Brasília (AE) – Em meio a mais uma crise
política que pode levar à queda do sétimo ministro, a presidenta Dilma
Rousseff abandonou por alguns instantes a imagem de gerente durona, se
emocionou e chegou até a chorar ontem, durante anúncio de pacote de
ações para portadores de deficiência, em cerimônia no Palácio do
Planalto. O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa Com Deficiência prevê
uma série de ações para esse público, como reserva de 5% das vagas do
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
aquisição de 2,6 mil ônibus acessíveis para alunos com deficiência,
adequação arquitetônica de 42 mil escolas públicas e desoneração
tributária em impostos federais sobre produtos e equipamentos de
assistência.
Por instantes, Dilma Rousseff abandona a imagem de gerente durona e deixa aflorar as emoções.
O pacote, que prevê investimentos de R$
7,6 bilhões até 2014, era visto no Palácio do Planalto como “xodó” de
Dilma e da ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil). A elaboração das
estratégias mobilizou 15 pastas do governo, sob a coordenação da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O momento
ternura da presidenta ocorreu logo no início do discurso, ao se referir
às filhas do deputado Romário (PSB-RJ) e do senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), que têm Síndrome de Down.
“Queria dirigir um cumprimento especial, também, ao Romário e à
menina… às duas menininhas que aqui tivemos uma cena, assim, maravilhosa
e enternecedora: a filha do Romário carregando a filha do Lindbergh.
Queria cumprimentar as duas”, discursou Dilma. “Eu acredito que, em
alguns momentos, a gente considera que eles são muito especiais, e aí,
queria dizer que hoje este é um momento em que vale a pena ser
presidente”, continuou, com a voz embargada e limpando os olhos.
Dilma foi aplaudida e depois aclamada ao coro de
“Olê-olê-olê-olá-Dilma-Dilma” pela plateia – uma cena que espantou a
frieza típica dos seus eventos e lembrou até as aclamações populares dos
tempos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Logo depois, no
entanto, a presidenta foi interrompida por uma mulher. “Assina a lei do
autista (projeto de lei que institui a política nacional de proteção dos
direitos da pessoa autista), pelo amor de Deus! Um pouco mais pelo
autista, pelo amor de Deus”, disse. Após a pausa, Dilma continuou o
discurso, sem responder à mulher.
Dilma já havia se emocionado em abril, quando prestou homenagem “a
estes brasileirinhos que foram retirados tão cedo da vida”, ao comentar o
episódio em que um atirador matou estudantes de uma escola em Realengo,
no Rio de Janeiro. No encerramento da cerimônia de ontem, a presidenta
saiu do salão nobre, evitou a imprensa, não quis responder a jornalistas
sobre a situação do ministro Carlos Lupi (Trabalho) e voltou ao
trabalho. A gerentona já estava de volta.
ASCOM PLANALTO
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