No último dia 09/01, a comunidade autista recebeu a notícia trágica sobre uma mãe atípica de 63 anos de idade ter assassinado o seu filho autista de 27 anos de idade e ter tirado a própria vida no apartamento aonde moravam em Águas Claras-DF.
Na data já mencionada foi
recebida a triste notícia e que os corpos foram encontrados devido ao mau
cheiro que sentiram moradores do condomínio e terem chamado a polícia. Esta
chegando, adentrou o apartamento e observou que os corpos já estavam sem vida
há pelo menos uns 3 dias.
Comovente? Trágico?
Sensacionalista? Sabiam que a mãe atípica era acometida de depressão. Mas que
“aparentava” estar bem. Esteriótipo? Sim! Desumanidade? Sim! Por que não sentiram falta da mãe atípica e do seu
filho atípico? Em pleno Janeiro Branco qual o valor do ser humano? Quanta falta
faz um ser humano? Cadê a promoção do cuidado com as famílias atípicas? Responsabilidade
coletiva? Que nada! A mais pura hipocrisia!
A terrível tragédia envolvendo a
mãe atípica e o filho autista é consequência de uma série de fatores desumanos
e excludentes. Somando-se a invisibilidade do ser humano, o distanciamento de
famílias atípicas , o preconceito com as neurodivergências, o capacitismo em
todas as suas nuances, dentre outros.
Mesmo sendo um autista adulto com
transtornos comórbidos, por exemplo, a depressão, enfrentando gigantes
barreiras e as mais diversas exclusões, entendo que nem de longe é possível eu
“sentir” as sobrecargas e as dores das mães e famílias atípicas. Visto que, são
incomensuráveis e intransferíveis.
Equivocadamente, o autismo ainda
é romantizado sem levar em conta as suas especificidades. Cheio de “anjos”,
“especiais”, “exemplos de superação”, etc. Relegando as suas idiossincrasias e
limitações. Sem apoio e suporte adequado. Sem acompanhamento necessário. E
muitas vezes os direitos sendo negados, prejudicando a acessibilidade e a
inclusão. Causando ainda mais adoecimento. Desdobrando-se em justificativas
infundadas e hipocrisias.
Diante de toda essa situação, aproveito para citar parte de uma conversa que tive com o amigo, escritor, pai e tio atípico Evilásio Júnior: “Só quem está dentro da situação pode ter uma dimensão disso. Sei bem como é vida frente a uma sociedade que nega direitos básicos. A mãe atípica não se “matou” e nem “matou” o seu filho autista, não tirou a própria vida e nem assassinou. A sociedade os matou”.
Antonio David Filho da Silva Morais ( David Morais) : militante do movimento negro. Ativista neurodivergente .Burilador de palavras. Defensor dos Direitos Humanos. |
Artigo bem interessante, parabéns David
ResponderExcluirÉ verdade a sociedade os matou. Só sabe quem vive a dureza da incompreensão, dos grandes desafios e das incertezas. Meu coração se intristesse e me faz senti impotente, mas ao mesmo tempo que tenho este sentimento, uma força inexplicável me diz: Não desista nunca dessa causa!
ResponderExcluirÉ verdade a sociedade os matou. Só sabe quem vive a dureza da incompreensão, dos grandes desafios e das incertezas. Meu coração se intristesse e me faz senti impotente, mas ao mesmo tempo que tenho este sentimento, uma força inexplicável me diz: Não desista nunca dessa causa!
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