Uma conversa entre os traficantes Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, exibida no programa Fantástico da noite de ontem (11), caiu como uma bomba no meio do Judiciário maranhense.
De acordo com reportagem, separados por um vidro e usando telefones, os traficantes conversaram sobre uma tentativa de transferência de Marcinho VP – e outro bandido de alta periculosidade e que pertence à mesma facção criminosa – para o Estado, sob influência de um desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão. ‘… eu tenho fortíssimo lá, um desembargador que era amigo do Tular…’, revelou Beira-Mar.
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, durante julgamento no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O criminoso é acusado de ter planejado e ordenado dois homicídios e uma tentativa de homicídio de dentro do presídio de Bangu 1, onde cumpria pena na época do crime, em 27 de julho de 2002. Foto: André Lobo / UOL / Folhapress
O Atual7 cruzou as informações e apurou que o desembargador pode se tratar, na verdade, de Luiz Almeida Teles, já aposentado pelo TJ/MA, e contratado por Beira-Mar devido à sua suposta influência nos tribunais superiores.
Ele foi o quinto advogado a assumir a defesa do traficante, condenado a 80 anos de prisão por ter ordenado o assassinato de três pessoas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 2002.
O reportagem apurou ainda que, assim que assumiu o caso, Almeida Teles, com um escritório em Brasília, tentou agilizar, por mandado de segurança, o julgamento de Beira-Mar pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). A ideia era que o traficante voltasse para o Rio de Janeiro, e aguardasse pelo julgamento lá.
‘A Lei das Execuções Penais é bem clara. O condenado tem de cumprir a pena no local onde praticou o delito. Por isso, acredito que o meu cliente tem chance de voltar logo para o Rio’, disse, na época, o desembargador aposentado do TJ/MA, contratado por honorários iniciais que beiravam a casa dos R$ 100 mil.
Perguntado por uma revista sobre como se sentia, sendo um desembargador aposentado, trabalhando para o traficante mais temido do país, Luiz Almeida Teles chegou a se comparar à Heráclito Fontoura Sobral Pinto, famoso jurista brasileiro, defensor dos direitos humanos, especialmente durante a ditadura do Estado Novo e a ditadura militar instaurada em 1964.
‘Quero deixar claro que não sou advogado mercenário, que trabalha apenas por muito dinheiro. Sou da linha de Sobral Pinto’, disse.
Com informações do Atual7
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