sábado, 13 de outubro de 2012

Suposto profeta está solto, mas polícia monitora "arca" depois de achar veneno para matar rato

A Justiça do Piauí determinou a liberação do suposto profeta Luis Pereira dos Santos, 43, que estava custodiado pela Polícia Civil desde a tarde da última sexta-feira (12), depois que moradores do bairro Parque Universitário, localizado na periferia de Teresina, ameaçaram linchá-lo arremessando pedras. O homem, que estava detido há mais de 24 horas, foi solto por decisão judicial no início da noite deste sábado (13).
De acordo com informações da 23ª Delegacia de Polícia, para onde Santos foi transferido na manhã deste sábado, o suposto profeta saiu acompanhado de parentes. A polícia não soube informar o destino dele, mas acredita que ele deverá ficar na casa de alguém da família ou seguidor, uma vez que os imóveis – duas casas – dele estão interditados.
Santos havia anunciado um suposto apocalipse para ocorrer às 16 horas desta sexta-feira (12) e abrigava cerca de 120 pessoas nos dois imóveis, chamados de “arca”, onde o grupo vivia fazendo orações se preparando para o juízo final.
Antes do horário anunciado para o suposto apocalipse, policiais militares invadiram as “arcas” e levaram o suposto profeta para a Central de Flagrantes de Teresina devido às ameaças de linchamento feitas por moradores.
A polícia fez uma varredura nos imóveis e encontrou veneno para matar ratos e, agora, as casas estão sendo monitorados e interditadas – sem a permissão da entrada de ninguém.
A polícia investiga ainda a morte de dois idosos, que teriam falecido após ingerirem "medicação" fabricada por Santos à base de sangue de rato. A informação foi dada a polícia após depoimentos de pessoas ligadas a seguidores do suposto profeta.
Apesar da prisão do líder e de não ter ocorrido o apocalipse, seguidores do suposto profeta continuam em orações à espera do fim do mundo. Em depoimento à polícia, Santos afirmou que o fim do mundo não ocorreu porque “ele livrou as pessoas do juízo final.”
Na última quinta-feira (11), Santos foi levado à DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) para prestar esclarecimentos sobre a estada de 19 crianças e adolescentes que estavam na casa dele.
Segundo o chefe de investigação da DPCA, Joattan Gonçalves, o suposto profeta estava privando os menores de frequentar a escola. Os jovens foram levados pelo Conselho Tutelar para um abrigo de menores e devem ser matriculados em escolas da região em que residem.
Gonçalves informou que na próxima semana deverá concluir o inquérito contra Santos e ele deve ser indiciado por abandono intelectual, porque as crianças eram proibidas de frequentar a escola. O caso será entregue ao MP (Ministério Público Estadual).

O anúncio

Santos anunciou que “a besta fera” iria aparecer nesta sexta-feira (12) e iriam ser salvos os seguidores dele. Devido à suposta profecia, ele reuniu mais de cem pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Todos estavam confinados num imóvel localizado no Parque Universitário, sem ter contato com o mundo exterior.
Segundo relatos de testemunhas à polícia, há cerca de dois anos Santos disse que havia recebido a visita de um anjo que anunciou o fim do mundo para esta sexta-feira, e ele começou a espalhar a mensagem para os moradores do bairro. Seus seguidores se afastaram da família, largaram empregos e ainda foram induzidos a doar os bens que tinham. Eles vivem o tempo todo fazendo orações e se alimentam de doações que chegam à casa do suposto profeta.
A reportagem do UOL tentou conversar com o suposto profeta ou algum integrante do grupo, mas não obteve êxito.

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