segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Estudo mostra que semelhanças geram mais atração sexual

FONTE: RICARDO BONALUME NETO

O velho clichê de que os opostos se atraem pode estar com os dias contados. Experimentos feitos por dois psicólogos nos EUA revelaram que as pessoas são atraídas por quem se parece com elas e, algo um tanto perturbador, pelos próprios pais.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores fizeram grupos de estudantes de psicologia avaliarem o grau de atração de vários rostos apresentados no computador.

O resultado mostra que é cedo para dar por encerrado o debate sobre os mecanismos biológicos que evitam o incesto, afirmam Robert Chris Fraley, da Universidade de Illinois, e Michael J. Marks, da Universidade Estadual do Novo México.

Mas será que os resultados não seriam explicáveis pelo fato de os alunos estarem obviamente mais familiarizados com seus próprios rostos, ou dos seus pais e mães?

“Improvável. Não há motivo para achar que as pessoas no grupo-controle seriam menos familiarizadas com seus rostos do que pessoas na condição experimental”, disse Fraley.

Nem todos estão contentes com o rosto que têm, e isso pode ter influenciado. Há também quem se acha espetacularmente belo. “Seria interessante determinar, em uma pesquisa futura, se sentimentos de auto- amor e auto-ódio moderam os efeitos que relatamos”, admite Fraley.

Segundo ele, o grupo de estudantes era típico. “Não eram mais ou menos atraentes do que outros americanos da mesma faixa etária”, diz.

A maioria era branca, mas não haveria problema em combinar rostos de raças diferentes para esse experimento. “Nosso maior desafio, por pouco interessante que possa parecer, foi lidar com pelos faciais, que a gente tirava das imagens com o photoshop”, diz Fraley.

Os resultados dão novo alento ao clássico conceito do complexo de Édipo da psicologia freudiana, segundo o qual o filho teria atração pela mãe e aversão pelo pai.

A aversão que pai e filha, mãe e filho teriam em fazer sexo entre si resultaria de mecanismos inconscientes que avaliaram grau de parentesco, como resultado da evolução biológica, segundo as teorias mais aceitas.

Fraley e Marks argumentam agora com uma perspectiva alternativa: a de que evitar o incesto surge de tabus reconhecidos e que, se a percepção do parentesco é posta de lado, as pessoas acham mais atraentes pessoas que lembram seus pais.

O primeiro experimento incluiu a apresentação subliminar de uma foto do pai, para as moças, e da mãe, no caso dos rapazes. O segundo foi feito com imagens modificadas que incluíam partes do próprio rosto do estudante.

O debate científico sobre incesto tem mais de um século, desde que em 1891 o sociólogo finlandês Edward Westermarck publicou seu livro sobre o casamento. Para ele, o tabu existe porque filhos de uma ligação incestuosa têm maior mortalidade, o que teria feito a seleção natural darwiniana favorecer mecanismos psicológicos que fariam as pessoas terem aversão sexual a parentes.

O austríaco Sigmund Freud, em 1913, afirmou que as pessoas evitam o incesto não por conta desses supostos mecanismos inconscientes, mas porque as sociedades criam proibições.

“Mais provocativamente, Freud argumentou que não haveria necessidade de tabus contra incesto a não ser que existissem desejos incestuosos a serem reprimidos”, escreveram Fraley e Marks, na revista “Personality and Social Psychology Bulletin”.

Em um dos três experimentos, a semelhança familiar nas faces exibidas era constante, mas os participantes eram informados, falsamente, que seu próprio rosto estava incluído ali. Já um grupo-controle não era informado sobre isso.

“Esse procedimento nos permitiu variar a ativação dos tabus culturais que podem regular o desejo sexual”, afirmam os autores.

De acordo com a perspectiva de Westermarck e seus seguidores modernos, os dois grupos deveriam ter resultados semelhantes, já que o mecanismo de evitar incesto seria inconsciente.

Já para os autores, o conhecimento consciente de que os rostos estão geneticamente aparentados deveria despertar aversão sexual, mesmo que isso seja falso.

Os estudantes achavam menos atraentes o rosto se suspeitavam de parentesco, mesmo quando não havia.

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