A ativista esteve por cerca de 20 anos na
profissão. Começou aos 15, vinda da pequena cidade de Pontal. "A zona
tinha muita festa, música e gente. Eu queria 'luxar', usar sapato alto,
sentar na mesa do bar e tomar cerveja. Aí, acabei entrando nessa vida",
conta.
Já adulta, foi fazer supletivo no colégio Santa Teresa,
junto com outras garotas de programa, por iniciativa de freiras que as
incentivaram a estudar.Na sala de aula, ninguém sabia onde moravam nem o
que faziam. Depois, ingressou em cursos de manicure, costureira,
cabeleireira e primeiros socorros, mas nada acabou dando certo.
De
Jesus já abandonou a prostituição há duas décadas e hoje vive de seu
trabalho como servidora do estado, trabalhando no programa Viva Mulher.
Faz parte do movimento de luta pelos direitos das prostitutas desde 1985
e fundou a Aprosma em 2002.
Ela afirma que muita coisa mudou
desde o tempo em que estava na atividade. Revela que a grande maioria
dos homens que hoje procuram o serviço são casados e estão na faixa de
40 a 50 anos. A maior liberdade sexual dos jovens na atualidade fez com
que os garotos procurassem menos por sexo pago, acredita a líder. "O
'fica' multiplicou a sexualidade. Agora, a própria namorada do rapaz faz
tudo, então ele não precisa mais procurar na rua". A maior tolerância à
homossexualidade também teria levado mais mulheres a procurarem
prostitutas.
Apoio familiar
"A
profissional do sexo tem sentimentos como todo mundo. Sou como qualquer
mulher. Amei e sofri muito", declara. Ela diz que seus namorados
geralmente começavam como clientes, e que viveu experiências
conturbadas, com episódios de violência e exploração.
Atualmente, De Jesus não está casada. Tem três filhos e uma neta de 3
meses. Segundo a ativista, os filhos nunca tiveram problemas com seu
passado. "Minha filha mais nova, de 21 anos, inclusive me ajudou muito
no movimento, até me representando em conferências", diz. "Sou feliz
das minhas filhas não terem precisado fazer o que eu fiz. Se você me
perguntar, é claro que eu não queria que elas trabalhassem nesse ramo.
Se a pessoa tem oportunidade, tem que estudar".
De Jesus lida
com todo tipo de caso, desde garotas de programa deficientes até
mulheres mais velhas casadas que levam vida dupla. Para todas, dá o
recado: "Nada de se vitimizar. Você tem que ir atrás e cobrar seus
direitos. E tudo que tiver que fazer, faça com segurança. A mulherada
não pode mais calar mais a boca para a violência e tem que se proteger
das doenças".
Ação
Nos dias 24 e 25 de
maio, haverá uma oficina de políticas públicas de saúde voltadas para
profissionais do sexo feminino e travestis. O evento ocorrerá no
auditório do Convento das Mercês, a partir das 9h, e será gratuito.
FONTE: Teresa Dias DE O Imparcial
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