sábado, 27 de outubro de 2012

Encontrado mais um corpo que pode ser de guerrilheiro do Araguaia


  • Joel Silva/Folhapress
    Militar busca, em 2009, ossadas de guerrilheiros mortos durante a ditadura, em São Geraldo do Araguaia
    Militar busca, em 2009, ossadas de guerrilheiros mortos durante a ditadura, em São Geraldo do Araguaia
Chega a 25 o número de restos mortais de supostos guerrilheiros que estão sob investigação do Grupo de Trabalho Araguaia (GTA). O mais recente foi encontrado pelo grupo em um antigo cemitério de São Geraldo do Araguaia, no Pará. Suspeita-se que este seja mais um caso de assassinato cometido durante a ditadura militar (1964-1985).
Esta foi a quinta expedição feita pelo GTA, que iniciou os trabalhos em junho. Desta vez, o trabalho ficou concentrado em Xambioá, no Tocantins, e São Geraldo do Araguaia, cidades separadas pelo Rio Araguaia. De acordo com o Ministério da Defesa, as localidades eram foco da guerrilha que então ocorria na região do Bico do Papagaio, atual estado do Tocantins.

Esta foi a última expedição do ano. Recentemente, uma nova sentença judicial determinou a prorrogação dos trabalhos até 2013. Entre os profissionais que compõem a equipe há historiadores, sociólogos e antropólogos, o que, segundo o Ministério da Defesa, possibilita um trabalho com base em muita pesquisa e metodologias. Eles fazem as escavações, mas a manipulação de todos os restos mortais é feita exclusivamente por peritos. Basicamente, é um trabalho de reconhecimento, para identificar e devolver os corpos às famílias.A equipe de arqueologia desenvolveu um trabalho de prospecção em antigas bases militares de Xambioá e do Morro do Urutu, localizadas na Serra das Andorinhas, no Pará, onde, segundo fotografias, bibliografias e relatos, foram encontrados vestígios materiais que servirão de subsídios para saber como eram e funcionavam tais bases. Os trabalhos partem de relatos orais de pessoas que conheciam as matas da região, além de ex-soldados e parentes dos guerrilheiros.
Antes de o grupo ser instituído, as investigações eram feitas por parentes dos desparecidos e por outros órgãos. Em 2009, foi criado o GT Tocantins, integrado apenas pelo Ministério da Defesa. Posteriormente, o grupo passou a ser chamado GT Araguaia, incluindo em sua constituição o Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República.
Ao todo, 25 restos mortais já foram encontrados desde a década de 1990 na região. Os despojos foram levados para capital federal e encaminhados à Universidade de Brasília (UnB) para exames antropométricos – nos quais são feitas diversas medidas corporais para efeito de comparação com dados anteriores à morte – e, posteriormente, análises periciais. Dois corpos já foram identificados: os de Maria Lúcia Petit e de Bergson Gurjão.
Nas cinco expedições feitas em 2012, o GTA exumou oito restos mortais. Todos encontrados no Pará e no Tocantins. O grupo ressalta a importância da colaboração da população nas investigações sobre a guerrilha do Araguaia, por meio de um serviço de denúncias, o Disque 100. As ligações podem ser feitas gratuitamente a partir de telefone fixo ou celular.
FONTE: Pedro Peduzzi
Em Brasília, da Agência Brasil

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