terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Em harmonia com a floresta

POR MICHEL ALECRIM
Maués (AM) - Enquanto o pasto para a criação de gado avança, destruindo parte da Floresta Amazônica, pequenos produtores da região vêm encontrando no fruto natural do lugar a oportunidade de garantir o sustento sem agredir o meio ambiente. O cultivo do guaraná, cuja planta convive harmoniosamente com outras, tem se mostrado não só viável economicamente como está se fortalecendo com pesquisas de melhoramento genético e aprimoramento das técnicas de manejo. Maués (AM), conhecida como terra do produto, está comemorando safra 50% superior à do ano passado.

O produtor Valber Rodrigues, 35 anos, aprendeu com a família a plantar o guaraná e esperar que a natureza fizesse o resto até a frutificação. Atualmente, graças a uma parceria com a Ambev, que produz o guaraná Antactica, usa mudas selecionadas e adubo orgânico para melhorar o rendimento. “Antes, muitas plantas morriam e, quando vingavam, demoravam cinco anos para dar fruto. Agora já estão produzindo em três anos”, conta ele.
Por conta desses investimentos e incidência mais propícia das chuvas, só no município de Maués a safra deve atingir este ano 250 toneladas, contra 170 toneladas do ano anterior. As propriedades do fruto, um forte estimulante, já eram conhecidas pelos índios Sateré-Mawés.

MUDAS MAIS RESISTENTES
A engenheira agrônoma Mirian Frota, gerente da Fazenda Santa Helena, que a Ambev mantém em Maués, explica que a seleção de mudas mais resistentes não tem relação com o método transgênico. Além das mudas, a fazenda fornece gratuitamente adubo aos pequenos produtores. “Utilizamos restos do próprio fruto como adubo”, conta Mirian. Como para a produção do guaraná é aproveitado apenas o grão, o restante do fruto ajuda a enriquecer a terra. Folhas e galhos são usados no solo para manter a umidade.

Na fábrica de extratos de guaraná da Ambev de Maués, a preocupação ambiental também é alta. Tanto que recentemente foi inaugurada uma estação de tratamento de efluentes industriais. O investimento de R$ 2 milhões vem impedindo o despejo de detritos no rio que banha a cidade. Da unidade, sai a matéria-prima para a produção do refrigerante no País e exportação para os EUA e para as fábricas do Japão e de Portugal.
fonte: O Dia

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