domingo, 13 de maio de 2012

Trabalhar ao ar livre aumenta as chances de desenvolver câncer de pele?

Camelôs, feirantes, agricultores, salva-vidas, jardineiros, lixeiros, mergulhadores, guardas de trânsito, carteiros, motoboys, dog walkers, operários da construção civil, piscineiros, pescadores... O que todos estes profissionais têm em comum? A realização de tarefas e/ou o cumprimento de jornadas de trabalho expostos ao sol. Em razão das atividades que realizam, esses agentes estão sujeitos a inúmeros problemas ocasionados pela exposição ao sol. “Como efeito imediato, encontram-se as queimaduras e como alterações tardias as rugas, sardas, manchas brancas, textura rugosa da pele, capilares dilatados, massas escamosas e os tumores”, diz a dermatologista Cristine Carvalho, diretora do CDE – Centro de Dermatologia e Estética. (CRM-SP 91172).

A exposição solar é a causa primária de câncer da pele. Isto significa que os profissionais que trabalham ao ar livre, a maior parte do tempo, estão em alto risco de desenvolver a doença. “No entanto, porque o risco de morte acidental e lesões no trabalho são maiores e mais imediatos, os perigos de desenvolver câncer de pele têm sido muitas vezes negligenciados pelas empresas e empregadores. Considero muito importante que os órgãos gestores dos serviços em que atuam estes profissionais busquem estratégias que minimizem os riscos que as atividades desempenhadas trazem para a saúde destes trabalhadores”, defende a dermatologista.

A profissão, bem como a cor da pele, são fatores importantes em relação ao desenvolvimento de câncer de pele. A pele branca revela menor proteção em relação aos raios de sol, principalmente a radiação ultravioleta. O método de fotoproteção química com o uso do protetor solar é uma estratégia eficaz para reduzir os agravos à saúde provocados pela radiação ultravioleta a qual estão expostos esses trabalhadores.

“Mas trabalhar ao ar livre exige a consciência de que é preciso se proteger do sol adequadamente. E isto abrange mais do que apenas passar filtro solar. É preciso usar também métodos de barreira física, como o uso de blusas de manga comprida, bonés, óculos e o cuidado com relação ao horário de exposição ao sol, que são medidas mais eficazes para diminuir a ocorrência de agravos à pele”, defende a médica, que enumera a seguir algumas medidas preventivas que podem se adotadas pelos trabalhadores:

1) A atividade laboral realizada ao ar livre deve prever um abrigo na sombra para proteger o trabalhador. Assim, pode-se disponibilizar um barracão, num canteiro de obras, ou uma cabine no barco, onde o trabalhador possa fazer intervalos de almoço e café abrigado na sombra;

2) Na medida do possível, é melhor programar as tarefas que exigem exposição ao sol, para que sejam feitas na parte da manhã, antes das 10 horas, e/ou depois das 15:00 horas, para evitar as horas de maior intensidade de sol;

3) Usar sempre roupas protetoras para cobrir a pele. Mangas compridas, camisas de tecido e calças ou saias compridas fornecem uma proteção mais adequada;

4) Evite roupas que deixam a luz do sol transpassá-las. Se a luz do sol está passando, a radiação ultravioleta também está chegando. Prefira roupas com fator de proteção solar no tecido, encontradas em algumas lojas especializadas;

5) Se o trabalhador usa shorts durante o trabalho, troque-os por bermudas até os joelhos, que oferecem mais proteção do que shorts mais curtos;

6) Uma gola ou um boné com abas pode proteger a pele na parte de trás do pescoço;

7) Use chapéu e óculos de sol sempre que possível. O chapéu vai manter o sol para fora da face, pescoço e orelhas. Ele também irá proteger os carecas. Chapéus de abas largas são as melhores escolhas. A aba deve ser de pelo menos 3 cm de largura;

8) Use óculos de sol ou óculos de segurança que filtrem os raios UV;

9) Use um protetor solar com no mínimo 30 FPS, antes de se expor ao ar livre. Use um filtro solar resistente à água, se você precisa entrar no mar ou na piscina;

10) Algumas substâncias aumentam os efeitos nocivos da radiação ultravioleta, como produtos químicos industriais, tais como asfalto e alguns medicamentos. Um protetor solar resistente à água vai ajudar a dar proteção quando há probabilidade de que a pele tenha contato com estas substâncias;

11) Escolha um protetor solar em forma de gel, spray ou loção, de acordo com a preferência pessoal, nenhuma forma é mais eficaz do que outra;

12) Reaplique o filtro solar a cada duas horas. Se você sua muito, reaplique o protetor com mais frequência;

13) Certifique-se de que sua face, lábios, pescoço, orelhas, braços e dorso das mãos estão protegidos com o filtro solar;

14) A radiação ultravioleta refletida na água, na areia, no concreto, nas superfícies de cor clara e na neve também é prejudicial para o seu humano. As pessoas que trabalham perto dessas áreas precisam ter um cuidado extra.

Importância da informação

“Considerando-se os riscos a que estão expostos esses trabalhadores, faz-se necessária a implementação de ações voltadas para a educação em saúde, com o intuito de sensibilizá-los sobre os danos a que estão expostos diariamente em relação à radiação solar. Uma maior mobilização desses trabalhadores, reivindicando condições mais adequadas de trabalho, que minimizem as consequências danosas que o exercício de suas atividades profissionais possa acarretar à sua saúde também é de grande relevância neste processo”, defende Cristine Carvalho.

Ambulatório do Melanoma do CDE

O CDE colocou em funcionamento um atendimento diferenciado para câncer de pele, por meio da criação de um ambulatório específico para o atendimento do melanoma. “Reservamos um dia para o atendimento exclusivo dos casos de melanoma. Aqui, também entra o atendimento aos interessados em avaliar suas pintas ou sinais - em áreas do corpo expostas e não expostas ao sol - que podem ser indicativos da presença de câncer de pele”, observa Cristine Carvalho. Os interessados em serem atendidos pelo Ambulatório de Melanoma do CDE podem obter mais informações por meio do telefone (11) 30786713.
FONTE: O IMPARCIAL

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