terça-feira, 16 de janeiro de 2024

CRÔNICA DO DIA: Mães Atípicas

 

Mães Atípicas: A Força de Rosana

Rosana sempre soube que era uma mãe atípica. Primeiro um médico lhe deu um diagnóstico de bipolaridade para sua filha Raina. Ela sabia que não era isso,  pois conhecia bem esse comportamento. Depois de muito pesquisar, uma médica apenas observando o comportamento de Raina pelas câmeras da antessala de atendimento,  de cara falou:

_ Sua filha tem autismo...

Desde o momento em que recebeu o diagnóstico de autismo de sua filha, sua vida deu uma reviravolta. Ela se viu enfrentando desafios que nunca imaginou que teria que enfrentar. No entanto, Rosana não desistiu. Ela se tornou uma guerreira incansável na luta pelos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A jornada de Rosana não foi fácil. Desde cedo, ela percebeu que sua filha enfrentaria obstáculos significativos na escola. Ela se deparou com a falta de compreensão e inclusão por parte dos educadores. No entanto, Rosana se recusou a aceitar a situação. Ela se tornou uma voz ativa na comunidade escolar, educando professores sobre o autismo e exigindo os direitos de sua filha.

Os desafios não ficaram restritos à escola. Rosana também teve que lidar com dificuldades em seu casamento. O diagnóstico de autismo abalou a estrutura familiar, levando a conflitos e incertezas. No entanto, Rosana mostrou uma resiliência admirável. Ela buscou terapias familiares, participou de grupos de apoio e trabalhou incansavelmente para fortalecer os laços familiares. Ela nunca desistiu do amor e do bem-estar de sua filha.

As lágrimas de Rosana foram frequentes, mas ela também experimentou momentos de grande alegria e superação. Ela viu sua filha, aos poucos, começar a verbalizar e expressar suas emoções. Cada pequena conquista foi celebrada como uma vitória. Rosana aprendeu a valorizar cada passo dado por sua filha, independentemente de seu ritmo de desenvolvimento.

Um dos momen tos mais emocionantes de sua vida foi no aniversário de 15 anos da filha. Resolveu oferecer uma festa para ela, suas amigas e familiares. Raina estava deslumbrante em seu vestido vermelho, para uma pessoa que vive dentro do espectro autista, deu um show de superação ao ler um texto falando de si mesma para os convidados: 

"(...)  Em 2017, os médicos diagnosticaram que tenho transtorno do neurodesenvolvimento , chamado autismo, de nível 2, considerado moderado. Este transtorno consiste em prejuízos na comunicação, na interação social  associado a comportamentos e interesses restritos, repetitivos e estereotipados, mas um dos comportamentos com presença  marcante em mim, é a ecolalia, pois registro todas as conversas que está próxima de mim... pense numa confusão para mim e para quem está perto, este comportamento está ligado ao déficit de comunicação. (...)Digo a todos aqui presentes, não é fácil está aqui na fente expressando tudo isso, mas se faz necessário sempre exercitar o letramento da inclusão, pois a sociedade ainda está no processo de alfabetização de aceitar o diferente.(...)"

Por uma questão de estética literária, não cabe nesta crônica transcrever toda a fala de Raina no seu aniversário, mas posso afirmar que a  luta de Rosana não se restringe apenas à sua própria família. Ela se envolveu ativamente em organizações de apoio as pessoas com TEA, compartilhando sua experiência e oferecendo suporte a outras mães atípicas. Sua determinação e dedicação se tornaram uma inspiração para muitos, fortalecendo a comunidade e lutando por uma sociedade mais inclusiva.

Rosana não escolheu a travessia que está trilhando, mas abraçou-a com coragem e determinação. Ela é uma mãe atípica, uma guerreira incansável, que não desiste de lutar pelos direitos das pessoas com autismo. Sua história é um exemplo de força, esperança e amor incondicional. E na qualidade de escritor, por meio desta crônica, imortalizo o amor e dedicação de todas as mães que têm filhos dentro do espectro autista.

Quando olhamos para Rosana e sua filha, vemos a transformação que é possível quando se tem uma mãe que acredita e se dedica totalmente. Elas nos ensinam que o poder do amor e da perseverança pode superar qualquer obstáculo. Rosana continua sua peregrinação, lutando pela inclusão e criando um mundo mais acolhedor para todos. Sua vida é um lembrete poderoso de que todas as mães atípicas são verdadeiras heroínas, capazes de mover montanhas em nome de seus filhos.

Por José Casanova 

5 comentários:

  1. Minha querida cunhada Rosana é uma mulher admirável.

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  2. Lucia(in memória) e Raina é a grande razão da minha teimosia em lutar pela pessoa com Deficiência.

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  3. Obrigada, Zezinho, por ter tanta inspiração través da minha história com Raina

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  4. Rosana, um exemplo de mãe, educadora e inspiração... parabéns companheira mostra a outras mães a beleza de lutar por direitos para seus filhos.

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  5. Parabéns Rosana! mãe dedicada e amorosa. Deus abenço, e renove suas forças a cada dia🙏

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