segunda-feira, 4 de março de 2024

CRÔNICA DO DIA: São Sebastião dos Pretos

 

Na Terra da Bacaba, escondido da pressa do mundo moderno, está São Sebastião dos Pretos, um tesouro vivo da resistência afro-brasileira. Este quilombo, onde a história, a cultura e a religião são guardiãs de uma memória valiosa, é palco de uma história que se mescla entre o passado e o presente, entre a luta e a esperança. O quilombo de difícil acesso, está cercado de latifúndio, uma ilha social de mulheres e homens negros que querem conquistar uma vida melhor, mas sem perder a identidade.

Na comunidade de São Sebastião dos Pretos, o tempo parece ter um ritmo próprio, marcado pela ancestralidade e pela tradição presentes em cada esquina de terra batida. Aqui, o Museu da Comunidade é mais do que um lugar de memórias empoeiradas; é um santuário de resistência, onde cada objeto conta uma história de luta e perseverança.

No Museu de São Sebastião dos Pretos o leitor pode encontrar correntes do período escravagista, panelas gigantes centenárias, elementos da cultura negra preservadas pela comunidade, numa tentativa de fortalecer e preservar sua história. O “Divino Espírito Santo” é uma das manifestações religiosas que registe na comunidade, em noite de Lua cheia rufam os tambores do bumba-meu-boi sotaque de Zabumba do Mestre Gildásio. Em datas previamente planejadas, os tambores ecoam para os orixás em manifestação religiosa com o pé na senzala e com forte matriz africana.

Nesse contexto, surge o futebol como uma metáfora da vida cotidiana dos quilombolas. O esporte pode ser amador, mas as jogadas são profissionais. A participação na copa rural de futebol não é apenas uma competição esportiva; é a afirmação de uma identidade, é a celebração de uma comunidade que se mantém unida apesar dos desafios.

A chegada à final do campeonato contra o time de Mata Fome é mais do que um jogo; é um confronto entre dois mundos, entre duas realidades. Se, por um lado, Mata Fome representa a carência e a luta pela sobrevivência, São Sebastião dos Pretos simboliza a resistência e a busca por um futuro melhor. Mata Fome, luta para matar a fome de oportunidade, educação e cultura.

Enquanto Mata Fome luta para driblar a escassez, São Sebastião dos Pretos luta para preservar suas raízes, sua história e sua cultura. O futebol, nesse contexto, não é apenas um jogo; é uma ponte para o futuro, uma maneira de mostrar ao mundo que, apesar das adversidades, o espírito de São Sebastião dos Pretos continua vivo e forte. Para as comunidades rurais, o futebol não é apenas uma paixão nacional, mas uma esperança ,talvez um  portal para uma vida melhor

Na final da copa rural, o campo Merecão , onde um dia jogou Garrincha, se transforma em um palco de emoções e esperanças. O tempo regulamentar não o bastante para o duelo, a decisão foi para os pênaltis.  A cada chute, a cada defesa, a cada gol, São Sebastião dos Pretos e Mata Fome mostram que, apesar das diferenças, são iguais na essência: são comunidades que lutam por um lugar ao sol, que buscam reconhecimento e dignidade.

Ao apito final, São Sebastião dos Pretos não conquistou o título, mas o que importa é que a mensagem foi transmitida: a história, a cultura e a religião de um povo não podem ser apagadas, e o futebol, mais do que um esporte, mais do que uma paixão, mais de um elemento da superestrutura de poder do sistema  capitalista,  pode ser uma ferramenta poderosa na luta por um futuro melhor.

  

Na Terra da Bacaba, escondido da pressa do mundo moderno, está São Sebastião dos Pretos, um tesouro vivo da resistência afro-brasileira. Este quilombo, onde a história, a cultura e a religião são guardiãs de uma memória valiosa, é palco de uma história que se mescla entre o passado e o presente, entre a luta e a esperança. O quilombo de difícil acesso, está cercado de latifúndio, uma ilha social de mulheres e homens negros que querem conquistar uma vida melhor, mas sem perder a identidade.

Na comunidade de São Sebastião dos Pretos, o tempo parece ter um ritmo próprio, marcado pela ancestralidade e pela tradição presentes em cada esquina de terra batida. Aqui, o Museu da Comunidade é mais do que um lugar de memórias empoeiradas; é um santuário de resistência, onde cada objeto conta uma história de luta e perseverança.

No Museu de São Sebastião dos Pretos o leitor pode encontrar correntes do período escravagista, panelas gigantes centenárias, elementos da cultura negra preservadas pela comunidade, numa tentativa de fortalecer e preservar sua história. O “Divino Espírito Santo” é uma das manifestações religiosas que registe na comunidade, em noite de Lua cheia rufam os tambores do bumba-meu-boi sotaque de Zabumba do Mestre Gildásio. Em datas previamente planejadas, os tambores ecoam para os orixás em manifestação religiosa com o pé na senzala e com forte matriz africana.

Nesse contexto, surge o futebol como uma metáfora da vida cotidiana dos quilombolas. O esporte pode ser amador, mas as jogadas são profissionais. A participação na copa rural de futebol não é apenas uma competição esportiva; é a afirmação de uma identidade, é a celebração de uma comunidade que se mantém unida apesar dos desafios.

A chegada à final do campeonato contra o time de Mata Fome é mais do que um jogo; é um confronto entre dois mundos, entre duas realidades. Se, por um lado, Mata Fome representa a carência e a luta pela sobrevivência, São Sebastião dos Pretos simboliza a resistência e a busca por um futuro melhor. Mata Fome, luta para matar a fome de oportunidade, educação e cultura.

Enquanto Mata Fome luta para driblar a escassez, São Sebastião dos Pretos luta para preservar suas raízes, sua história e sua cultura. O futebol, nesse contexto, não é apenas um jogo; é uma ponte para o futuro, uma maneira de mostrar ao mundo que, apesar das adversidades, o espírito de São Sebastião dos Pretos continua vivo e forte. Para as comunidades rurais, o futebol não é apenas uma paixão nacional, mas uma esperança ,talvez um  portal para uma vida melhor

Na final da copa rural, o campo Merecão , onde um dia jogou Garrincha, se transforma em um palco de emoções e esperanças. O tempo regulamentar não o bastante para o duelo, a decisão foi para os pênaltis.  A cada chute, a cada defesa, a cada gol, São Sebastião dos Pretos e Mata Fome mostram que, apesar das diferenças, são iguais na essência: são comunidades que lutam por um lugar ao sol, que buscam reconhecimento e dignidade.

Ao apito final, São Sebastião dos Pretos não conquistou o título, mas o que importa é que a mensagem foi transmitida: a história, a cultura e a religião de um povo não podem ser apagadas, e o futebol, mais do que um esporte, mais do que uma paixão, mais de um elemento da superestrutura de poder do sistema  capitalista,  pode ser uma ferramenta poderosa na luta por um futuro melhor.

 Por José Casanova
Professor, Jornalista e Escritor membro da 
Academia Bacabalense de letras

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