Há exatos 52 anos atrás, neste mesmo dia, o Brasil se sagrava bicampeão mundial de futebol,
no Chile. Avançava o sentimento de afirmação nacional, cujas raízes
foram lançadas na modernização produzida pela Aliança Liberal no poder
em 1930, com Vargas, após a década de 1920 marcada por profundas
movimentações sociais, políticas e militares, apontando para um outro
patamar civilizatório no país.
Entremeados a períodos de ditaduras e mesmo quando em regime civil eleitos, a democracia
era precária. Conquistas sociais históricas foram alcançadas pelos
trabalhadores, mas a concentração de renda e patrimônio ficou intocada. A
educação pública se instituiu, mas não se fez aqui uma revolução
educacional como na Argentina e México até antes desse período. De todo
modo, abriu-se o caminho para o desenvolvimento nacional. Aproveitou-se a
crise capitalista e
a guerra como oportunidade para avançar. Havia um projeto, um caminho
e, para isso se reuniram forças. Havia altivez na política externa.
Em 1950 Getúlio volta com o prestígio do eleitorado. Até em São Paulo
ele vencera as eleições presidenciais! Depois da Companhia Siderúrgica
Nacional, agora era criada a Petrobrás. As artes refletiram esse
sentimento de afirmação. Inova-se, com o tempo, o teatro, levando ao
proscênio o povo. Surge o cinema
novo, a bossa nova, e o espírito brasileiro contagiou o mundo. Duas
Copas mundiais foram vencidas. Surge, majestoso, Pelé. Niemeyer,
comunista, com Lúcio Costa, assombraram o mundo com Brasília.
Até hoje isso é responsável pelo carinho e admiração que se tem no mundo pela cultura e caráter do povo brasileiro.
E, no entanto, a toada da oposição
era muito assemelhada à de hoje: golpista, falsamente moralista, com um
projeto claramente reacionário com respeito às liberdades e direitos do
povo, alinhava-se incontinenti com os EUA e sua política de guerra
fria. A UDN era sua protagonista-mor. Mas estava lá – desde sempre – a
mídia, na época os grandes jornalões, os mesmo de hoje. Cansei de ler
editoriais de certo órgão empenhado obsessivamente em desmascarar a
farsa do Petróleo, que “certamente não existia no subsolo brasileiro”.
Levaram Getúlio ao suicídio para salvar o projeto. Hoje os tais
editoriais pregam cotidianamente contra Dilma…
Em meio à liberdade reinante, respirava-se conspirações civis e
militares. Enfim estas venceram em 1964 – depois dos ensaios de 1954,
outros dois durante o governo Juscelino, e quando da renúncia de Jânio
Quadros. Foi a época das trevas: mais concentração de renda,
desnacionalizações, menos direitos para o povo, liberdades em grau zero.
Essa gente não se conforma. É um consórcio oposicionista poderoso,
envolvendo os poderes financeiros, midiáticos, de segmentos fundamentais
do aparato do Estado nacional e suas instituições conservadoras.
Arrastam consigo uma camada média-média e média alta, com profundos
ressentimentos com respeito ao povo brasileiro. Chegam, não raro, ao
desprezo nacional. Não se conforma com forças populares e de esquerda,
centro-esquerda, governarem o país em outro rumo, o de conquistas
econômicas, sociais e políticas protagonizadas com a participação do
povo.
Outra Copa está
em curso, um espírito festivo e de orgulho vai se insinuando na ampla
maioria da sociedade brasileira. O Brasil pode até vencê-la. Mas já
venceu ao organizá-la e mostrar ao mundo que sim, vai ter Copa, e será a
copa das copas, na pátria máxima do futebol mundial.
Estúpidos e fracassados é que podiam promover aquela manifestação contra Dilma Rousseff
na abertura do evento. Tiveram o troco na festa do povo e no respeito à
Presidenta. Mas demonstraram, uma vez mais, o intento de inserir o ódio
nas relações políticas e sociais do país. Os cães ladram… Mas terão o
troco nas eleições.
Há 52 anos alcançamos o bicampeonato. Nesta Copa perseguimos o hexa. A
copa 2014 bno Brasil não deixa nada a dever enquanto certame mundial
organizado no país, é lúdica e merece ser comemorada. O Brasil avançou
muito, faz jus a aspirar a um novo patamar
civilizatório, mais uma vez. Ele é assim como é, com forças
conservadoras poderosas, um Estado e regime político conservador,
profundas desigualdades sociais e regionais ainda persistem. Mas há um
caminho, e um projeto está em andamento. É assim que vai se afirmando.
O Brasil é bom como é sobretudo por seu povo. E o povo vai
compreendendo, como já há três eleições presidenciais, que há gente de
seu lado e há gente contra seus profundos interesses.
fonte: blog Projetos para o Brasi
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