Claudio Leal
Do Terra
Líder do grupo refratário a uma aliança do PT com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), o deputado federal petista Domingos Dutra afirma que parte do partido adotou a corrupção e a fraude no processo eleitoral.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, decidiu instalar uma comissão para investigar as denúncias de compras de votos de delegados petistas, num esquema para reverter a decisão interna de não se aliar ao senador José Sarney no Estado. Segundo reportagem da revista Veja, as propinas iam de R$ 20 mil a R$ 40 mil, conforme relato do delegado Francivaldo Coelho. O aliado de Sarney, Rodrigo Comerciário, teria intermediado a tentativa de suborno, num shopping de São Luís, em 14 de maio.
"Sob o ponto de vista das práticas do senador Sarney e sua família, pra mim não é nenhuma surpresa", afirma Dutra. "Basta lembrar o caso da Lunus, quando encontraram R$ 1,3 milhão, os escândalos de Sarney no Senado, os inquéritos da Polícia Federal sobre as remessas ilegais de Fernando Sarney pra fora do País. Para permanecer 40 anos no poder, Sarney usa a corrupção, a fraude e tudo o que há de mais nojento na política. O lamentável é que parte do grupo do PT do Maranhão adquiriu a prática de Sarney na busca pelo poder, constrangendo o presidente Lula e a direção do partido."
Domingos Dutra garante que não é contrário à aliança nacional com PMDB, mas contesta a obrigatoriedade de um palanque único no Maranhão. "A resolução diz que devemos fazer um esforço para ter palanques únicos nos Estados. Considero normal esse desejo, onde for possível. O Rio terá dois palanques, o Rio Grande do Norte, a Paraíba, a Bahia, o Mato Grosso... Por que no Maranhão não pode? Só por causa do bigode do Sarney?".
O PT ameaça intervir no diretório maranhense, em 11 de junho, e impor o pacto sanguíneo com o ex-rival José Sarney. Se a terraplanagem se confirmar, terão que "fazer o serviço completo e mover um processo de expulsão em massa", ressalta Domingos Dutra. "Expulsão tanto minha quanto de Manoel Conceição, fundador do partido, Terezinha Fernandes, Jomar Fernandes. A nossa história é incompatível com a história do Sarney", brada.
O congressista nomeia o principal responsável pela "venda" do PT regional ao PMDB. "Quem é o líder é Washington Luiz (Oliveira), um cidadão que já disputou quatro eleições pra deputado federal, não se elege e pede ração pra Sarney. Ele foi a favor da cassação de Jackson (Lago). Quando Roseana assumiu, chamou Waldir Maranhão, do PP, pra secretaria de Ciência e Tecnologia. Ele (Washington, suplente) assumiu durante 10 meses. Agora, teve alguém muito doido que botou na cabeça dele que ia ser vice de Roseana, pra vender o PT todinho".
O petista prossegue a denúncia: "Esse processo vem desde a eleição interna do ano passado. Usaram a Justiça Eleitoral pra poder ameaçar. Não tem coisa mais clara. Depois de assumir, a Roseana botou dois secretários do PT. Basta isso pra configurar indisciplina partidária, porque contraria a resolução... Todo esse desastre do PT tem sido causado por essa tendência CNB (Construindo um Novo Brasil), que tem desrespeitado a decisão do encontro do partido."
A comissão petista que vai apurar as denúncias de corrupção será composta pelo secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, e pelo secretário de organização, Paulo Frateschi. Os responsáveis podem responder a processos por quebra de decoro e ética.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Domingos Dutra: 'parte do PT do Maranhão se vendeu a Sarney'
maio 24, 2010
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