O papo ainda estava no começo e Reynaldo Gianecchini logo tratou de mandar a real:
- Tenho meu lado ruim. Eu não sou só bom. Não pisa no meu calo que você vai conhecer uma outra pessoa.
Como era preciso tirar proveito dos 44 minutos de intervalo entre a gravação de uma cena e outra de "Passione", nova novela das 21h, que estreia segunda-feira, dia 17, foi mais prudente perguntar logo onde estava o tal "calo".
- Não tente subestimar minha inteligência. O que me irrita é achar que sou bobinho - avisa Gianecchini, que segue a falar. - Lá no fundo, sentimentos como o de vingança existem. Se errar comigo, vou fazer pagar por isso.
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Não é o nosso caso e a conversa segue em frente. Ao completar 10 anos de carreira na TV, o ator volta à cena na trama de Silvio de Abreu, na pele de Fred Lobato, seu primeiro vilão. Ele terá como parceira Mariana Ximenes, outra estreante em maldades, no papel de Clara. Na Toscana, na Itália, onde foram gravadas as primeiras cenas do folhetim, a dupla dará um golpe em Totó (Tony Ramos), ao saber que ele é o filho que a milionária Bete (Fernanda Montenegro) considerava morto. Fred foi o motivo que levou o ator a cutucar o que de mais perverso existe em sua essência.
- É um cara de valores distorcidos. Passa por cima de quem for. É um outro olhar sobre o mundo que eu nunca tive - diz ele: - Eu tento acertar no dia a dia, ser legal com todos, mas isso não faz de mim uma pessoa perfeita. Os instintos de sobrevivência estão guardados. A questão é deixá-los aflorar ou não.
Vindo de Gianecchini parece incompatível com a imagem de bom moço que ele carrega desde que surgiu em "Laços de família".
- Ser corretinho e metódico é chatinho. Nem o Tony Ramos é assim - afirma, completando: - Sou um caos como pessoa. Não consigo me definir. Gosto de surpreender tomando rumos opostos ao que eu havia pensado antes. Vou deixando a vida me mostrar e fazendo as escolhas.
A fase tem sido de aproveitar a liberdade, desde o fim de seu casamento de oito anos com a jornalista e atriz Marília Gabriela, em 2006.
- O mais legal de estar solteiro não é sair para "o crime", pegando geral. O melhor é não precisar negociar com nada. É só você e, por isso, pode fazer o que quiser, sem atrapalhar ninguém - conta ele, longe do perfil caseiro que tinha no passado. - Tenho vontade de ir aos lugares, de ver gente. E tudo pode acontecer. Sou livre para fazer o que quiser. Não devo satisfações a ninguém.
Gianecchini explora, aos 37 anos, as possibilidades oferecidas pela solteirice. E tem para si a vantagem da maturidade.
- Passei a observar coisas que não via, quando estava fechado no meu mundinho de casado. As relações parecem muito mais doidas hoje em dia. Mas nada me assusta. Não sou influenciável nem levado pelo impulso. É claro que todo mundo tem uma história de uma única noite com alguém. Mas, quando se trata de uma relação que eu queira para mim, sou bastante racional.
Enquanto ela não pinta, Gianecchini não vê mal nenhum na solidão.
- Não tenho problema com isso. Eu estou solteiríssimo, íssimo, íssimo. Curto essa fase assumidamente - reforça. - Adoro estar casado também. Mas, honestamente, é muito bom estar sozinho. Tem uma hora no casamento em que não se sabe mais se está comendo aquela comida porque você gosta ou porque foi a sua mulher que mandou fazer.
A princípio, falar assim pode parecer uma postura egoísta, mas o que o ator não quer é entrar numa relação pela metade:
- Meus relacionamentos deram certo porque tiveram o tempo que tinham que ter e porque eu soube me entregar verdadeiramente. Estar num casamento, mas louco para viver outras histórias, não tem graça nenhuma.
Uma coisa não muda: ele não alimenta mesmo o desejo de ter filhos um dia. Prefere viver a paternidade por tabela, brincando com os bebês dos amigos. O tio Gianecchini ainda se acha um garotão.
- Talvez eu esteja na idade mais legal do homem. Existe um vigor enorme, mas com a cabeça mais relaxada - revela, sem ter saudade dos 20 anos. - Que bom não ter mais aquela ansiedade. Eu não sabia de nada, não tinha estabilidade emocional ou financeira.
Sem sinais aparentes de insegurança, às vezes é capaz de se olhar no espelho e, contrariando muita gente, dizer: "Que bosta!":
- Estou longe de ser todo esse superlativo que as pessoas costumam me colocar. Não piro e falo "ok, eu sou o cara".
Até porque já se tocou que beleza nem sempre é uma grande vantagem:
- As pessoas têm uma certa resistência em relação ao belo. É como se fosse difícil enxergar outras coisas. Já que é bonito não pode ser talentoso. A imagem de sex symbol enjoa quando se recusam a me ver de outra forma. Não quero fazer só o gostosão. Quero ser o engraçado, o ferrado. Mas, não vou ser hipócrita em dizer que não lucro com isso.
Da mesma maneira que mexe com a fantasia de homens e mulheres, o ator também sabe que atrai olhares invejosos.
- Tem gente que se incomoda com o sucesso do outro - reclama ele que, durante uma peça, foi alvo de um ator que estava na plateia e queria lhe dar um soco: - Ele achava que deveria ser ele ali, com o teatro lotado.
Inveja ele vai despertar nos marmanjos em cenas quentes com Mariana Ximenes.
- Eles são bem sexuais, se pegam muito. Não é fácil ficar pelado na frente de um bando de gente, mas, nossas cenas de sexo, normalmente, são uma palhaçada. Numa cena de rala e rola, a gente bate cabeça direto. Tem que parar para rir.
fonte: O Globo
domingo, 16 de maio de 2010
Reynaldo Gianecchini vive seu primeiro vilão
maio 16, 2010
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