quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CD "A palavra acesa", de José Chagas será lançado nesta quinta-feira em São Luís





Nunca poesia e música estiveram tão próximas. Pois essas duas artes cuja linha é tênue se completam no CD A palavra acesa de José Chagas. Paraibano de nascença, mas maranhense de coração, o poeta, que este ano completou 89 anos, vai ter parte de sua obra cantada nas vozes de grandes artistas da música brasileira mesclando cantores locais e nacionais. A obra primorosa e pensada em cada detalhe tem a produção de Celso Borges e Zeca Baleiro. O lançamento é hoje, às 21h, no Teatro da Cidade de São Luís (Centro).

Na ocasião do lançamento haverá uma audição com a presença dos artistas locais que participaram e do poeta, e a exibição de um vídeo de 15 minutos produzido por Zeca Baleiro a partir de uma entrevista que fez com José Chagas em 2006, e que será mostrada especialmente no projeto. “Fiz essa entrevista em 2006. Ele tem um pensamento muito lúcido sobre a vida e a arte. E é um poeta profundo e sofisticado, por trás daquela sua aparente simplicidade”, conta Zeca Baleiro.

Toda a concepção feita pelos produtores, cada qual em seu local de residência, demorou pelo menos um ano e meio para ser concluída. Segundo Zeca a gravação exigiu um prazo mais elástico. “Foi pauleira (risos). Muito trabalho. Por isso demoramos um ano e meio pra realizá-lo. Celso foi cuidando da produção em São Luís e eu por aqui. Mas conseguimos juntar um time da pesada, muito especial, que entrou no projeto com o coração e a alma inteiros”, revela Baleiro, que interpreta Palavra Acesa, música que foi trilha sonora da novela global Renascer (1993).

De acordo com Celso Borges o projeto foi alimentado pela admiração que tanto ele, quanto Zeca tem pelo poeta. “Além disso, tenho um sentimento de amizade pela figura humana dele. O projeto foi concebido justamente nesse espírito de admiração e amizade, já que a produção não contou com patrocínio. Todos os artistas participaram de forma voluntária, abraçando o projeto por acreditar no que ele tem de verdadeiro e pela justa homenagem. É como a gente estivesse acendendo uma grande fogueira e dançasse em volta dela ao som e com o espírito da poesia de José Chagas. O que fizemos foi dar melodia à palavra acesa do poeta”, conta Celso.

O disco reúne 14 poesias interpretadas por vários artistas, entre outros tantos (21) que estão envolvidos no projeto desde a autoria das composições, melodia e interpretação, como: Ale Muniz, Assis Medeiros, Beto Ehongue, Tássia Campos, Suzana Travassos, Toinho Alves, Celso Borges, Zeca Baleiro, César Teixeira, Chico César, Chico Saldanha, Dicy Rocha, Ednardo, Josias Sobrinho, Fagner, Márcia Castro, Nosly, Lula Queiroga, Silvério Pessoa, Fernando Filizola.

Trabalhar com tanta gente de diferentes localidades exigiu trabalho dobrado. Enquanto Celso ficava resolvendo as coisas em São Luís, Zeca tratava de outras em São Paulo. “A logística foi complicada, mas tivemos adesões de vários artistas não maranhenses que se encantaram com o projeto”, diz Zeca. “Claro que deu um trabalhão, mas foi muito prazeroso porque a gente contou com a generosidade e disposição de todos. Assis Medeiros, por exemplo, entregou a faixa praticamente pronta. Gravou e mixou no estúdio que tem na casa dele, em Brasília. César Teixeira, também, Beto Ehongue e Dicy, Zeca só teve que mixar e masterizar. A que fiz com Alê foi feita no estúdio dele também”, explica Celso.
César Teixeira que musicou Campoema do livro De lavra e de palavra, diz que fez a música e arranjos para outra pessoa cantar, e não imaginava que ele mesmo faria a interpretação. “Fiz uma toada sertaneja que representa bem o que diz o poema, uma vez que fala da vida dura da lavoura, das lembranças de quando ele vivia com a família na terra dele. Mas apesar de dolorosa a letra, a música não ficou tão pra baixo”, conta. 

Poeta-cantor 
Natural da Paraíba, José Chagas, Membro da Academia Maranhense de Letras, se diz um maranhense de coração. Autor de mais de 20 livros, a maioria deles dedicada à cidade de São Luís, começou a escrever aos 5 anos por influência de cantadores e violeiros da terra dele e mora no Maranhão há mais de 50 anos. Entre as obras publicadas, estão Canhões do Silêncio, Colégio do Vento, Azulejos do Tempo Maré/Memória, Os Telhados, Apanhados do Chão.
FONTE: PATRICIA CUNHA DE O IMPARCIAL

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