terça-feira, 26 de julho de 2011

Artista ocupam a sede da Funarte e reivindicam melhores condições de trabalho e políticas Culturais sérias

Artistas de teatro estão reunidos na sede da Funarte em São Paulo, em manifestação por melhores condições de trabalho e políticas culturais dignas aos profissionais da cultura. Cerca de 300 artistas do movimento do “Movimento de Trabalhadores da Cultura”, articulados pela Cooperativa Paulista de Teatro, reúne artistas de dança, música e circo, que farão vigília na sede do órgão federal durante a noite de hoje.
A invasão é simbólica, aponta um dos manifestantes, pois não houve resistência da Funarte. Curiosamente, o movimento ocorre uma semana após o lançamento de novos editais pela Funarte. Na última terça, a entidade anunciou o investimento inédito de R$ 100 milhões em programas de incentivo às artes. Só o edital Myriam Muniz – destinado à produção de espetáculos teatrais – teve seu orçamento aumentado de R$ 7 milhões para R$ 10 milhões. Nas áreas de dança e circo, os prêmios alcançam R$ 4,5 milhões, cada um.
“Mas isso não resolve a situação”, aponta Ney Piacentini, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro e um dos organizadores do movimento. Para ele, a liberação recente das verbas não é mais do que uma resposta à pressão que artistas vinham exercendo sobre a entidade. “Metade dessa verba é para pagar editais do ano passado. É como se fosse um “cala boca”. A gente grita e eles liberam o dinheiro. Queremos acabar com isso”, diz Piacentini. “Vamos ir para rua porque chegou a hora dos trabalhadores da cultura perderem a paciência. Esse é o nosso lema.”
Em um manifesto, que circula pela internet e pode ser lido no site Cultura Já!, os signatários pedem a revisão do corte no orçamento do MinC – que teria passado de R$ 2,2 bi para R$ 800 milhões. “É um momento de prosperidade econômica. Não há razão para se fazer um corte tão grande”, comenta Piacentini.
O aumento da verba do MinC para 2% do orçamento geral da união, assim como a instituição de outros modelos de política para as artes cênicas também estão entre as reivindicações. “Defendemos políticas de longo prazo, políticas estruturantes que reflitam o acúmulo de dez anos de reflexão que temos sobre o assunto”, aponta o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro.
Antônio Grassi, presidente da Funarte, diz apoiar qualquer mobilização pela ampliação de recursos para a cultura, mas faz ressalvas ao movimento. “É saudável que os produtores culturais queiram mais recursos para a área”, diz. “Mas o local para se discutir isso – tanto o aumento do orçamento quanto a aprovação de outros projetos que eles reivindicam – é o Congresso Nacional e não a Funarte.”
Entre os temas levantados pelos manifestantes está a criação de programas como o Prêmio de Teatro Brasileiro. A proposta tramita atualmente no Congresso, dentro do escopo do ProCultura, projeto de lei 6.722 que institui um programa nacional de fomento e incentivo à cultura.
“O Prêmio de Teatro Brasileiro tem o nosso apoio, mas precisa ser primeiro aprovado no Congresso. Não existe nenhuma referência a algum programa que não estamos fazendo. Lançamos os editais dos quais eles estavam se queixando”, comenta Grassi.
Para manter a pressão sobre o governo, os artistas já anunciaram a data de uma nova mobilização: dia 2 de agosto, às 10h.
Mambembão – Além dos editais para as áreas de teatro, dança, circo, música e artes visuais, a Funarte também divulgou a intenção de retomar o Mambembão, um extinto projeto de circulação de espetáculos, que teve grande repercussão nos anos 1980. Em linhas gerais, o programa funcionava trazendo para os grandes centros do Sudeste espetáculos produzidos fora do eixo Rio-São Paulo.
De acordo com Grassi, o Mambembão já voltaria à ativa no início do próximo ano, com um orçamento de cerca de R$ 2 milhões por ano. A ideia é manter a proposta em moldes semelhantes ao projeto original. Dessa forma, produções das regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro-oeste seriam selecionadas para se apresentar nos espaços da Funarte nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. “E, além disso, pretendemos ampliar o prêmio Myriam Muniz de circulação, para fazer com que espetáculos circulem dentro de suas regiões.”
Segundo Grassi, uma prévia do Mambembão poderá ser vista ainda neste ano. Recentemente restaurado, o antigo teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, deve ser reaberto no próximo dia 2 com uma programação especial. Na agenda, não estão apenas atrações dos grandes centros, mas também apresentações do grupo Ponto de Partida, de Barbacena, Minas Gerais.
FONTE:  Estadão.com

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