Hoje,
mergulharemos nas profundezas da
sociedade, onde a aporofobia, essa criatura insidiosa, tece suas teias
imperceptíveis de discriminação. Aporofobia, um termo nascido da junção das
palavras gregas "áporos" (pobreza) e "phóbos" (medo), não é
apenas o temor aos menos favorecidos financeiramente, mas sim uma repulsa
enraizada na exclusão social. O Neologismo criado pela filósofa espanhola Adela
Cortina, além de designar aversão aos pobres também é utilizado para explicar suas
implicações na democracia.
Nos meandros da aporofobia, os fundamentos são construídos
sobre o alicerce da desigualdade. É o medo da pobreza personificado, a rejeição
daqueles que estão à margem, lutando contra as correntes invisíveis da miséria.
As causas desse fenômeno multifacetado residem na fragilidade da empatia, na
falta de compreensão das realidades diversas que permeiam nossa existência difundindo
estereótipos negativos associando a
pobreza ao perigo.
A origem da aporofobia remonta a tempos imemoriais, quando
as sociedades começaram a diferenciar-se em estratos socioeconômicos. É
alimentada pelo desconhecido, pela ignorância acerca das lutas diárias dos
menos afortunados. A separação entre "nós" e "eles" cresce,
semeando as sementes da aporofobia em solo social já fértil para a intolerância
num país como o Brasil, construído pela mão de obra escravizada.
Exemplos de aporofobia surgem em diversas esferas da vida
cotidiana. É visível nas expressões de desdém ao mendigo que estende a mão, nas
portas fechadas aos desabrigados em noites frias. Ela se manifesta nos olhares
atravessados ao passar por aqueles que buscam um lugar ao sol em meio à
multidão. São gestos pequenos, mas permeados por uma grande barreira de
indiferença.
Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua em São
Paulo, costuma denunciar nas redes socias exemplos de aporofobia presente na arquitetura “antipobres”, comum nas
grandes cidades como “uso de grades, espetos de ferro, cacos de vidros” em
espaços púbicos para “evitar a presença e a permanência dos mais pobres,
prinipalmente pessoas em situação de rua’, além dessas barreias físicas e sociais
que nos dá uma “Sensação de segregação” ainda há lojas que orientam seus clientes a não ajudarem pessoas em
situação de rua.
Para combater a aporofobia, é imperativo construir pontes de
compreensão. A empatia deve ser cultivada como uma flor delicada que, uma vez
regada, floresce em cores vibrantes. Passam por procedimentos “ políticos e educativos” que sejam capazes de diminuir as desigualdades Educação é a luz
que dissipa as sombras do desconhecido. Conhecer as histórias por trás dos
rostos esquecidos é o primeiro passo para quebrar as correntes que aprisionam a
compaixão.
As consequências da aporofobia são a rejeição e a “exclusão
de pessoas pobres em espaços públicos e privados”. Os meios de comunicação precisam
parar de retratar os pobres de maneira negativa. Essa postura da mídia alimenta
um ciclo de desumanização que corrói os alicerces da sociedade, minando a
solidariedade que é essencial para um convívio saudável. As cicatrizes deixadas
pela exclusão são profundas, transformando-se em feridas abertas que sangram em
cada interação desigual.
Neste palco da vida, a aporofobia é uma peça macabra que, se
não desafiada, continuará a obscurecer a beleza da diversidade humana. Cabe a
cada um de nós assumir a responsabilidade de iluminar os recantos mais escuros
com a luz do entendimento e da aceitação. Só assim poderemos verdadeiramente
construir uma sociedade onde a pobreza não seja um estigma, mas uma chamada à
compaixão e à mudança. Que venham novas políticas públicas de combate à
pobreza.
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