POR JOÃO RICARDO GONÇALVES- O Dia
Três dias após a série de atentados de 11 de setembro de
2001, o então presidente americano, George W. Bush, sobrevoou Nova York e
comparou a área do World Trade Center a “uma cicatriz gigante”.
Geralmente inábil com as palavras, o político daquela vez acabou
acertando. Dez anos depois, a ferida ainda incomoda emocionalmente,
politicamente, economicamente e até mesmo fisicamente gente do mundo
inteiro.
De hoje até o próximo domingo, 11 de setembro, O DIA publica série de matérias que buscam ajudar a entender por que aquele dia do ano de 2001 deixou tão profundas cicatrizes.
>> INFOGRÁFICO: 10 anos do 11 de setembro
A série de ataques com aviões sequestrados por homens da Al Qaeda, fundada por Osama bin Laden, matou cerca de 3 mil pessoas em Nova York, Washington e Pensilvânia. É impossível quantificar, entretanto, o número de pessoas ainda afetadas em diferentes níveis pelo maior ataque em solo americano desde Pearl Harbor, na Segunda Guerra Mundial.
Para constatar que as feridas estão bem abertas, basta olhar para uma foto do advogado americano Harry Waizer, hoje com 60 anos, que sofreu queimaduras graves ao fugir das Torres Gêmeas em chamas. Ele será para sempre obrigado a lembrar dos ataques, toda vez que se olhar no espelho.
As feridas também estão presentes na falta que o médico paulista Ivan Fairbanks Barbosa, 70 anos atualmente, sente ao lembrar do filho Ivan, colega de empresa de Waizer. O rapaz não conseguiu escapar vivo.
Dor semelhante sentem as milhares de pessoas que perderam alguém querido durante a caçada ao líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. E também nas polêmicas guerras, relacionadas a ela ou não, que se seguiram aos ataques.
As gerações mais jovens provavelmente não se dão conta, mas o impedimento de embarcar em voos com uma simples tesourinha de unha na bagagem de mão, ou a obrigação de tirar os sapatos e passar por escâneres corporais ao chegar nos EUA, também são consequências do 11 de Setembro.
Corpos e corações marcados pelo pior dia de todos os tempos
Mais de 400 mil nova-iorquinos tiveram algum nível de transtorno de estresse pós-traumático em consequência dos ataques, nos seis meses seguintes aos atentados, segundo o jornal britânico ‘The Guardian’. Um número menor carrega até hoje, além dos traumas, algum tipo de ferimento aparente. É o caso do advogado Harry Waizer, que saiu da Torre Norte com queimaduras sérias dos pés à cabeça — e até nos pulmões — antes de entrar em coma induzido por 7 semanas.
No último mês, ele quebrou o silêncio e deu uma rara entrevista ao jornal americano ‘New York Post’, contando sobre como escapou da morte. O advogado tributarista afirma que estava no elevador, chegando ao 104º andar, no momento em que o prédio foi atingido mais ou menos na altura de sua empresa. A corretora Cantor Fritzgerald perdeu 658 funcionários no ataque ao World Trade Center.
O elevador foi atingido por duas rajadas de fogo antes de descer ao 78º andar da torre. Mesmo com as queimaduras severas, ele desceu o resto do caminho pelas escadas, sendo ajudado apenas na metade do trajeto por um integrante de equipes de resgate. Só descobriu que tudo se tratou de um ataque terrorista ao despertar semanas depois, no hospital. “Perguntei pelos meus colegas para minha esposa, mas parei depois de falar duas dúzias de nomes e descobrir que todos estavam mortos. Hoje sei a sorte que tive e me sinto grato pela vida”, afirmou o advogado.
Um dos colegas de Waizer era justamente o administrador Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, então com 30 anos, um dos três brasileiros que constam na lista oficial de mortos do 11 de Setembro. Nos últimos 10 anos, seu pai, médico que tem o mesmo nome, sofreu para se acostumar com a ausência e com a falta até do corpo do filho, enterrado apenas numa cerimônia simbólica. “Morte sem enterro é um inferno”, costuma dizer. O médico diz que ainda lembra os momentos de “angústia e tristeza profundas” do instante em que viu as torres pegando fogo.
Hoje, Ivan se diz mudado, e vê o mundo da mesma maneira, por causa do 11 de Setembro. “Evidentemente a perda de um filho querido traz mudanças pessoais significativas. Após aquela data, o mundo ficou pior pela desconfiança entre as pessoas e paises. Ficamos mais embrutecidos pela banalização da violência e parece haver contribuído para a radicalização entre pessoas de política ou pensamentos diversos”, lamenta.
De hoje até o próximo domingo, 11 de setembro, O DIA publica série de matérias que buscam ajudar a entender por que aquele dia do ano de 2001 deixou tão profundas cicatrizes.
>> INFOGRÁFICO: 10 anos do 11 de setembro
A série de ataques com aviões sequestrados por homens da Al Qaeda, fundada por Osama bin Laden, matou cerca de 3 mil pessoas em Nova York, Washington e Pensilvânia. É impossível quantificar, entretanto, o número de pessoas ainda afetadas em diferentes níveis pelo maior ataque em solo americano desde Pearl Harbor, na Segunda Guerra Mundial.
Para constatar que as feridas estão bem abertas, basta olhar para uma foto do advogado americano Harry Waizer, hoje com 60 anos, que sofreu queimaduras graves ao fugir das Torres Gêmeas em chamas. Ele será para sempre obrigado a lembrar dos ataques, toda vez que se olhar no espelho.
As feridas também estão presentes na falta que o médico paulista Ivan Fairbanks Barbosa, 70 anos atualmente, sente ao lembrar do filho Ivan, colega de empresa de Waizer. O rapaz não conseguiu escapar vivo.
Dor semelhante sentem as milhares de pessoas que perderam alguém querido durante a caçada ao líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. E também nas polêmicas guerras, relacionadas a ela ou não, que se seguiram aos ataques.
As gerações mais jovens provavelmente não se dão conta, mas o impedimento de embarcar em voos com uma simples tesourinha de unha na bagagem de mão, ou a obrigação de tirar os sapatos e passar por escâneres corporais ao chegar nos EUA, também são consequências do 11 de Setembro.
Corpos e corações marcados pelo pior dia de todos os tempos
Mais de 400 mil nova-iorquinos tiveram algum nível de transtorno de estresse pós-traumático em consequência dos ataques, nos seis meses seguintes aos atentados, segundo o jornal britânico ‘The Guardian’. Um número menor carrega até hoje, além dos traumas, algum tipo de ferimento aparente. É o caso do advogado Harry Waizer, que saiu da Torre Norte com queimaduras sérias dos pés à cabeça — e até nos pulmões — antes de entrar em coma induzido por 7 semanas.
No último mês, ele quebrou o silêncio e deu uma rara entrevista ao jornal americano ‘New York Post’, contando sobre como escapou da morte. O advogado tributarista afirma que estava no elevador, chegando ao 104º andar, no momento em que o prédio foi atingido mais ou menos na altura de sua empresa. A corretora Cantor Fritzgerald perdeu 658 funcionários no ataque ao World Trade Center.
O elevador foi atingido por duas rajadas de fogo antes de descer ao 78º andar da torre. Mesmo com as queimaduras severas, ele desceu o resto do caminho pelas escadas, sendo ajudado apenas na metade do trajeto por um integrante de equipes de resgate. Só descobriu que tudo se tratou de um ataque terrorista ao despertar semanas depois, no hospital. “Perguntei pelos meus colegas para minha esposa, mas parei depois de falar duas dúzias de nomes e descobrir que todos estavam mortos. Hoje sei a sorte que tive e me sinto grato pela vida”, afirmou o advogado.
Um dos colegas de Waizer era justamente o administrador Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, então com 30 anos, um dos três brasileiros que constam na lista oficial de mortos do 11 de Setembro. Nos últimos 10 anos, seu pai, médico que tem o mesmo nome, sofreu para se acostumar com a ausência e com a falta até do corpo do filho, enterrado apenas numa cerimônia simbólica. “Morte sem enterro é um inferno”, costuma dizer. O médico diz que ainda lembra os momentos de “angústia e tristeza profundas” do instante em que viu as torres pegando fogo.
Hoje, Ivan se diz mudado, e vê o mundo da mesma maneira, por causa do 11 de Setembro. “Evidentemente a perda de um filho querido traz mudanças pessoais significativas. Após aquela data, o mundo ficou pior pela desconfiança entre as pessoas e paises. Ficamos mais embrutecidos pela banalização da violência e parece haver contribuído para a radicalização entre pessoas de política ou pensamentos diversos”, lamenta.
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