II Seminário Julho das Pretas destaca protagonismo das mulheres negras em Bacabal

 

 Com o tema "Mulheres Negras em Luta por Reparação e Bem Viver", o II Seminário Julho das Pretas reuniu, nesta sexta-feira (25), dezenas de lideranças comunitárias, militantes do movimento negro e representantes de diversas entidades no Sindicato dos Pescadores, no bairro Trizidela. O evento foi promovido pelo núcleo local da UNEGRO – União de Negras e Negros pela Igualdade – e marcou um importante momento de reflexão, articulação e fortalecimento da luta antirracista no município.

A programação teve início às 15h com a fala de abertura de Rita de Cássia, coordenadora da UNEGRO em Bacabal, que ressaltou a importância do seminário como espaço de afirmação da identidade negra e de construção coletiva por justiça social. “Nossa luta é por visibilidade, respeito e políticas públicas que garantam o bem viver das mulheres negras em todas as esferas da sociedade”, destacou.

A mesa de abertura contou com a presença de representantes de diversos segmentos sociais, incluindo movimentos negros urbanos e rurais, lideranças quilombolas, sindicatos, associações culturais e autoridades locais. A pluralidade das vozes reafirmou a centralidade das mulheres negras na condução de pautas estruturantes para a sociedade bacabalense.

Entre os principais temas debatidos nas palestras estiveram a história dos quilombos da região, a economia solidária como ferramenta de emancipação, e as políticas públicas de igualdade racial. As discussões evidenciaram não apenas os desafios enfrentados, mas também as estratégias de resistência e organização comunitária que vêm sendo construídas ao longo dos anos.

Um dos momentos mais marcantes do evento foi o desfile de mulheres negras, oriundas de várias comunidades e entidades. Com trajes típicos, adornos e muita representatividade, elas celebraram a beleza negra e reafirmaram sua identidade com orgulho e potência. O ato simbólico arrancou aplausos do público presente e emocionou participantes.

A presidente do Sindicato dos Pescadores, Lene também fez uso da palavra, saudando os pescadores e pescadoras presentes, e reforçando o compromisso da entidade com a valorização das mulheres negras no campo e na cidade. O encerramento do seminário foi celebrado com uma vibrante roda de capoeira conduzida pela Associação de Capoeira Zambi, que trouxe ancestralidade, resistência e arte ao centro do espaço.

O II Seminário Julho das Pretas consolidou-se como um marco importante no calendário da luta por igualdade racial em Bacabal, reiterando a necessidade urgente de políticas públicas eficazes, contínuas e interseccionais para enfrentar o racismo estrutural e promover reparação histórica.

“Esse evento é mais que um encontro. É um chamado à ação, à consciência e à solidariedade entre os povos negros, especialmente as mulheres, que são a base das transformações sociais em curso”, concluiu José Casanova, Professor, Jornalista e Escritor da Academia Bacabalense de Letras, um dos palestrantes do evento.

Julho das Pretas, mais uma vez, provou ser um mês de resistência, memória e esperança viva.