O choro dessa vez foi de alegria. O grito, entalado na garganta por quatro anos, não foi soltado apenas pela judoca dentro do tatame. Mas por todo o público presente na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Pelos resultados dos últimos anos, ela não precisava provar mais nada. Mesmo assim ela queria, e muito, essa medalha. Principalmente para calar quem tanto a criticou, alguns até com atitudes racistas, algo que fez ela pensar em abandonar a carreira. Rafaela Silva finalmente conseguiu sua tão sonhada láurea olímpica: um ouro, a primeira do Brasil na modalidade nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
A conquista acabou com qualquer desconfiança que existia em cima da brasileira. Se sempre pairou a dúvida sobre a questão psicológica, com algumas competições extraordinárias e outras com um desempenho muito abaixo do esperado, agora a situação pode mudar. Rafaela disputou cinco lutas de forma constante, focada e sem se intimidar com a pressão.
A alemã Miryam Roper, a sul-coreana Jandi Kim, a húngara Hedvig Karacas, a romena Corina Caprioriu e a mongol Sumiya Dorjsuren ficaram para trás. A húngara, aliás, foi a mesma adversária que deixou a atleta pelo caminho em Londres-2012 após a eliminação por um golpe ilegal.
O fator casa também parece ter ajudado, e muito. Não apenas pelo apoio da torcida, que enlouqueceu nas cadeiras da Arena Carioca 2. Na verdade, a judoca do Brasil se sente muito bem quando compete no país, principalmente no Rio de Janeiro. Já tinha sido assim em 2013, com a conquista do título mundial justamente na capital carioca, no Maracanãzinho.
O nível de concentração de Rafaela durante todos os combates chegou a impressionar. Em nenhum momento ela pareceu ansiosa. Com tranquilidade foi passando por cada adversária, sem também se empolgar com a comemoração do público. A semifinal até valeria um capítulo a parte após um pouco mais de três minutos de luta apenas no Golden Score.
Realmente, Rafaela teve um desempenho impressionante na Arena Carioca 2 nesta segunda-feira. De entrar para a história. E calar para sempre aqueles que tanto a atacaram em 2012.
(Terra / Autor: Guilherme Cardoso)
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