Por Joãozinho Ribeiro
Dava até pra pensar num trocadilho se não fosse trágico o momento; usar mão de um comparativo onde pudéssemos misturar política e futebol, na tentativa de encontrar explicações plausíveis para a eliminação da nossa seleção da copa e, ao mesmo tempo, classificar a situação do PT do Maranhão nas eleições de 2010. De comum o autoritarismo como prática consentida, banalizado pelos enganosos resultados antecipados das alianças espúrias.
Minha saudosa Amália gostava de insistir num provérbio que até os dias atuais reverbera, de quando em vez, na minha memória: “o desengano da vista é furar os olhos”. Dentro da sua modesta sabedoria, utilizava-o para convencer aos interlocutores intrépidos que insistiam em não levar em conta a clareza das tragédias que assim se anunciavam.
Futebol não casa com autoritarismo, e ritos que tolhem aquilo que temos de mais sublime no desempenho com a redonda - a criatividade, o engenho da raça, a arte do drible ou coisas do gênero - não podem ser coisa boa para serem adotados impunemente.
As jogadas democráticas hão de prevalecer sobre o jogo pesado dos campos autoritários, ainda que camuflados de majoritários, cambando para a burrice das unanimidades, que facilmente se arrebentam sob as primeiras ondas de descontentamento da justeza do coro dos inconformados.
A nudez do autoritarismo sempre nos revelará as outras faces das moedas que tilintam nas tenebrosas transações políticas, capazes de entabular negociatas com o próprio demônio, fazendo corar até as legiões de capirotos neófitos, diante da venda das almas dos Judas travestidos de dirigentes partidários.
Foi assim com a seleção, conforme os comentários abalizados de cronistas esportivos do mundo inteiro, acerca da saga do escrete canarinho, quedado diante de uma Holanda implacável, na manhã da última quinta-feira. As quatro linhas não comportaram o autoritarismo dunguista infantilizado, apesar da complacência acrítica inicial de vários “fazedores de opinião”, preocupados tão somente com o faturamento de suas respectivas empresas de comunicação.
No maranhão, não poderia ser diferente o resultado das peripécias perpetradas pelo “campo autoritário”, que negociou o corpo e a alma do PT com os demônios da oligarquia. Agora, caberá aos homens e mulheres de boa vontade do nosso infelicitado estado levar a cabo um exorcismo eleitoral para expulsar das entranhas da nossa vida política essa coisa ruim para as profundezas daquele lugar.
O mesmo remédio serve para a nossa seleção: promover o enterro definitivo da segunda era Dunga. Será preciso desarmar todas as jogadas que possibilitem que a partida seja ganha nos tribunais e não nas urnas, quer dizer, no campo, sem necessidade de convocação de atletas que o povo não escolheu para serem escalados como titulares.
No confronto direto do jogo eleitoral é que vamos ver quem tem roupa na fonte, apesar das regras estarem mais parecendo um samba amalucado, onde o crioulo é o único inocente por tantas doidices praticadas pelos brancos togados.
Sinto que os bons ventos da esperança começam a soprar sobre as nossas cabeças, anunciando, com certeza, um período de articulação de corações e mentes em busca de melhores dias para a população sofrida do nosso sofrido Maranhão. Cada coisa ao seu tempo, e a hora é de fazer prevalecer o alcance das asas da liberdade sobre todos os territórios das nossas identidades.
Como nas letras do hino: “A liberdade é o sol que nos dá vida”.
Joãozinho Ribeiro
poeta/compositor
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