segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Fidel Castro reaparece em público para votar


 (REUTERS/AIN FOTO/Marcelino Vazquez)

Cuba completou neste domingo o trâmite de suas singulares eleições, sem partidos de oposição, para renovar o Parlamento que previsivelmente ratificará dentro de algumas semanas Raúl Castro para um segundo mandato presidencial de cinco anos.

Com normalidade, sem surpresas e com clima invernal em parte da ilha, os cubanos foram às urnas paraescolher os 612 candidatos que ocuparão as cadeiras da nova Assembleia Nacional, em eleições que para o Governo são um ato de reafirmação revolucionária e que a dissidência tacha como "farsa".

Nesta jornada também será formalizada a designição dos 1.269 delegados que integrarão as 15 assembleias provinciais do país.

Os quase 30 mil colégios eleitorais instalados em todo o país abriram às 7h local (10h, horário de Brasília) e o fechamento está previsto para às 18h local (21h, horário de Brasília).

Durante a votação, vários membros do Governo avaliaram as eleições do único regime comunista da América como um exercício de soberania e democracia participativa.

"É um exercício soberano em defesa da revolução e de nosso socialismo. Muitas vezes nos criticam questionando se nosso sistema eleitoral é democrático ou não. Os argumentos sobram e a democracia não pode ser medida só pelo ato eleitoral", disse Miguel Díaz-Canel, vice-presidente do Conselho de Ministros.

Por sua parte, o chanceler da ilha, Bruno Rodríguez, afirmou que o sistema eleitoral cubano é "exemplo de participação, convicção e civismo" e, embora seja diferente de outros países, é "muito mais democrático".

Em contraste, vários membros da dissidência interna qualificaram estas eleições cubanas de "grande farsa e teatro".

"Em Cuba não há eleições, não é possível optar por diferentes alternativas ou programas. É semelhante aos pleitos que aconteciam no bloco soviético e na Coreia do Norte. Não se pode comparar com as eleições do resto de países da América, nem sequer com a Venezuela", apontou a opositora Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.


Segundo as dissidentes Damas de Branco, "isto é mais do mesmo. As chamadas eleições são apenas uma grande farsa", disse Berta Soler, porta-voz do grupo feminino que como todos os domingos, hoje realizou sua habitual passeata pacífica em Havana em favor da liberdade de presos políticos e pelos direitos humanos.

A votação de hoje encerra o processo que começou em novembro com a designação de delegados municipais (vereadores) e abrirá dentro de algumas semanas uma nova legislatura quando o Parlamento for constituído, que reelegerá Raúl Castro como presidente do país.

Desse modo, o general Castro, de 81 anos, iniciará um segundo mandato presidencial que poderia ser o último se o presidente cumprir sua promessa de limitar os cargos políticos do país a um máximo de dez anos consecutivos.

Raúl Castro foi designado formalmente presidente de Cuba em fevereiro de 2008, dois anos após assumir provisoriamente a direção do país quando seu irmão Fidel, o líder da Revolução cubana, alegou por uma grave doença.

Fidel Castro, de 86 anos, continua fora do poder, embora como é tradicional também aparece como candidato a deputado nacional nestas eleições.

A data para instalar a nova Assembleia Nacional cubana será convocada oficialmente nos próximos dias apesar do chanceler cubano, Bruno Rodríguez, adiantar na televisão estatal que acontecerá em 24 de fevereiro.

Uma das novidades será a ausência do presidente do Parlamento, já que Ricardo Alarcón, de 75 anos, desde 1993 no posto e um histórico do regime cubano, não foi incluído como candidato a deputado.

De acordo com dados oficiais, a Assembleia cubana será renovada em 67% após as eleições realizadas hoje.

78,43% dos candidatos a deputados nasceram depois do triunfo da revolução, em 1959, e a média de idade dos aspirantes é de 48 anos.

Uma das caras novas de Parlamento cubano será Mariela Castro, filha de Raúl Castro e diretora do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex) desde onde promoveu a defesa dos direitos dos homossexuais.

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