sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Projeto promoverá intercâmbio entre comunidades afrorrurais da América Latina

Criação: Daniel Cabral
No Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, estabelecido pela Organização das Nações Unidas, as comunidades rurais de afrodescendentes da América Latina serão foco do projeto piloto Quilombo das Américas. Um levantamento dos aspectos sócio-econômicos, alimentares, institucionais, tecnológicos e culturais que servirá de base a uma rede de articulação de políticas públicas e cooperação entre essas localidades.
As comunidades que no continente recebem diferentes denominações – quilombos, palenques, cumbes, maroons e cimarrones – trazem em comum o traço de luta contra a escravatura praticada durante séculos e de marginalização na sociedade atual. “São comunidades em países latino-americanos e caribenhos com trajetórias históricas similares aos quilombos no Brasil e com uma realidade muito próxima da que ocorre em nosso país”, explica Edson Guiducci Filho, pesquisador da Embrapa Hortaliças, que integra a equipe do projeto.
De acordo com Guiducci Filho, até novembro um grupo de pesquisadores visitará comunidades afrorrurais no Brasil, no Equador e no Panamá para caracterizar esses locais. Ele explica que os principais eixos do projeto são o acesso aos direitos econômicos, sociais, culturais e políticos e a segurança alimentar e nutricional das famílias. Os estudos levantarão dados sobre acesso a terra, saúde, educação, mercado de trabalho, recursos naturais, sistemas produtivos e organização social.
O projeto permitirá também, o intercâmbio de experiências e práticas entre as comunidades. “Conhecer comunidades com os mesmos problemas em outros países pode causar impactos. Com o projeto foi possível ver que há muita coisa que pode melhorar e muitas coisas nas quais podemos ajudar. Essa luta servirá a todos, pois todos esses países enfrentam os mesmos problemas”, afirma Martha Quintana, prefeita do distrito de Santa Fé, em Darién, no Panamá.
Para o secretário executivo da Corporación de Desarrollo Afroecuatoriano (Codae) do Equador, José Chala Cruz, o programa é uma oportunidade para que os países participantes conheçam os avanços das nações vizinhas sobre temas como soberania e segurança alimentar. “O diálogo pode se estabelecer entre a sociedade civil, os quilombolas e os Estados em termos da aplicação de políticas públicas que garantam a cidadania em cada um dos países”, diz.
José Conceição da Silva, representante do quilombo Empata Virgem do Estado da Bahia, acredita que o projeto proporcionará melhorias em sua comunidade. Ele também destaca o intercâmbio como forma de fortalecer a identidade negra na América Latina. “Estou aprendendo bastante com isso, porque estou passando a conhecer outras comunidades em diferentes países que vivem a mesma realidade do Brasil”.
As atividades do projeto serão coordenadas pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR). Além da Embrapa, participam a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Entidade das Nações Unidas para Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) e o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia.
FONTE:Daiane Souza in Blog do Valberlucio

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