segunda-feira, 28 de junho de 2010

JACKSON LAGO, UM DECENTE CIDADÃO BRASILEIRO

(Joãozinho Ribeiro)




Em Brasília é sábado, faz um dia ensolarado, com um céu povoado por algumas nuvens de coloração acinzentada, porém ralas, diante de um fundo azulado, pairando sobre toda a arquitetura do planalto central.



Inicio a feitura deste artigo com o pensamento na minha São Luís, cidade que carrego comigo “como um estandarte, que faz da minha vida a minha arte, e da sua vida a minha outra parte”.



Penso no panorama político difícil e sofrido em que o meu estado se encontra mergulhado. Nesta semana, comentei com um colega de trabalho, o historiador mineiro Bernardo Machado, sobre as semelhanças entre o Maranhão e Minas, e brinquei, dizendo que os nossos estados se encontram acometidos da síndrome de Silvério dos Reis – neo e antigos traidores de todos os gêneros e espécies.



Mas não quero utilizar esse espaço para muro de lamentações, nem encher a paciência daqueles que me lêem com louvações à desesperança. Prefiro alçar vôo nas asas da liberdade e vislumbrar em todo este mar de dificuldades um “cais da sagração”, onde possamos atracar nossas melhores intenções, capitaneadas por gestos maduros e decisões equilibradas.



Abro espaço para uma reflexão sobre a conjuntura política, que nos oferece a possibilidade de ter duas credenciadas personalidades de nossa história postulando o direito de serem escolhidos pela vontade popular, através do voto e não dos tribunais, para governar o nosso estado.



Falo dos cidadãos Jackson Lago e Flávio Dino, representantes de diferentes gerações, porém portadores de compromissos históricos com a justiça e com as transformações sociais. Homens que fizeram de suas vidas exemplos de honradez e que estão se dispondo, cada qual ao seu modo, a um enfrentamento descomunal contra as forças da oligarquia que há 45 anos se apoderaram do estado do Maranhão.



Do pré-candidato Flávio Dino, falarei em outra oportunidade. Apenas reafirmarei que é o meu candidato, escolhido de forma legal e legítima pelo encontro estadual do Partido dos Trabalhadores, realizado no dia 27 de março, com acompanhamento e supervisão da própria direção nacional do PT, que depois atropelou desrespeitosamente a democracia interna, sem nenhum escrúpulo ou consideração.



Quero mesmo falar é desta figura humana, que fez inicialmente da medicina um espaço destacado de sua existência para cuidar de seus semelhantes; e, posteriormente, da política, um verdadeiro sacerdócio, na luta pela democracia e pelo direito das populações mais humildes terem acesso a melhores condições de vida e trabalho.



Nossos primeiros contatos se deram quando, ainda criança, precisei de seus cuidados para tratamento de uma doença pulmonar, especialidade da qual era médico titular na rede pública de saúde. Depois, na juventude, ainda na vigência do regime militar, quando apoiei como eleitor a campanha vitoriosa para deputado federal, que lhe rendeu uma das maiores votações, infelizmente ceifada pelo nefasto advento das sublegendas.



Nos anos 70, voltamos a ombrear as nossas atuações políticas nos debates que conduziram a reforma partidária, com a criação do PT e do PDT; na Greve da Meia-Passagem, no Comitê Brasileiro pela Anistia; na intensa mobilização social pelas liberdades democráticas; nas denúncias dos massacres de trabalhadores rurais executados pelos coronéis do latifúndio maranhense.



Cumprindo uma trajetória política calcada nestes princípios, foi conduzido pela vontade popular por três vezes à Prefeitura de São Luís e, finalmente, em 2006, também pelo voto do povo maranhense, ao Palácio dos Leões, impingindo uma derrota histórica à candidata Roseana Sarney Murad.



Tive e tenho a imensa honra de ter participado de duas destas administrações Jackson Lago, e de ter contribuído com a implantação de planos, programas, projetos e ações na área da cultura, que até hoje permanecem como referência de políticas públicas para todo o país.



Sei que na tarde deste sábado seu nome será sufragado por uma das coligações de oposição à oligarquia Sarney para o governo do estado do Maranhão. O povo maranhense terá, mais uma vez, a histórica oportunidade de escolher um candidato decente, que impeça que a candidata da oligarquia pela quarta vez, isso mesmo, pela quarta vez, ocupe o cargo de Governador do Estado.



As candidaturas de Flávio Dino e Jackson Lago representam o que ainda temos de reserva de decência neste estado, para impedir que o mesmo mergulhe numa verdadeira idade das trevas, através da entronização e legitimação do mandonismo como prática política, e do clientelismo como modus operandis de governar.


Joãozinho Ribeiro


poeta/compositor

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