Por Augusto Nunes
Divulgado no fim da quermesse dos companheiros sem remorso, promovida
há uma semana em Brasília, o documento com as conclusões do encontro da
companheirada resume o que deve ser feito com os meios de comunicação
nesta sopa de letras reproduzida em itálico:
“O 4º Congresso Nacional do PT convoca o partido e a sociedade na
luta pela democratização da comunicação no Brasil, enfatizando a
importância de um novo marco regulatório para as comunicações no País,
que, assegurando de modo intransigente a liberdade de expressão e de
imprensa, enfrente questões como o controle de meios por monopólios, a
propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei de Imprensa, a
dificuldade para o direito de resposta, a regulamentação dos artigos da
Constituição que tratam do assunto, a importância de um setor público de
comunicação e das rádios e televisões comunitárias. A democratização da
mídia é parte essencial da luta democrática em nossa terra”.
Com um só parágrafo, os redatores do PT ergueram um monumento ao
duplipensar, criado por George Orwell no livro 1984. Censura é
“democratização”, submissão ao governo é “marco regulatório”, controle
estatal é “liberdade de expressão”, pensamento único é “luta
democrática”. Até as velhas máquinas de escrever sabem que o sonho dos
devotos de Lula é subjugar a imprensa independente. O resto é conversa
fiada.
Se fosse para valer, o combate aos cardeais das comunicações que
enriquecem enganando leitores, telespectadores e ouvintes começaria pela
Famiglia Sarney. No momento, o patrimônio do clã que explora há 50 anos
a capitania hereditária inclui o jornal O Estado do Maranhão, a TV
Mirante, a TV Difusora, um punhado de sites e dez emissoras de rádio.
Caso se animasse a enquadrar o velho parceiro, o PT teria de consultar
os humores do chefe. Como informa o vídeo abaixo, Lula pode enxergar em
José e Roseana Sarney tanto uma dupla de vigaristas impunes quanto dois
patriotas admiráveis. Depende das conveniências eleitorais.
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