Entidade pertence a ex-cabos eleitorais de integrante da
cúpula do ministério
O Ministério do Esporte repassou nos últimos anos R$
9,4 milhões a uma organização não-governamental dirigida por dois
ex-cabos eleitorais de um integrante da cúpula da pasta, o secretário de
Esporte Educacional, Wadson Ribeiro.
Ribeiro é assessor direto
do ministro Orlando Silva, que nesta semana foi acusado por um policial
militar do Distrito Federal de desviar recursos do ministério para os
cofres do seu partido político, o PCdoB.
A entidade ligada a
Ribeiro, o Instituto Cidade, recebeu o dinheiro do ministério para
distribuir material esportivo a jovens carentes e executar outras
atividades em Juiz de Fora (MG).
A ONG é dirigida por dois
militantes do PC do B, José Augusto da Silva e Jefferson Monteiro, que
trabalharam para Ribeiro na campanha eleitoral do ano passado, quando
ele concorreu a uma vaga de deputado federal e não conseguiu se eleger.
Ribeiro prestigiou eventos públicos organizados pela entidade e
autorizou pessoalmente os convênios firmados com ela entre 2007 e 2010,
período em que ocupou o cargo de secretário-executivo do ministério. Ele
planeja se lançar candidato à Prefeitura de Juiz de Fora no próximo
ano.
A ONG existe desde 2003, começou a receber verbas do
Ministério do Esporte em 2006 e firmou seis convênios com o governo
desde então, entre eles quatro do programa Segundo Tempo, que repassa
recursos públicos para desenvolver atividades esportivas em áreas
carentes.
Os responsáveis pelo Instituto Cidade afirmam que todas
as atividades previstas em seus convênios com o governo foram
executadas. O ministério nega que o objetivo dos convênios seja
favorecer militantes partidários.
Gravações – A
crise no Ministério do Esporte teve início no fim de semana, quando a
revista Veja publicou uma entrevista com o acusador do ministro Orlando
Silva, o policial militar João Dias Ferreira.
Segundo Ferreira,
durante uma reunião realizada em 2008 na sede do ministério, o
secretário Wadson Ribeiro e outros assessores de Orlando Silva tentaram
impedi-lo de ir a público denunciar irregularidades no ministério.
O policial promete apresentar em breve gravações que teria feito na
reunião. O ministério confirma que o encontro ocorreu, mas diz que
Ribeiro não participou da conversa e nega que seu objetivo tenha sido o
apontado pelo policial.
Uma empresa ligada a Ribeiro também
recebeu dinheiro do Esporte recentemente, a Contra Regras, que funciona
em São Paulo e foi criada pelo atual chefe de gabinete do secretário no
ministério, Antônio Máximo.
A Contra Regras recebeu R$ 83 mil de
outra ONG contratada pelo ministério, a Via BR, que conseguiu R$ 772 mil
para organizar eventos. O fundador da Via BR é sócio de Máximo na
Contra Regras.
A ONG funcionou até maio numa casa de São Paulo
que também foi sede da produtora da atriz Ana Petta, mulher do ministro
Orlando Silva.
Em 2009, a mesma entidade que contratou a Contra
Regras foi autorizada pelo Ministério do Esporte a captar R$ 2 milhões
em patrocínios de empresas privadas para um evento esportivo em
Campinas, o berço político do ministro Orlando.
O evento,
batizado de Virada Esportiva, foi idealizado pelo cunhado de Orlando, o
secretário municipal do Esporte, Gustavo Petta. A Via BR conseguiu
captar R$ 500 mil para financiar a iniciativa.
Um dos dirigentes
da entidade, Adecir Fonseca, trabalha no gabinete do secretário Petta em
Campinas.
FONTE: Folha de S. Paulo
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