quinta-feira, 13 de maio de 2010

Turismo

Cidade aconchegante e com espírito boêmio

Simpática e hospitaleira, Conservatória — conhecida como ‘Pedacinho do Céu’ — fica num cantinho da serra fluminense, a 120 km do Rio de Janeiro, em Valença. Nos finais de semana, a seresta está em todos os lugares, espalhando alegria e encantamento, mantendo vivas as tradições e aquecendo os corações apaixonados.


Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
A tradição da seresta em Conservatória vem vem desde 1938, quando um grupo de violeiros apaixonados resolveu sair pela madrugada para cantar na janela de suas amadas. A cantoria agradou não só às moças como a vila inteira — e dura até hoje. Atualmente, os músicos vão parando de porta em porta, cantando as canções preferidas dos moradores, nas noites de sexta-feira e sábado, e nas manhãs de domingo.

Nos fins de semana, Conservatória deixa aquela calmaria típica do interior para acolher centenas de visitantes, que saem dali encantados com tanta poesia e arte. O amor à seresta é tanto, que um fato curioso pode ser observado na cidade: as casas em Conservatória são identificadas pelos carteiros não pelo número, mas por uma plaquinha com o nome de uma música. Quase todas são assim. Na Rua das Flores tem a Casa Chão de Estrelas ou a Casa Luar de Paquetá, Saudosa Maloca, Maringá, Iracema etc.

Durante o dia, faça um passeio de charrete para visitar a cidade e suas construções, como a estação de trem de 1883, a Igreja Matriz de Santo Antônio e os espaços culturais dedicados à música.

Mas nem só de seresta vive Conservatória. No Cinema Centímetro, a sessão única de sábado é concorrida e leva à tela musicais americanos dos anos 50 e 60. O espaço fica no quintal de um apaixonado por cinema e é uma réplica do antigo Cine Metro, com objetos originais como móveis, lustres, bilheteria e projetores. Um charme!
Conservatória também fica na região das antigas fazendas de café, que podem proporcionar uma verdadeira volta ao passado. Algumas são preservadas e ainda podem ser visitadas, como a Fazenda Florença, em estilo colonial, com area de lazer e hospedagem.

E,como umas comprinhas sempre fazem bem, vale circular pelo comércio e apreciar o artesanato típico da região, à base de papel kraft. Na feirinha da praça, que aconte aos sábados e domingos, é possível comprar peças de crochê, os licores caseiros e a deliciosa goiabada cascão.
UM POUCO DE HISTÓRIA

Durante o desenvolvimento da cidade de Conservatória, entre 1860 e 1880, a influência da corte portuguesa na Vila trouxe alguns professores de música para a região. Geralmente, as aulas eram de piano e violão, instrumentos que costumavam ser utilizados pela alta sociedade da época. Periodicamente, artistas chegavam à Vila para saraus e, em noites enluaradas, eles se reuniam na Praça da Matriz para fazer serenata aos fazendeiros, barões e seus familiares. O povo não podia participar, porém, observava à distância, aplaudindo muito.

O QUE FAZER E VER
GALERIA VILA ANTIGA. R. Oswald Fonseca. A Galeria Vila Antiga localiza-se ao lado do antigo Museu da Seresta e da Serenata. Tem um ambiente acolhedor e bucólico, com as fachadas de suas lojas todas em estilo colonial. Todo sábado, às 11h, há apresentação de chorinho, imperdível, e muito descontraída. O chefe do grupo (o flautista) dá uma ‘aula’ de chorinho, explicando como nasceram as principais músicas deste gênero.

MUSEU DA SERENATA E SERESTA. R. Oswaldo Fonseca 99. Este museu nasceu espontaneamente, a partir do amor dos habitantes da cidade pelas músicas dos tempos passados. Sua fachada revela algumas das músicas românticas que são cantadas pelos seresteiros de plantão. O lugar sobrevive do apoio dos idealistas e não reivindica nem aceita colaboração financeira, e nem compra nem vende nada. O maior objetivo desse espaço é a preservação da Música de Serenata. O museu está aberto todos os fins de semana e oferece, como não podia deixar de ser, serestas.
FAZENDA FLORENÇA. Estrada da Cachoeira 1300. Tel.: (14) 2721-2935. Visitação: R$ 20 (simples), R$ 25 (com chá) ou R$ 60 (com almoço). A atual sede da Fazenda Florença foi construída no século XIX, em 1852. O casarão foi todo projetado em U, com um pátio central, e sua construção foi feita de pedra e piso de peroba do campo. O interior da sede é decorado com móveis e objetos de época, encantando a todos os visitantes. A fazenda está aberta para visitação com agendamento prévio.
ASSISTIR A UMA SERENATA. Nas noites de sextas, sábados, domingos e vésperas de feriados, os seresteiros têm encontro marcado às 20h30 na Travessa Professora Geralda Fonseca. Depois vão caminhando pela cidade sem parar de cantar. Um programa gostoso e diferente de tudo o que você já viu. Imperdível.
MUSEU VICENTE CELESTINO E GILDA ABREU. R. Oswaldo Fonseca 63. Tel.: (24) 2438-1134. Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 23h; sábado, das 9h às 23h, e aos domingos, das 9h às 14h.
Conservatória é uma cidade onde a música popular brasileira é perpetuada, assim como os seus cantores e compositores. Não seria diferente com Vicente Celestino, dono da voz que ecoou por todos os cantos do Brasil. Gilda Abreu foi a segunda pessoa a dirigir cinema no País, além de ter escrito livros, ter sido cantora e também atriz.
Este acervo, com móveis pertencentes ao casal, roupas, violão, troféus e outros objetos, está localizado dentro da casa em estilo colonial que também pertenceu a eles. O museu foi inaugurado em 13 de março de 1999, em parceria com a Prefeitura de Valença e a Secretaria de Turismo e Cultura.
CACHOEIRA RONCO D’ ÁGUA. Estrada ligando Conservatória à Valença. É formada pelo Rio das Flores, em trecho de corredeiras. Possui três quedas, formando piscinas naturais. Suas águas são frias e bem escuras, com muitas pedras. Ao seu redor, o gramado é utilizado para camping, com infraestrutura de banheiros e lanchonete.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA. R. Pedro Gomes 8. O prédio da Estação Ferroviária foi construído no século XIX e já foi a estação ferroviária da cidade. Com a extinção do trem em 1961, a mesma foi transformada em rodoviária. Atualmente, o prédio ainda abriga o Destacamento de Policiamento Ostensivo, o telefone público e o Museu de Conservatória.
CINE CENTÍMETRO. R. José Ferreira Borges 205. Tel.: (21) 2438-1815. Uma deliciosa viagem no tempo. O cinema possui 57 lugares e ainda mantém as poltronas e lustres originais do antigo Metro Tijuca. Lá é possível assistir a clipes musicais da Metro e comer uma pipoquinha. É preciso agendar as visitas.
TÚNEL QUE CHORA. R. das Flores. Sua construção foi iniciada em 1880 e finalizada em 1883. Como em 1876 os cafezais estavam em seu auge e o único meio de transporte era feito no lombo de burros, houve a necessidade da construção de ferrovias. Assim, o túnel com 95 m de extensão foi construído sem revestimentos e com iluminação de lampiões. É interessante observar o trabalho nas rochas realizado pelos escravos. Anos depois, o túnel foi utilizado para a passagem da antiga Maria Fumaça. Além disso, existe uma fonte em seu interior que correm águas puras, chamada Fonte da Saudade. Diz a lenda: “Quem bebe dessa água jamais se esquece e sempre volta a Conservatória”. Mas preste atenção quem bebe:
1 copo — você voltará;
2 copos — você rejuvenescerá;
3 copos — você terá uma diarréia na certa, porque a água é ferruginosa e não aconselhamos beber demais.
CASA DE CULTURA. R. Monsenhor Paschoal Librelloto 307. Tel.: (24) 2438-1316. Este bonito e imponente sobrado é uma das fachadas mais belas da cidade. Oferece exposições permanentes e itinerantes de artesãos, esculturas, pinturas etc.
MUSEU SILVIO CALDAS, GILBERTO ALVES, GUILHERME DE BRITO E NELSON GONÇALVES. R. Dr. Luiz de Almeida Pinto 44. Horário de visitação: sextas-feiras, das 13h às 22h; sábados, das 10h às 23h; e domingos, das 10h às 16h. Construído há aproximadamente 10 anos, com o objetivo de reproduzir um sobrado do século XIX exatamente como era. Em seu interior, o acervo conta com documentos, fotos, objetos pessoais e discos dos artistas que dão o nome ao museu.
FONTE:O Dia

 

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