POR OSWALDO VIVIANI-nJP
O lavrador João
Conceição da Silva, de 29 anos, foi assassinado no início da noite de
sábado (24), no assentamento Flexal (município de Santa Luzia do Tide, a
294 quilômetros de São Luís). João Conceição foi morto com um tiro de
espingarda calibre 20, perto de um açude, a 3 quilômetros da sede do
assentamento. O disparo acertou a vítima no peito esquerdo.
Há
pelo menos duas versões quanto à motivação do crime. Pode estar ligado,
segundo o irmão do lavrador, o mecânico lanterneiro Antônio Conceição da
Silva, 33, ao conflito entre líderes de associações de assentados por
recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
ou, de acordo com declaração do delegado Carlos Alessandro Rodrigues
Assis, de Buriticupu, a um desentendimento vinculado ao tráfico de
drogas.
A versão de motivação ligada ao conflito entre assentados
se apóia no fato de o pai da vítima – Antonio Ribeiro da Silva, de 63
anos – ter sido vice-presidente da Associação dos Pequenos Trabalhadores
Rurais do Povoado Flexal, que teve seu presidente, Francisco Vieira
Viana, o “Chico Caçador”, assassinado por pistoleiros, em 4 de abril do
ano passado.
Segundo investigações da polícia e do Ministério
Público Estadual, a empresa Flechal Construções e Empreendimentos Ltda
ganhou licitação para construir 31 casas no assentamento. Como
adiantamento sacou R$ 44 mil reais da conta da associação, mas nunca
ergueu nenhuma moradia. “Chico Caçador” denunciou o sumiço do dinheiro e
foi executado. Os donos da Flechal Construções – Francisco de Araújo
Sales e Francisco Matias da Silva – foram presos dois meses depois do
assassinato de “Chico Caçador”, mas já estão soltos.
As fraudes
envolvendo desvios de recursos do Incra que deveriam ser destinados à
construção e reforma de casas em assentamentos rurais levaram a Polícia
Federal e desencadear, no final de fevereiro passado, a Operação
Donatário, que
cumpriu 39 mandados de busca e apreensão de
documentos na sede do órgão, no Anil. Dois ex-presidentes do Incra-MA,
Benedito Terceiro e Raimundo Monteiro estão entre os envolvidos na
investigação da PF
Tráfico de drogas – Já de
acordo com a versão sustentada pelo delegado Carlos Alessandro, o
lavrador João Conceição da Silva teria sido visto, momentos antes de ser
morto, bebendo na companhia de três homens – Antonio Alves Martins,
conhecido como “Índio”; Getúlio Lopes de Melo; e e Dioquino dos Santos
da Silva. Segundo o delegado, os três são usuários de maconha, e João
Conceição lhes fornecia a droga. Um desentendimento durante a negociação
teria gerado o homicídio de João Conceição.
Ontem à tarde, o delegado Carlos Alessandro informou ao Jornal Pequeno
que Índio, Getúlio e Dioquino foram presos por policiais de Buriticupu
na terça-feira (27), às 17h, no assentamento Flexal, sendo conduzidos na
manhã de ontem (28) para Santa Luzia.
Com Getúlio e Dioquino, a
polícia encontrou espingardas de fabricação artesanal. Já “Índio”
guardava em sua casa uma espingarda calibre 20, compatível com a arma do
crime.
O caso será investigado pelo delegado Estefânio Assunção
Aragão, da delegacia regional de Santa Luzia. O delegado agrário
Domingos Cartaxo também acompanhará a apuração do crime.
Ontem
(28), o irmão da vítima, Antonio Conceição Silva, que mora em
Parauapebas (PA), esteve na sede do Comando da Polícia Militar, onde
pediu ao coronel Flávio Antonio Silva de Jesus (representante agrário da
PM-MA) segurança policial para retirar do assentamento Flexal seu pai,
Antonio Ribeiro da Silva, sua mãe, Maria da Conceição, e seu irmão,
Miguel Conceição da Silva.
Segundo Antonio Conceição afirmou ao JP, seus familiares correm risco de morte caso permaneçam na região.
O comandante da PM-MA, coronel Franklin Pachêco, acatou o pedido, e o
pai, a mãe e o irmão do lavrador assassinado devem ir para o município
de Lago Verde.
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