Em uma tarde quente de sexta-feira de carnaval, as ruas pulsavam com a energia típica da cidade grande em período carnavalesco. Entre o vaivém de pessoas, carros e sons urbanos, havia uma conversa que vinha de uma esquina próxima, uma conversa que despertava a atenção de todos que passavam por ali.
_Não é não!!! - Dizia
uma jovem com firmeza, seus olhos transmitindo uma determinação inabalável.
O rapaz que ouvira o Não, olhou perplexo para as pessoas que presenciavam
a cena. Nunca se sentiu tão constrangido. Sua masculinidade foi parar na lata
do lixo. Perdeu a fantasia viril para brincar o carnaval.
Essas três palavras aparentemente simples carregam consigo um
peso imenso, uma mensagem que transcende o momento e mergulhava profundamente na alma de todos os presentes.
Ela estava rejeitando um avanço indesejado de um rapaz que insistia em suas
investidas, e seu "não" era mais do que uma simples negação; era um
manifesto contra a cultura de violência e desrespeito que muitas vezes assola
as mulheres em nossa sociedade.
Não era mulher de muitos nãos, mas sentiu-se incomodada, invadida
, assediada pelas as investidas do rapaz. O que poderia ser uma prazerosa
paixão de carnaval, tornou-se quase um caso de polícia.
A cena me fez refletir sobre a importância crucial de
promover a conscientização e a prevenção da violência contra a mulher. Afinal,
a violência não começa no momento em que um golpe é desferido; ela começa muito
antes, nas sutilezas do dia a dia, nas palavras e atitudes que desvalorizam e desrespeitam
a dignidade das mulheres.
Em nossa busca por uma sociedade mais justa e igualitária, é
fundamental reconhecer e combater os comportamentos que perpetuam a cultura do
machismo e da violência. Precisamos educar nossos filhos e filhas desde cedo,
ensinando-lhes o valor do respeito mútuo, da empatia e do consentimento.
"Não é não" deve ser mais do que uma frase; deve
ser um princípio orientador de nossas interações e relacionamentos. Como disse o poeta da música popular “uma mulher
não quer uma cantada, prefere o setimento”. Devemos aprender a ouvir e
respeitar os limites das mulheres, reconhecendo que seu corpo e sua autonomia
pertencem somente a elas mesmas.
À medida que a tarde avançava e os blocos carnavalesco eram pra
fantasia; a conversa na esquina se dissipava, então me vi inspirado pela
coragem e determinação daquela jovem. Resolvi escrever essa crônica na certeza
que poderei de alguma forma ajudar outras mulheres. Aquela jovem não apenas defendeu seu próprio
direito à autodeterminação, mas também plantou uma semente de mudança na
consciência de todos os que testemunharam seu ato de resistência.
Que possamos todos nos unir nessa luta contra a violência e o
desrespeito às mulheres, comprometendo-nos a criar um mundo onde o
"não" de uma mulher seja sempre respeitado, onde sua segurança e
dignidade sejam garantidas, e onde todos possam viver livres do medo e da
opressão. Porque, afinal, não é não, e nunca deveria ser de outra forma.
Professor, Jornalista e Escritor Membro da
Academia Bacabelense de Letras
Você arrasa meu amigo.
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