No Ano Internacional dos Povos
Afrodescendentes, estabelecido pela Organização das Nações Unidas, as
comunidades rurais de afrodescendentes da América Latina serão foco do
projeto piloto Quilombo das Américas. Um levantamento dos aspectos
sócio-econômicos, alimentares, institucionais, tecnológicos e culturais
que servirá de base a uma rede de articulação de políticas públicas e
cooperação entre essas localidades.
As comunidades que no continente recebem
diferentes denominações – quilombos, palenques, cumbes, maroons e
cimarrones – trazem em comum o traço de luta contra a escravatura
praticada durante séculos e de marginalização na sociedade atual. “São
comunidades em países latino-americanos e caribenhos com trajetórias
históricas similares aos quilombos no Brasil e com uma realidade muito
próxima da que ocorre em nosso país”, explica Edson Guiducci Filho,
pesquisador da Embrapa Hortaliças, que integra a equipe do projeto.
De acordo com Guiducci Filho, até
novembro um grupo de pesquisadores visitará comunidades afrorrurais no
Brasil, no Equador e no Panamá para caracterizar esses locais. Ele
explica que os principais eixos do projeto são o acesso aos direitos
econômicos, sociais, culturais e políticos e a segurança alimentar e
nutricional das famílias. Os estudos levantarão dados sobre acesso a
terra, saúde, educação, mercado de trabalho, recursos naturais, sistemas
produtivos e organização social.
O projeto permitirá também, o
intercâmbio de experiências e práticas entre as comunidades. “Conhecer
comunidades com os mesmos problemas em outros países pode causar
impactos. Com o projeto foi possível ver que há muita coisa que pode
melhorar e muitas coisas nas quais podemos ajudar. Essa luta servirá a
todos, pois todos esses países enfrentam os mesmos problemas”, afirma
Martha Quintana, prefeita do distrito de Santa Fé, em Darién, no Panamá.
Para o secretário executivo da
Corporación de Desarrollo Afroecuatoriano (Codae) do Equador, José Chala
Cruz, o programa é uma oportunidade para que os países participantes
conheçam os avanços das nações vizinhas sobre temas como soberania e
segurança alimentar. “O diálogo pode se estabelecer entre a sociedade
civil, os quilombolas e os Estados em termos da aplicação de políticas
públicas que garantam a cidadania em cada um dos países”, diz.
José Conceição da Silva, representante do
quilombo Empata Virgem do Estado da Bahia, acredita que o projeto
proporcionará melhorias em sua comunidade. Ele também destaca o
intercâmbio como forma de fortalecer a identidade negra na América
Latina. “Estou aprendendo bastante com isso, porque estou passando a
conhecer outras comunidades em diferentes países que vivem a mesma
realidade do Brasil”.
As atividades do projeto serão
coordenadas pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República (Seppir/PR). Além da Embrapa, participam a
Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações
Exteriores, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a
Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), o Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura (IICA), Entidade das Nações Unidas para
Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) e o
Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia.
FONTE:Daiane Souza in Blog do Valberlucio
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