A esperança, às vezes, chega mansa, como um vento que sopra de dentro das florestas. É assim que brota das histórias e dos passos dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas — aqueles que conversam e interagem com a terra muito antes de ela aprender a sofrer as degradações antropogênicas.
Eles carregam nas mãos o mapa vivo da regeneração natural, escrito não em papel, mas em trilhas, rituais, cantos, sementes e silêncio. Enquanto o mundo corre apressado atrás de soluções que não compreende, eles permanecem, firmes como troncos antigos, lembrando que a vida se sustenta no cuidado e na preservação dos recursos naturais.
E, quando olhamos para nossos biomas e ecossistemas feridos, compreendemos que a verdadeira esperança não nasce de discursos teóricos grandiosos e eloquentes, mas da continuidade dessas vidas que persistem apesar de tudo. É delas que surge a rota — aquela que pode nos conduzir de volta ao que jamais deveríamos ter abandonado: a harmonia com a própria mãe natureza.
Precisamos urgentemente resgatar os modos de vida sustentável de nossos ancestrais — os povos tradicionais das florestas —, que compreendiam a Terra não como um recurso, mas como um organismo vivo do qual fazemos parte. Somente ao reatar esse vínculo ancestral com a natureza poderemos restabelecer a qualidade ambiental e assegurar a continuidade da vida no planeta Terra.
Os povos tradicionais indígenas e quilombolas são a esperança e o caminho para a regeneração e a perpetuação dos nossos biomas e ecossistemas. Se não ouvirmos a voz e a caixa de ressonância da floresta, que são os povos tradicionais, talvez, em um futuro não muito distante, ouviremos apenas o eco do que perdemos.
José Carlos Aroucha.
Engº Florestal, Biólogo, Prof°, Ambientalista, Escritor e Cronista.










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