domingo, 20 de maio de 2012

Conheça De Jesus, a presidente da Associação de Profissionais do Sexo do Maranhão

 (Neidson Moreira)
"Não tenho problema com minha vida. Apesar de tudo, ela foi maravilhosa", assim Maria de Jesus Costa, mais conhecida como De Jesus, assinala sua trajetória. Aos 54 anos, ela está atualmente à frente da Associação de Profissionais do Sexo do Maranhão, a Aprosma, que presta assistência e reivindica direitos para a classe. A organização atendeu cerca de 960 mulheres no ano passado, marcando presença em áreas com concentração de prostituição, como Centro e São Cristóvão.

A ativista esteve por cerca de 20 anos na profissão. Começou aos 15, vinda da pequena cidade de Pontal. "A zona tinha muita festa, música e gente. Eu queria 'luxar', usar sapato alto, sentar na mesa do bar e tomar cerveja. Aí, acabei entrando nessa vida", conta.
Já adulta, foi fazer supletivo no colégio Santa Teresa, junto com outras garotas de programa, por iniciativa de freiras que as incentivaram a estudar.Na sala de aula, ninguém sabia onde moravam nem o que faziam. Depois, ingressou em cursos de manicure, costureira, cabeleireira e primeiros socorros, mas nada acabou dando certo.
 De Jesus já abandonou a prostituição há duas décadas e hoje vive de seu trabalho como servidora do estado, trabalhando no programa Viva Mulher. Faz parte do movimento de luta pelos direitos das prostitutas desde 1985 e fundou a Aprosma em 2002.
Ela afirma que muita coisa mudou desde o tempo em que estava na atividade. Revela que a grande maioria dos homens que hoje procuram o serviço são casados e estão na faixa de 40 a 50 anos. A maior liberdade sexual dos jovens na atualidade fez com que os garotos procurassem menos por sexo pago, acredita a líder. "O 'fica' multiplicou a sexualidade. Agora, a própria namorada do rapaz faz tudo, então ele não precisa mais procurar na rua". A maior tolerância à homossexualidade também teria levado mais mulheres a procurarem prostitutas.
Apoio familiar
"A profissional do sexo tem sentimentos como todo mundo. Sou como qualquer mulher. Amei e sofri muito", declara. Ela diz que seus namorados geralmente começavam como clientes, e que viveu experiências conturbadas, com episódios de violência e exploração.
Atualmente, De Jesus não está casada. Tem três filhos e uma neta de 3 meses. Segundo a ativista, os filhos nunca tiveram problemas com seu passado. "Minha filha mais nova, de 21 anos, inclusive me ajudou muito no movimento, até me representando em conferências", diz. "Sou feliz das minhas filhas não terem precisado fazer o que eu fiz. Se você me perguntar, é claro que eu não queria que elas trabalhassem nesse ramo. Se a pessoa tem oportunidade, tem que estudar".
De Jesus lida com todo tipo de caso, desde garotas de programa deficientes até mulheres mais velhas casadas que levam vida dupla. Para todas, dá o recado: "Nada de se vitimizar. Você tem que ir atrás e cobrar seus direitos. E tudo que tiver que fazer, faça com segurança. A mulherada não pode mais calar mais a boca para a violência e tem que se proteger das doenças".
Ação
Nos dias 24 e 25 de maio, haverá uma oficina de políticas públicas de saúde voltadas para profissionais do sexo feminino e travestis. O evento ocorrerá no auditório do Convento das Mercês, a partir das 9h, e será gratuito.
FONTE: Teresa Dias DE O Imparcial

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