domingo, 4 de setembro de 2011

Maior parte da área desmatada na Amazônia foi transformada em pasto

Cerca de 62,1% de toda a área desmatada da Amazônia foi transformada em pasto, especialmente para a criação de gado, e 4,9% são utilizadas para cultivos agrícolas, de acordo com estudo divulgado pelo governo nesta sexta-feira.
Por outro lado, 21% da floresta destruída foi tomada por uma vegetação secundária ou por espécies exóticas, o que pode significar um processo de reflorestamento da Amazônia. O estudo foi realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Foram coletadas imagens de satélite de 719.210 quilômetros quadrados de floresta, que tinham sido devastados até o ano de 2008. Pesquisadores também fizeram visitas a campo. A área devastada corresponde a 18% do total da floresta. De acordo com o estudo, 46,7% do terreno devastado é ocupado atualmente por pasto limpo, preparado para a criação de gado.
Já 15,4% de áreas com pastarias possuem gramados degradados ou abandonados. Apenas 0,5% das áreas devastados foram usadas para a construção de cidades, e 0,1% para atividades de mineração. Os pesquisadores tiveram dificuldades para precisar o uso de 6,3% da Amazônia destruída, devido à dificuldade de acesso e visualização dos satélites.
Para o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, o estudo mostrou que apesar de o Brasil contar com o maior rebanho e a maior produção de carnes do mundo, a produtividade pecuária da Amazônia é baixa. "O estudo mostra que a pecuária no Brasil ainda hoje é extensiva e precisa de políticas públicas para intensificar o uso da terra que foi roubada da natureza", afirmou Câmara em entrevista coletiva.
As terras utilizadas para a pecuária na Amazônia têm em média apenas uma cabeça de gado por hectare, e muitas vezes são abandonadas pela falta de produtividade. "É preciso aumentar a produtividade, menos de uma cabeça por hectare é algo inaceitável, é um desperdício substituir a floresta por algo que não dá retorno para o país", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Segundo Câmara, o estudo reforça a tese de que o desmatamento não trouxe desenvolvimento econômico para o Brasil, ao contrário do que afirmavam os defensores da prática. "Não fizemos da floresta o uso mais produtivo possível, que seria a agricultura (4,9%)", afirmou.
Izabella acrescentou que os dados enfraqueceram os argumentos daqueles que defendem a flexibilização do Código Florestal para permitir o aumento das áreas de cultivo no país. "Está provado que a agricultura anual, consolidada, não é a responsável pelo uso das terras desmatadas da Amazônia", disse.
"O Brasil não tem motivo para flexibilizar o desmatamento, não tem razão nenhuma para desmatar, já temos área suficiente para aumentarmos a produção" reforçou o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante.

Com informações da EFE

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