sábado, 23 de abril de 2011

Salve São Jorge no terreiro e no altar

Salve São Jorge no terreiro e no altar de Bacabal
 
As imagens de Ogum, do candomblé, e de São Jorge, do catolicismo e da umbanda
No dia 23 de abril a Igreja Católica reverencia São Jorge, um dos santos mais venerados por seus fiéis. Já na Umbanda esse dia é dedicado a Ogum, o Orixá Guerreiro. Mas muitos Candomblecistas com passagem pela Umbanda também festejam Ògún nesta data. Já os Candomblés tradicionais festejam Ògún (em yorubá, senhor da luta, senhor da guerra) no mês de Junho.
Ogum é o Senhor dos caminhos, patrono da agricultura do povo Yorubá, por isso aqui no Brasil este Orixá representa a luta pela sobrevivência. É o Orixá dono do ferro e de todos os utensílios feitos deste metal. Protege os maquinistas, motoristas, pilotos, engenheiros, mecânicos, lutadores de artes marciais, soldados e cirurgiões, já que o bisturi a ele pertence.
A cultura Yorubá usa sempre os ìtàn’s (mitos) para explicar a criação e o sentido das coisas do Òrun (céu, infinito) e do Àiyé (planeta terra). Em alguns ìtàn´s, Ògún aparece como filho de Odùdúwà e Yemojá; em outros, é filho de Òsàlá e Yemojá.
A coragem e o poder de realização dos filhos de Ògún são exemplificados pelo heroísmo deste Òrìsá no ìtàn a seguir:
“Quando Olódùmarè resolveu criar o mundo, incubiu a Òsàlá a tarefa da criação dos seres humanos. A Ògún coube levar a espada e um saco com terra preta. Depois de muito caminhar, Ògún resolveu descansar em cima de uma palmeira. Cobriu-se todo com folhas de màrìwò. Começou um forte temporal. Neste momento, Ògún abriu o saco e do alto da palmeira espalhou a terra preta que caiu em forma de uma bacia, transformando-se em uma lagoa. Do fundo da lagoa, surgiu Nàná. A partir daí, Ògún e Nàná criaram um reino com muitas casas e inúmeras plantações. O reino de Ògún cresceu em progresso e prosperidade, despertando muita inveja nos seus irmãos que tentaram trapaceá-lo para lhe tirar do poder. Mas, como Ògún foi alertado por Nàná, ele lutou com bravura empunhando sua espada, e derrotando seus irmãos e seguidores. Feito isso, reinou absoluto por muito tempo”.
Para os Yorubás o ensinamento desta história é que Òsàlá criou os seres humanos, mas foi Ògún quem os aprimorou com capacidade de luta e determinação, sendo este Òrìsà o defensor da ordem e honestidade.
No Brasil, Ògún foi sincretizado na Bahia por Santo Antonio; já no Rio de Janeiro, por São Jorge – “Santo Guerreiro, Cavaleiro que venceu o dragão”.
As cores de Ògún no Candomblé são o azul-marinho e o verde. Este Òrìsà assume outros nomes de acordo com suas funções ou atributos:
· Ògúnjà (Dono do baluwè de Òsàlà)
· Alágbède (Senhor do ferro)
· Alákàiyé (Senhor do mundo)
· Onírè (Senhor da cidade de Ìré-Nigéria)
· Wari (Senhor dos metais amarelos)
· Méjèjè (Senhor das sete partes de Ìré)
· Alákòró (Senhor da coroa)
· Sorókè (Guardião das casas Jejes)
· Olodè (O Dono da caça)
· Aláírin (Senhor de todos os metais)
Osìmolè (Líder dos Orixás)
Já na Umbanda veste-se de vermelho verde e branco e empunha uma espada como um guerreiro para defender seus filhos das demandas e protegê-los do fracasso. É comandante de uma falange que trabalha e protege atividades de consequências naturais.
Seus falangeiros de Umbanda mais conhecidos são:
· Ogum Matinada
· Ogum Rompe Mato
· Ogum das Matas
· Ogum 7 Espadas
· Ogum 7 Lanças
· Ogum Megê
· Ogum Dilê
· Ogum Iara
· Ogum 7 Cachoeiras
· Ogum Beira-Mar
· Ogum 7 Ondas.
No altar de São Jorge, as flores nas cores vermelhas e brancas assemelham-se às cores do Orixá na Umbanda. Fitas também nessas cores são facilmente encontradas nas portas das igrejas.
Neste dia, uma maravilhosa energia de fé paira no ar. São os tambores de Umbanda, os atabaques de Candomblé e as flores de São Jorge no Altar provando que Deus é um só.
Salve, São Jorge, no Terreiro e no Altar dos Bacabalenses!
Fonte: comunidade de terreiro do RJ

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