Após ter se tornado, nesta semana, o mais novo Patrimônio Cultural e
Imaterial do Brasil, o bumba meu boi terá seu universo mítico, sua
originalidade e seu ritmo expostos no Fórum Bumba meu boi do Maranhão:
Patrimônio Cultural do Brasil, que ocorre nesta sexta-feira, dia 2, no
Teatro Alcione Nazaré (Praia Grande). Durante o evento, será mostrada
uma vasta documentação integrante do inventário que serviu de base para o
julgamento do pedido de transformação do bumba meu boi em bem imaterial
da Cultura Brasileira.
O evento realizado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (IPHAN) é uma
oportunidade para discutir aspectos históricos, estéticos e religiosos
do bumba meu boi. Serão exibidas pesquisas que evidenciam as riquezas de
detalhes, as diversidades dos sotaques, as peculiaridades da dança e
todo o universo mapeado no Inventário Nacional de Referências Culturais
(INRC) do Bumba meu boi do Maranhão.
Durante o evento,
será apresentado o dossiê de Registro do Complexo Cultural do Bumba meu
boi do Maranhão. Também será lançado pelo Iphan o livro Bumba meu boi:
som e movimento, que integra a pesquisa do inventário. A pesquisa feita
por Joaquim Santos e Tânia Ribeiro descreve toadas, instrumentos,
partituras e aspectos das coreografias do bumba-boi.
Outro
lançamento será o DVD Bumba boi: Festa e Devoção no Brinquedo do
Maranhão, que foi exibido para o Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural durante a sessão que levou a manifestação a transformar-se em
bem cultural. O disco apresenta depoimentos, celebrações, promessas, a
religiosidade, os sotaques, a diversidade e a criatividade dos que fazem
o bumba meu boi. A obra ressalta toda a tradição da brincadeira, sua
influência e importância para o Maranhão e para o Brasil.
Na
programação constam mesas redondas abordando A Dimensão Religiosa do
Bumba meu boi do Maranhão, A Dimensão Estética do Bumba meu boi do
Maranhão e Questões Atuais no Bumba meu boi do Maranhão. Após os debates
e os lançamentos, grupos dos sotaques de orquestra, costa de mão,
zabumba, baixada e matraca se apresentarão.
Salvaguarda –
A coordenadora do processo que levou o bumba meu boi a entrar na lista
de patrimônios culturais, Izaurina Nunes, antropóloga do Iphan, explica
que o registro vale por 10 anos. “O Iphan se torna responsável por
preservar o bumba meu boi. No entanto, não é um trabalho de
fiscalização. É uma atitude de salvaguarda”, diz Izaurina Nunes.
Entre
as sugestões de salvaguarda, estão a implantação de políticas públicas
em municípios do interior para integrar os grupos, buscando a
valorização de expressões locais. Outra necessidade apontada pelo Iphan é
a aproximação entre integrantes e platéia, já que em parte dos arraiais
da cidade, onde se apresentam os grupos, foram construídos palcos que
modificam as práticas de sociabilidade tradicionais do bumba-boi.
Inventário –
A pesquisa que serviu de base para o INRC foi iniciada em 2001 e foi
conduzida pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Rio de
Janeiro até 2004. Em 2007, um levantamento complementar com uma vasta
documentação fotográfica e audiovisual foi feito por um grupo de
pesquisadores do Iphan, com o apoio e a participação da Secretaria de
Estado da Cultura (Secma), Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
Comissão Maranhense de Folclore, Fundação Municipal de Cultura (Func) e
outras instituições. O inventário foi concluído em 2009.
A
pesquisa detalha os elementos de arte, festa e religião do
bumba-meu-boi. O documento tem 208 páginas com texto e ilustrado com
rico material fotográfico. Izaurina Nunes explica que ainda não há
previsão para o lançamento do dossiê em livro.
FONTE: Yane Botelho / O Estado
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