quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

CRÔNICA DO DIA: Não, é Não!!!!!



Em uma tarde quente de sexta-feira de carnaval, as ruas pulsavam com a energia típica da cidade grande em período carnavalesco. Entre o vaivém de pessoas, carros e sons urbanos, havia uma conversa que vinha de uma esquina próxima, uma conversa que despertava a atenção de todos que passavam por ali.

_Não é não!!! -  Dizia uma jovem com firmeza, seus olhos transmitindo uma determinação inabalável.

O rapaz que ouvira o Não, olhou perplexo para as pessoas que presenciavam a cena. Nunca se sentiu tão constrangido. Sua masculinidade foi parar na lata do lixo. Perdeu a fantasia viril para brincar o carnaval.

Essas três palavras aparentemente simples carregam consigo um peso imenso, uma mensagem que transcende o momento e mergulhava  profundamente na alma de todos os presentes. Ela estava rejeitando um avanço indesejado de um rapaz que insistia em suas investidas, e seu "não" era mais do que uma simples negação; era um manifesto contra a cultura de violência e desrespeito que muitas vezes assola as mulheres em nossa sociedade.

Não era mulher de muitos nãos, mas sentiu-se incomodada, invadida , assediada pelas as investidas do rapaz. O que poderia ser uma prazerosa paixão de carnaval, tornou-se quase um caso de polícia.

A cena me fez refletir sobre a importância crucial de promover a conscientização e a prevenção da violência contra a mulher. Afinal, a violência não começa no momento em que um golpe é desferido; ela começa muito antes, nas sutilezas do dia a dia, nas palavras e atitudes que desvalorizam e desrespeitam a dignidade das mulheres.

Em nossa busca por uma sociedade mais justa e igualitária, é fundamental reconhecer e combater os comportamentos que perpetuam a cultura do machismo e da violência. Precisamos educar nossos filhos e filhas desde cedo, ensinando-lhes o valor do respeito mútuo, da empatia e do consentimento.

"Não é não" deve ser mais do que uma frase; deve ser um princípio orientador de nossas interações e relacionamentos. Como  disse o poeta da música popular “uma mulher não quer uma cantada, prefere o setimento”. Devemos aprender a ouvir e respeitar os limites das mulheres, reconhecendo que seu corpo e sua autonomia pertencem somente a elas mesmas.

À medida que a tarde avançava e os blocos carnavalesco eram pra fantasia; a conversa na esquina se dissipava, então me vi inspirado pela coragem e determinação daquela jovem. Resolvi escrever essa crônica na certeza que poderei de alguma forma ajudar outras mulheres.  Aquela jovem não apenas defendeu seu próprio direito à autodeterminação, mas também plantou uma semente de mudança na consciência de todos os que testemunharam seu ato de resistência.

Que possamos todos nos unir nessa luta contra a violência e o desrespeito às mulheres, comprometendo-nos a criar um mundo onde o "não" de uma mulher seja sempre respeitado, onde sua segurança e dignidade sejam garantidas, e onde todos possam viver livres do medo e da opressão. Porque, afinal, não é não, e nunca deveria ser de outra forma.

Por José Casanova
Professor, Jornalista e Escritor Membro da
Academia Bacabelense de Letras

 

 

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