segunda-feira, 12 de julho de 2010

Abuso sexual apoiado no fanatismo

Carolina Mello

Pastor Campos: justifica nio Espírito santo


O fanatismo parece ser o principal ingrediente da mais recente história de abuso de menores de idade em Pinheiro (a 101 km de distância de São Luís). Segundo a delegada regional do município, Laura Amélia Barbosa, os depoimentos dos fiéis colhidos durante o inquérito causam espanto. Os seguidores do “Pastor Campos” ou “Pai Campos” afirmam que a prisão do líder é uma provação divina, como a crucificação vivida por Jesus Cristo. E mais: que ele é o “Messias” porque realiza curas e milagres. “Para os fiéis ele é o próprio Deus”, disse Laura. José Pedro Campos Coelho, 60 anos, foi preso no último dia 7, por cometer violação sexual mediante fraude. Campos convenceu duas garotas de 15 e 16 anos a ter relações sexuais com ele para engravidar do “Espírito Santo”. As jovens estão no quarto e oitavo mês de gestação, respectivamente.
De acordo com a delegada, o fanatismo dos seguidores de Pai Campos chega à irracionalidade. Uma senhora disse à delegada que nenhuma prova vai mudar o que pensa. Nem se ela visse o pastor fazendo sexo com uma das meninas. A fé cega no líder da seita “Cidade do Bom Deus” leva os seguidores a crer em milagres. Em um dos casos narrados à delegada, uma idosa afirma que a neta foi ressuscitada por Campos. “Na verdade a garota desmaiou, mas em vez de ser levada ao hospital foi levada ao Pai Campos”, disse Laura. Como esta história, há muitas. Gente que viu o pastor curar doenças, transformar água em vinho, entre outras. O uso do discurso religioso tem revoltado os evangélicos do município. Um pastor da Assembleia de Deus disse que Campos tentou fazer parte da igreja assim que ele chegou à cidade. Se dizendo obreiro e pastor da igreja em São Luís, foi pego na mentira por não trazer a carta de membro da Assembleia.
De acordo com o inquérito, Campos é natural de São Bento e viveu em São Luís antes de chegar a Pinheiro, em 2001. Entretanto, uma fiel do município afirmou seguir seus ensinamentos há 17 anos. Em depoimento, Pai Campos disse ser vigilante da Receita Federal antes de largar tudo em prol do divino. Teria ainda um livro publicado sobre religião. Seguidores dizem que o líder já foi muito rico, dono de negócios e prédios inteiros na capital maranhense. Segundo a delegada, eles não suspeitam que as adolescentes grávidas assumiram ter feito sexo com o “religioso”. A medida foi tomada para que os pais das garotas, freqüentadores da seita que negam a denúncia, não ficassem contra as próprias filhas. O exame de DNA dos bebês está previsto para ser providenciado na semana que vem, segundo a delegada regional. Peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) deverão coletar o líquido amniótico das mães para realizar o exame. O teste será feito em um laboratório no Amapá.
FONTE: o IMPARCIAL

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