Um homem de 22 anos ameaçou a família com uma foice e quatro dias mais tarde jurou de morte dois irmãos de seis e dois anos que brincavam na rua onde moram. Os episódios ocorreram dias 2 e 6 de abril, no bairro Mutirão, na periferia de Igarapé Grande.
“Vou apanhar uma faca e vou matar esses bestas-feras, pode ser filho do diabo”, disse M. de O. da S. aos menores, segundo consta em um dos dois Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO) lavrados conta ele. O aviso de morte aos familiares, sobretudo ao pai, veio após exigir comida.
O autor das ameaças é apontado como usuário de drogas, aparenta surtos psicóticos e planejava repetir a 294 km de São Luís a chacina de estudantes em Realengo, Rio, relata a juíza Luciany de Sousa Ferreira, titular da comarca. Ele teve prisão cautelar decretada por 30 dias, como garantia da ordem pública e da sua integridade.
“A população está aterrorizada, em especial a comunidade do bairro afetado”, conta a magistrada, que requereu apoio institucional do corregedor-geral da Justiça, Antonio Guerreiro Júnior, para que o Hospital Nina Rodrigues faça exame de sanidade mental urgente em M. de O. da S, solteiro e natural e Lago da Pedra.
Luciany Ferreira enviou ofício à diretora do hospital, dia 14, mas não obteve resposta, apesar do reforço do Ministério Público estadual por instauração de incidente de insanidade mental. O destino de M. de O. da S. depende desse exame. Com menos de 12 mil habitantes, Igarapé Grande não tem médicos na especialidade.
A representante do Ministério Público estadual no município, Simone Valadares, ofereceu denúncia contra o acusado por três crimes de ameaça.
O temor pela reprodução da tragédia carioca é reafirmado em ofício do subtenente PM Rogério Rios à juíza. “Tenho receio que possa acontecer em nosso município o que aconteceu no Rio”, sublinha.
O fato mais grave surgiria na audiência de um dos termos, dia 13, na qual estavam o autor, vítimas e representante dos menores.
M. de O. da S., ou “deus das trevas”, ou o “quarto anjo”, ou o “arquiteto de Adonai” , como se autodenomina, disse saber português e inglês e ter a capacidade de ler o pensamento de todos. À juíza, promotora e defensor dativo negou ter feito “qualquer coisa contra as crianças”, disse que “quando Lúcifer bateu aqui nesse mundo não existem mais crianças, admitiu ter usado drogas nos últimos três dias e ir de “vez em quando” a um salão de terecô.
Segundo o depoente, os médicos “são psicopatas e homicidas”. “Lúcifer só levou a quarta parte do céu” e ele vai levar tudo. Afirmou ter ficado em uma clínica em São Luís, onde pulava o muro para ir buscar droga.
A tragédia de Igarapé Grande teve desdobramentos ruins. Lavrador, o pai do acusado abandonou a casa por medo. A creche e a escola das crianças recorreram a cadeados nos portões depois das advertências sinistras. As três ficam no bairro Mutirão. “Os pais não mais permitem que as crianças brinquem na rua, com medo de novos ataques”, diz a juíza.
FONTE: Jornal Pequeno
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Homem ameaça matar família e crianças em Igarapé Grande
abril 21, 2011
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