Daiane Souza/Fundação Palmares
Racismo, xenofobia e intolerância são
problemas comuns em todas as sociedades. Para tratar da questão a
Organização das Nações Unidas (ONU) torna pública a campanha Luta contra o racismo! que trata da percepção do racismo por meio dos estereótipos desenvolvidos nos círculos sociais.
Como instrumento de reflexão, a Organização desenvolveu o site www.un.org/en/letsfightracism
que tem por objetivo proporcionar ao público a compreenção de seu papel
no combate ao racismo. A campanha expõe os rostos de oito pessoas de
diferentes raças acompanhados da pergunta O que você vê?. Entre
as opções de respostas estão, além de profissões e situações sociais,
os estereótipos que tanto perseguem determinados grupos.
Por exemplo, as opções de resposta
associadas à foto de um garoto negro são modelo, estudante e líder de
gang. Em outra situação, um rapaz pode ser visto como um doutor, um
taxista ou um ativista humanitário, enquanto um homem da terceira idade
pode ser comparado a um fundamentalista, a um professor ou a um
refugiado.
Eloi Ferreira de Araujo, presidente da
Palmares, acredita na importância dessa campanha, que surge no Ano
Internacional dos Povos Afrodescendentes, o que reafirma o compromisso
na luta contra o racismo. “No Brasil, na semana em que comemoramos um
ano de vigência do Estatuto da Igualdade Racial, só temos que
parabenizar esta iniciativa, pois promover a reflexão por meio da
campanha é um importante passo, uma vez que torna os observadores
críticos de si próprios. A pessoa percebe que a visão que tem de outras
pessoas, é muitas vezes condicionada por estereótipos que as impedem de
ver além”, esclarece.
Preconceito velado –
Apesar de nem sempre ser admitido no Brasil, o racismo é comprovado
pelos estereótipos que vitimizam diariamente a negros e as minorias como
homossexuais, pessoas com necessidades especiais e estrangeiros.
Exemplos dessa realidade foram detectados recentemente em ferramentas de
comunicação como propagandas e até campanhas institucionais.
Na última semana dezenas de cartilhas
sobre segurança pública, produzidas pela Polícia Militar do Distrito
Federal foram recolhidas após um pedido do presidente da Câmara dos
Deputados, Marcos Maia. O material tinha na sessão Como agir em caso de assalto,
uma ilustração onde dois homens dotados de bonés e armas assaltavam a
um homem branco, trajando terno e com uma pasta executiva.
No mês de agosto, a empresa de cosméticos Nivea se desculpou com o público pela propaganda Re-Civilize Yourself.
A peça publicitária que foi veiculada apenas uma vez mostrava um homem
negro que, ao utilizar os produtos da marca, teria se tornado
civilizado. Nos Estados Unidos a propaganda gerou enorme polêmica, pois
além do teor da campanha, houve ainda o agravante da criação de uma peça
semelhante pela marca, porém com um homem branco e sem menção à sua
civilidade.
Em outra situação, a última campanha da
Caixa Econômica Federal foi duramente criticada por um erro grave. Em
vídeo comemorativo de seus 150 anos a instituição contou a história de
um famoso correntista, o escritor Machado de Assis, afrodescendente, que
nas imagens aparecia representado por um homem branco. Após protestos
do movimento negro a Caixa suspendeu a veiculação da campanha e em nota
oficial solicitou desculpas a população negra.
Combate ao racismo – A
fim de evitar distorções sobre as condições de vida das pessoas tendo
por condição a sua raça ou cultura, como aconteceu nos casos citados, a
ONU busca promover o debate quanto a questão da racialidade no
cotidiano. Segundo informações da campanha Luta contra o racismo!, a proposta é que a mobilização tenha início nas pequenas comunidades e cresça para a grande sociedade.
Orientar comunidades contra o racismo,
organizar grupos em defesa dos direitos das minorias e recrutar
voluntários para campanhas são algumas das sugestões da Organização para
a participação mundial no combate ao racismo. Para isso, ela oferece
também, por meio do site, material de apoio para campanhas virtuais,
acesso a livros escritos por autores de diversas raças e etnias, além de
biografias. No espaço, os visitantes podem ainda partilhar as
experiências que tiveram em suas lutas.
FONTE: Fundação Palmares
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