Estamos a viver em um mundo onde as relações humanas são escritas por linhas digitais, um emaranhado complexo de cliques e corações. Nessa era tecnológica, onde a conexão é medida em megabytes e as palavras são substituídas por emojis, as relações humanas florescem em meio aos algoritmos. A tecnologia que devia diminuir distâncias, nos afastas mesmo estando tão próximos uns dos outros
No epicentro desse fenômeno, encontramos Alice, sim, aquela “Alice
no país das maravilhas”, agora já crescida; revela-se uma alma inquieta
navegando nas águas tumultuadas da rede. Como qualquer adolescente, seus dias são
preenchidos por amizades digitais, aquelas que se manifestam em forma de
solicitações de amizade e curtidas. No entanto, por trás da tela brilhante, ela
sente um não sei o “quê” de desconexão.
Num mundo onde a comunicação é instantânea, as nuances do
contato humano muitas vezes se perdem. A arte de olhar nos olhos e interpretar
as entrelinhas parece estar em extinção. Alice continua a correr contra o temo
feito o coelho Lewis Carroll. Os relacionamentos, agora, são regidos por
algoritmos, verdadeiros magos da previsão de nossas preferências, mas raramente capturam a
complexidade das emoções humanas.
Em meio a essa paisagem digital, Alice se ver mais uma vez
perdida em uma encruzilhada. Ela se pergunta se suas conexões virtuais são
genuínas ou apenas projeções cuidadosamente editadas da realidade. As conversas
reduzidas a caracteres e as emoções expressas em emojis criam uma barreira
sutil entre ela e aqueles que considera amigos. O Complexo torna-se simples e o
simples perde-se no labirinto do complexo.
Contudo, em meio a esse desafio digital, Alice descobre um
oásis de autenticidade. Quando menos esperava, em uma noite chuvosa, um telefonema inesperado
de um amigo distante revelou a magia da verdadeira conexão. As palavras reais,
sem filtros, fluíam como música, e as risadas ressoavam mais alto do que
qualquer emoji poderia expressar.
Essa experiência trouxe a Alice uma clareza reconfortante.
Enquanto a tecnologia abria portas para novas formas de comunicação, a essência
da conexão humana ainda residia na simplicidade de ouvir e ser ouvido. Como ser
humano, sentia necessidade de ser humana. Porque as coisas mais simples do
mundo, de repente se tornam tão complexas?
Na era digital, onde as amizades são quantificadas por
seguidores e a intimidade é medida em pixels, é crucial lembrar que, por trás
de cada tela, há um coração pulsante em busca de conexão genuína. Afinal, em um
mundo de cliques e corações, as relações humanas continuam a desafiar os
limites dos algoritmos, perseverando na busca eterna pela autenticidade.
Professor, Jornalista e Escritor da
Academia Bacabalense de Letras
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