domingo, 11 de setembro de 2011

Se quisesse ‘democratizar a mídia’, o PT teria de começar o serviço pelo Maranhão

Por Augusto Nunes

Divulgado no fim da quermesse dos companheiros sem remorso, promovida há uma semana em Brasília, o documento com as conclusões do encontro da companheirada resume o que deve ser feito com os meios de comunicação nesta sopa de letras reproduzida em itálico:
“O 4º Congresso Nacional do PT convoca o partido e a sociedade na luta pela democratização da comunicação no Brasil, enfatizando a importância de um novo marco regulatório para as comunicações no País, que, assegurando de modo intransigente a liberdade de expressão e de imprensa, enfrente questões como o controle de meios por monopólios, a propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei de Imprensa, a dificuldade para o direito de resposta, a regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto, a importância de um setor público de comunicação e das rádios e televisões comunitárias. A democratização da mídia é parte essencial da luta democrática em nossa terra”.
Com um só parágrafo, os redatores do PT ergueram um monumento ao duplipensar, criado por George Orwell no livro 1984. Censura é “democratização”, submissão ao governo é “marco regulatório”, controle estatal é “liberdade de expressão”, pensamento único é “luta democrática”. Até as velhas máquinas de escrever sabem que o sonho dos devotos de Lula é subjugar a imprensa independente. O resto é conversa fiada.
Se fosse para valer, o combate aos cardeais das comunicações que enriquecem enganando leitores, telespectadores e ouvintes começaria pela Famiglia Sarney. No momento, o patrimônio do clã que explora há 50 anos a capitania hereditária inclui  o jornal O Estado do Maranhão, a TV Mirante, a TV Difusora, um punhado de sites e dez emissoras de rádio. Caso se animasse a enquadrar o velho parceiro, o PT teria de consultar os humores do chefe. Como informa o vídeo abaixo, Lula pode enxergar em José e Roseana Sarney tanto uma dupla de vigaristas impunes quanto dois patriotas admiráveis. Depende das conveniências eleitorais.

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