quarta-feira, 5 de março de 2025

OS CANTOS DO RIO MEARIM


O rio Mearim que banha o estado do Maranhão, conhecido como rio do povo; o rio da gente navegar ou rio da caça, já não canta como antes. Suas águas, que um dia foram ricas em biodiversidade aquática, agora carregam o peso da poluição, contaminação e do descaso dos gestores ambientais.

As suas matas ciliares suprimidas e queimadas sussurram histórias de tempos em que as matas ripárias eram os cílios de seus olhos, os refúgios da fauna silvestre e sua própria proteção; tempos em que as aves e os peixes dançavam ao som dos cantos das correntezas.

Mas agora, o que resta? Um rio ferido, poluído e contaminado que segue seu curso sem promessa de renascimento que vem sofrendo constante problemas ambientais, relacionados a salinização das suas águas, o assoreamento do seu leito, o abandono de meandros, a supressão das suas matas de galerias, dentre outros. As margens do rio Mearim ardem em febre devido às agressões ambientais antropogênicas. A floresta , que um dia o acompanhou com sombra e canto, curva-se ao peso do desmatamento, do fogo e da ganância dos seres humanos. O chão racha, e o vento espalha o cheiro amargo da destruição e das queimadas de sua vegetação. O colapso ambiental não é um presságio distante; ele já está acontecendo, escrito nas águas turvas e nos olhos vazios das árvores caídas que antes protegiam as margens desse importante, imponente e majestoso Mearim.

O rio Mearim, teimoso, resiste e se regenera. Mesmo quando cortam suas veias, ele sangra e se refaz. Mas e nós seres humanos? Sem consciência ambiental e mudança, seremos apenas simples mortais apagados na linha do tempo. Precisamos aprender com as raízes das árvores que se entrelaçam no subsolo, com o rio que insiste em seguir seu curso natural, mesmo ferido, contaminado e poluído. Regenerar não é uma escolha; é um chamado.

Se quisermos um amanhã onde o rio Mearim volte a cantar, devemos ser como ele: resistir, proteger, renascer e regenerar. Pense nisso e seja sustentável!


José Carlos Aroucha.
Engº Florestal, Professor, Ambientalista, Cronista e Escritor.



                     Rio Mearim na cidade de Bacabal/MA







Um comentário:

  1. Até quando vai resistir? Eis a questão! as consequências pela sua morte eterna não tardará pela falta de conscientização, amor,respeito e cuidados. Acordaaaaa,bicho homem!

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