma apresentação teatral, abordando a importância do cuidado com a saúde mental e retratando situações cotidianas de superação e apoio mútuo. A performance sensibilizou o público presente, reforçando a mensagem central de que todos podem contribuir para um ambiente mais saudável e acolhedor.

A iniciativa faz parte de uma série de ações da escola voltadas à conscientização sobre a campanha do Setembro Amarelo, que visa reduzir os índices de suicídio, especialmente entre os jovens, e promover uma cultura de acolhimento e cuidado.

Ao final, Emanuelle Aguiar deixou um convite aberto para que todos se tornem agentes de transformação e apoio, lembrando que “falar é a melhor solução”.




























sábado, 7 de setembro de 2024

Crônica do Dia: Independência ou Morte?

José Brasil acordou naquela manhã de 7 de setembro com o som dos fogos de artifício. Não sabe porque esses fogos ainda são utilizados, já que incomodam tanto os autistas, idosos e pessoas doentes, mas na sua terra,  Juçaralandia, não existe regras de bom senso. Acordara com um aperto no peito, que já não era novidade. Aos 42 anos, as dificuldades financeiras se acumulavam como poeira num móvel esquecido. A mulher, Maria, já estava de pé, preparando o café de uma mistura rala que ele preferia não saber como conseguia. Os filhos, João e Luísa, ainda dormiam no pequeno quarto. Não passavam de um número no censo.

_Mais um Dia da Independência... - pensou José, enquanto vestia a camisa desbotada para mais um dia de luta. Iria ao centro da cidade, tentar vender suas frutas. - _ Mas que independência é essa que não chega ao povo? Ter independência é saber fazer as próprias escolhas.  - Murmurou, observando os rostos cansados na vizinhança, onde todos, como ele, lutavam por migalhas.

No caminho, encontrou-se com Francisco, um velho amigo dos tempos de juventude.

— Grande Zé, vai pro centro? — perguntou Francisco, com o sorriso meio apagado.

— Vou sim, Chico. Tentar vender uns abacaxis, sabe como é... — José suspirou, ajeitando a carroça.

— Hoje é feriado. Vai ter desfile e tudo...

— Pois é, feriado. Desfile... — José riu, um riso seco, sem vontade. — Sabe o que eu estava pensando, Chico? Comemorar o quê? Que independência é essa que não dá liberdade pro povo viver melhor? Que nos faz comemorar, mas seguir presos na mesma miséria?

Francisco concordou em silêncio. Ele próprio já tinha desistido de questionar as coisas. Mas José não. José tinha o Brasil até no próprio nome, e isso o incomodava.

— Eu olho pros meus filhos, Chico... O João vai fazer 15 anos, tá no ensino público, mas aprende o quê? O professor nem aparece. Outros aparecem até demais da conta. E a Luísa? Mal tem livros. — José respirou fundo, com o olhar perdido. — A educação é a nossa esperança, mas o governo não liga. Só pesam no Ideb.  Eles preferem o pão e circo. A diversão tá garantida, mas e a comida na mesa?

— E o que tu faz, Zé? O que a gente pode fazer? — perguntou Francisco, mais desanimado do que curioso.

— Luto, Chico. Tento. Não tem muito mais o que fazer. — José puxou a carroça e começou a caminhar, mas logo parou, olhando para trás. — É tudo um ciclo, sabes? Eles dão circo pra gente se distrair, enquanto a saúde, a cultura, a ciência... tudo vai morrendo aos poucos. Tu sabia que tem gente que nunca leu um livro na vida?

— Isso é verdade...

— E como vamos ter independência se o conhecimento não chega ao povo? Se a literatura tá sumindo das mãos das crianças? E a ciência? O que é que sobra?

Francisco abaixou a cabeça. José tinha razão. O desfile de logo mais seria bonito, patriótico, emocionante... mas o que aquilo significava para eles? Para suas famílias? Eles iriam aplaudir, gritar "Viva o Brasil!", mas no fundo, nada mudaria.

— Eu penso nos meus filhos, Chico. Quero que eles tenham um futuro melhor que o meu. Mas, com o que está aí, não sei... E não é só política, é tudo. Cultura, educação... o país tá doente. Estamos em ano eleitoral, como disse o poeta Boa  Fé: Quanta gente vai se eleger de novo, renovando a fome desse povo...

O som dos tambores do desfile ao longe ecoou pelas ruas. Francisco olhou na direção do centro da cidade, onde a multidão começava a se reunir.

— Então, Zé, vamos assistir ao desfile?

José parou, pensou por um segundo, e depois respondeu com um sorriso amargo:

— Não, Chico. Eu tenho abacaxis pra vender  e muitos outros abacaxis pra descascar na vida.

E seguiu seu caminho.