Um ano e dois meses após a maior cheia dos últimos 40 anos em Alagoas e Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff assina nesta terça-feira (30), em Cupira (a 168 km do Recife), a ordem de serviço para a construção das duas primeiras barragens que vão começar a proteger a população das cidades atingidas pelas cheias dos rios, na zona da mata e agreste dos dois Estados nordestinos.
Segundo o governo federal, as barragens devem proteger das cheias 18,5 mil pessoas, de um total de 300 mil afetadas no ano passado. Mas as obras que têm início hoje representam apenas uma parte inicial do complexo de 19 barragens que seriam necessárias, segundo os governos estaduais, para evitar tragédias como as de junho de 2010.
Alagoas, por exemplo, pediu a construção de 14 barragens –todas ainda estão no papel. Outra três barragens em Pernambuco, uma delas na área mais afetada no ano passado, ainda estão em fase final de projeto, sem edital de licitação lançado. Segundo a previsão inicial dos projetos, a população das áreas mais atingidas só deve contar com os benefícios das obras no inverno de 2014.
Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, o Estado tem como meta prioritária a construção de cinco barragens de contenção dos rios que transbordaram em 2010. A principal delas, a barragem Serra Azul, deve ser instalada no rio Una, em Palmares, mas ainda não tem data certa para início de construção. A obra deverá custar R$ 480 milhões, podendo segurar 380 milhões de m³ de água do rio, evitando assim que as cheias alcancem as três cidades mais afetadas em junho de 2010 e maio de 2011: Água Preta, Barreiros e Palmares.
O governo de Pernambuco informou ao UOL Notícias que os projetos das outras três barragens estão em fase final, e elas devem sair do papel em breve. Segundo informa o site do Ministério da Integração Nacional, as três obras tem previsão para início em novembro, e a previsão é que elas durem até dois anos. O investimento total das barragens pernambucanas será de R$ 640 milhões –R$ 320 milhões de cada um dos governos federal e estadual.
Em Alagoas, o processo ainda está em fase inicial. A Secretaria de Estado da Infraestrutura informou à reportagem que o projeto para construção de 14 barragens nos rios Mundaú e Paraíba e a dragagem da lagoa Mundaú, onde deságua o rio do mesmo nome, foi entregue ao Ministério da Integração Nacional no último dia 10, em Brasília.
Os projetos ainda estão em fase de análise pelo governo federal, sem anúncio de aprovação ou previsão para edital de licitação para as obras. O Estado pleiteia o pagamento integral das obras, que “são consideradas fundamentais para evitar novas enchentes”. Ainda segundo a secretaria, o Ministério da Integração Nacional teria garantido a liberação de recursos, sem valores definidos.
As novas barragens
A construção das duas barragens em Pernambuco, que começa nesta terça-feira, vai custar R$ 65 milhões. A barragem Panelas 2, no município de Cupira, terá capacidade para acumular 17 milhões de m³ e será erguida no rio Panelas, afluente do rio Una. A obra deve beneficiar mais de 13 mil pessoas dos municípios de Belém de Maria, Catende e Palmares.
Já a barragem dos Gatos vai beneficiar 5.500 pessoas dos mesmos municípios. O reservatório poderá absorver até 6,3 milhões de m³ e será construída no riacho dos Gatos.
Casas e enchentes de 2010
Até esta terça-feira, das 29,7 mil casas destruídas nos dois Estados em junho de 2010, apenas 139 residências foram entregues em Palmares e Barreiros, ambas em Pernambuco. Em Alagoas, a previsão é que as primeiras casas sejam entregues apenas em outubro.
As enchentes de 2010 afetaram mais de 300 mil pessoas nos dois Estados. Em Alagoas, 29 municípios foram atingidos, deixando 15 deles em estado de calamidade pública e quatro em situação de emergência. Segundo a Defesa Civil do Estado, 27 pessoas morreram, 27.757 ficaram desabrigadas e 44.504, desalojadas, além de 18.823 casas destruídas ou danificadas.
Já em Pernambuco, os alagamentos atingiram 68 municípios, deixando 11 deles em estado de calamidade pública e 30 em situação de emergência. Ao todo 14.136 casas foram destruídas ou danificadas. Vinte pessoas morreram, 26.966 ficaram desabrigadas e 55.643, desalojadas.
FONTE: Uol
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