Em Bacabal participei de um evento interessante, Era em um desses eventos sociais onde as almas se encontram, e as histórias se cruzam num mosaico de sentimentos. Apesar de ter um viés político, proporcionava ao povo acesso a serviços de saúde, educação, justiça, beleza e cultura. O tema da ação social era "Fome e Sede de Justiça", um chamado à reflexão sobre a busca por equidade e direitos fundamentais. No meio dessa manifestação social, deparei-me com uma cena peculiar que transcendeu os limites da arte tradicional e imortalizou a maternidade de uma maneira única e emocionante.
No centro das atenções, uma artista plástica destemida, munida de pincéis e tintas, dedicava-se a um ofício singular: pintar barrigas de mulheres grávidas. Não sei o nome da artista, mas momento como tornara-se uma verdadeira maga das cores e formas. Era como se cada traço carregasse consigo uma história, um sonho, uma esperança.
O processo era mais do que uma simples aplicação de tinta; era uma celebração da maternidade. As mulheres, ansiosas e curiosas, entregavam seus ventres ao talento dessa pintora destemida. No exato instante em que o pincel tocava a pele, uma metamorfose se iniciava. O ventre, outrora uma tela em branco, ganhava vida, cores e texturas que contavam a história daquele ser que se formava dentro.
As mães, muitas vezes, eram surpreendidas por lágrimas involuntárias, uma emoção que emergia do mais profundo de seus seres. Os olhares delas fixavam-se na pintura em andamento, uma criação que transcendia a estética para tocar a essência do que é ser mãe. Cada pincelada parecia ecoar uma sinfonia de amor e esperança, fazendo brotar sorrisos e suspiros entre as futuras mamães.
A extraordinária habilidade da pintora de barrigas conquista a atenção até dos mais ignorantes com relação as artes. a pintura parecia uma fotografia interna da barriga da mãe.
Os observadores, por sua vez, viam-se imersos em uma simbiose entre a arte e a maternidade. Os corações, antes estáticos, pulsavam em uníssono com a cadência dos traços da pintora. As expressões de quem assistia variavam entre o encantamento e a comoção, uma resposta visceral à magia que acontecia ali.
Era mais do que uma exposição de arte; era uma experiência compartilhada, uma celebração da vida que se desdobrava diante dos olhos de todos. A pintora das barrigas, com sua destreza e sensibilidade, conseguia capturar não apenas a forma física, mas também a essência da maternidade, eternizando aquele momento efêmero em cores vibrantes.
Pensei nas mães atípicas, mães em situação de ruas, mães do submundo das drogas e pensei sobretudo naquelas mulheres que querem ser mãe, mas não conseguem, enquanto outras desperdiçam oportunidades de serem boas mães. Neste caso a pintura seria abstrata com traços grosseiros e expressões berrantes.
No palco do "Fome e Sede de Justiça", as barrigas pintadas tornaram-se verdadeiras obras de arte, por que a vida assim o é, manifestações visuais de um amor que ultrapassava as barreiras da tela. E assim, em meio à efervescência do evento, a maternidade se revelou como uma das formas mais puras de justiça, onde o amor e a esperança são as tintas que transformam o mundo em uma galeria de emoções.
Professor, Jornalista e escritor da
Academia Bacabalense de Letras
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