sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Flávio Dino cancela licitação suspeita de R$ 10 milhões

 
As suspeitas de fraudes com verbas do Turismo, que já resultaram na prisão de 37 pessoas, não se limitam ao jogo de cartas marcadas entre integrantes da cúpula do ministério e organizações não governamentais fajutas.
Diante do risco de um novo escândalo, o presidente da Embratur, Flávio Dino, decidiu na terça-feira cancelar, por suspeita de irregularidades, a licitação de R$ 10 milhões para escolher a empresa que se encarregaria da administração dos Escritórios Brasileiros de Turismo (EBTs) no exterior.
A disputa teria sido direcionada para favorecer a Interamerican Viagens e Turismo e a Promo Brasil Representação, as duas primeiras colocadas na concorrência.
A Interamerican tem entre os sócios a mulher e o sogro de José Zuquim, ideólogo petista para assuntos de turismo. A Promo pertence a Gisele Antunes Lima, também próxima de Eduardo Sanovikz, presidente do Anhembi Parque na administração da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. A gestão dos EBTs no exterior é um dos contratos mais cobiçados da Embratur.
Os dirigentes dos escritórios se tornam uma espécie de “diplomatas do turismo” brasileiro em vários países.
Flávio Dino cancelou a concorrência por recomendação da Comissão de Licitação. Oficialmente, a Embratur alega que decidiu refazer o processo porque a vencedora da disputa, a Interamerican, abriu mão de um dos dois contratos.
Isso prejudicaria o resultado final do programa. Mas dirigentes da própria instituição confidenciaram que o certame foi cancelado por suspeita de irregularidades. Ao abrir mão de um dos contratos, a Intermarican favoreceria a Promo. A concorrência teve início no fim do ano passado, ainda durante a gestão do ex-secretário-executivo do ministério Mário Moysés, um dos investigados na Operação Voucher.
A Embratur dividiu a concorrência em dois blocos. Na disputa pelo lote A, as empresas deveriam apresentar propostas sobre a administração dos EBTs na América do Norte e na do Sul. No lote B, estava em jogo o mercado da Europa.
Nos dois casos, as empresas deveriam apresentar projetos para divulgar pontos turísticos do Brasil no exterior e atrair visitantes ao país. A Interamerican ficou em primeiro lugar nas duas disputas. Mas, de forma surpreendente, desistiu do mercado europeu.
O pedido de renúncia ao segundo lote foi enviado à Comissão de Licitação no fim de julho, quando o processo já estava quase concluído. Com isso, a Embratur teria que entregar o contrato para a segunda colocada, a Promo. Mas integrantes da comissão desconfiaram da manobra e recomendaram a revogação de todo o processo, o que foi aceito por Flávio Dino.
Danielle Clouzet de Roman, uma das donas da Interamerican, disse não ver problema em abrir mão de um contrato: “A gente escolheu o objeto que mais nos interessava: a América do Norte e a do Sul”.
José Zuquim confirmou ligação com integrantes da cúpula do PT de São Paulo, mas disse que não teve qualquer ingerência nos negócios de Danielle. Gisele Lima também negou qualquer irregularidade. Segundo ela, a Promo ficou em segundo lugar e estava habilitada para tocar o programa do segundo lote porque tem profissionais competentes.
FONTE: O Globo

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