Prezados leitores do Diário do Mearim, chega de divulgar falcatruas de nossos gestores, hoje faço uma homenagem à sua alma de Maranhense e disponibilizo a todos um resumo da vida do Mestre João do Vale, o poeta do povo, patronoi da Cadeira de número 12 da Academia Bacabalense de Letras ocupada pelo Poeta Triste Raimundo Laércio, agradecemos ao site PolivoCidade pelas informações gentilmente cedidas. Aplausos para todos que acessarem... O Brasil agradece.
Nascimento
João Batista Vale nasceu em Pedreiras, no Maranhão, a 11/10/1933. Quinto de oito irmãos ajudava em casa, vendendo balas e doces feito pela mãe. Freqüentou a escola até o terceiro ano primário, quando teve de interromper os estudos – não para trabalhar, mas para ceder lugar ao filho de um coletor recém-nomeado para trabalhar em Pedreiras.
Aos 12 anos mudou-se com sua família para São Luis e aos 14 tomou a decisão de morar no Sul – sonhava com o Rio de Janeiro. Como seus pais não o deixariam partir fugiu de trem para Teresina e arranjou emprego como ajudante de caminhão. Viajava de Fortaleza a Teresina, um dia chegou a Salvador, primeira cidade grande que conhecia, e em seguida foi para Minas Gerais. Chegou ao Rio de Janeiro, de carona, aos 17 anos e foi ser ajudante de pedreiro.
Trabalhava e dormia na construção; à noite percorria as rádios na esperança de se aproximar de algum artista. O primeiro a que teve acesso foi Zé Gonzaga, que a princípio não quis ouvir suas músicas, mas, depois, gostou muito delas e gravou Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Luís Vieira foi o segundo que João procurou, conseguiu que Marlene gravasse Estrela Miúda (de autoria dos dois).
Embora não tenha sido fácil, o início da carreira de João do Vale foi rápido, pois ele chegara ao Rio no final de 1950 e, já no ano seguinte, suas músicas começaram a ser gravadas. Em 1952, foi pela primeira vez receber os direitos autorais, surpreendeu-se com a quantia: 200 cruzeiros. Uma fortuna, para quem suava na construção por 5 cruzeiros mensais.
Além de Marlene – que gravou várias composições de João -, Luís Vieira, Dolores Duran, Luiz Gonzaga e Maria Inês também cantaram e registraram sues trabalhos com êxito.
Em 1954, participou com figurante do filme Mão Sangrenta, dirigido por Carlos Hugo Christansen, João do Vale conheceu Roberto Farias – na época assistente de direção, – que, ao se transformar em diretor, convidou o compositor para musicar alguns de seus filmes, como No Mundo da Luz, de 1958. Além disso, em 1969 ele comporia a trilha sonora de Meu Nome é Lampião, de Mozael Silveira.
No Rio, começou a se apresentar no Zicartola – o bar de Cartola e Zica onde compositores se reunião para cantar. Fez sucesso e foi convidado para ali se apresentar às sextas-feiras.
O show do Forró Forrado foi criado especialmente para João do Vale pelo seu proprietário, seu Adolfo, amigo e admirador do criador de Pena na Pimenta.
Em 1975, os ares estavam mais respiráveis, então, João do Vale retornava de Pedreiras para Nova Iguaçu e apresentava, com enorme sucesso, seus show em circuitos universitários.
Em 1987, quando ia Nova Iguaçu com uma amiga, parou em um restaurante para almoçar. João sentiu-se mal e de repente desabou direto no prato, fulminado por um AVC, mais conhecido como derrame cerebral. Sua acompanhante ficou apavorada e, não se soube se por ignorância ou maldade, saiu correndo e abandonou o local. Então, foi levado inconsciente para o Hospital da Posse de Nova Iguaçu. Sem documento e dinheiro (sua carteira ficara na bolsa da tal acompanhante), foi deixado numa maca e negligentemente abandonado à própria sorte.
Em outubro de 1992 João é homenageado em sua terra natal, com um show no Teatro da Praia Grande. Músicos e intérpretes, de toda uma geração que não pôde vê-lo ao vivo, agora cantavam os sucessos do velho mestre. Na ocasião João revelava que sua intenção era se mudar para a cidade de Pedreiras a fim de passar o resto da sua vida na terra onde nascera.
Ao completar 60 anos, em 1993, João era lembrado com um show no teatro que levava seu nome, o Espaço Cultural João do Vale, na Praia Grande, em São Luis. Uma semana após o show ele apareceria de surpresa na estréia de Chico Buarque no Canecão, no Rio. Naquele mesmo final de ano, Chico Buarque começou a pensar no projeto de um disco-tributo para João do Vale, com venda a ser revertida para o artista e sua família.
No ano de 1996, a saúde João do Vale ia oscilando, apresentando melhoras alternadas com algumas crises.Todo o dia João batia ponto nos jogos de dominó em frente ao Sindicato dos Arrumadores, no centro de Pedreiras. Aos poucos, o estado de João do Vale passava a preocupar cada vez mais. Em 22 de novembro daquele ano, a turma do dominó soube que João não iria para o jogo, pois passara mal e resolvera ficar em casa. No final da tarde foi acometido por um novo acidente vascular cerebral. Apresentando um quadro grave de diabetes, hipertensão arterial e insuficiência renal, no dia 4 de dezembro, sofria seu terceiro e fatal derrame, o que o levou ao coma. E no dia 06 de dezembro de 1996, sexta-feira, às 13h30min, com falência múltipla dos órgãos, morria João Batista Vale, o poeta do povo João do Vale. A pedido seu, antes de morrer, foi enterrado, em 8 dezembro, no modesto cemitério São José, de Pedreiras. Mais de 5 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre, ao som de Pisa na fulô e Carcará, em arranjo para solo de saxofone de Sávio Araújo.
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