terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Jornalista Bacabalense Marcos Fábio escreve sobre sexualidade



Um dos mais competentes e criativos jornalista do Maranhão, o bacabalense Marcos Fábio é do tipo que dignifica a profissão jornalística, com seu olhar aguçados e equilíbrio ideológico está sempre a opinar sobre assuntos que muitas vezes a mídia se omite a debater.

Sua sensibilidade em saber ouvir, fortalece sua capacidade de opinar, sem ser generoso com o autor marcos Fábio critica o livro “Histórias Íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil” em artigo publicado no site Do Minuto, não cabe aqui comentar o artigo, leia você mesmo na reprodução abaixo;

Na semana passada, terminei a leitura do ótimo livro da historiadora Mary Del Priore, “Histórias Íntimas – sexualidade e erotismo na história do Brasil” (Editora Planeta, 2011). Como se propõe no título, a obra passa em revista 500 e poucos anos dos altos e baixos da nossa sexualidade, indo dos portugueses viciados em índias moças e nuas a webstrippers pós-modernas com seus corpos transformados em bits.

Claro que o livro não consegue ser profundo; é, antes, um arrazoado de boas histórias, de fatos e dados do que foi e é o brasileiro, entre quatro paredes, com alguns arremedos de análises. Mas é uma obra bem feita.

Certas passagens são, ao mesmo tempo, instigantes e deliciosas. Para aguçar a sua curiosidade, ao invés de ficar fazendo análises e digressões, vou transcrever algumas delas, para que você tenha tesão em ir beber direto na fonte:
“Quanto ao asseio e às regras de civilidade, contudo, havia muito que aprender. Os moradores da Colônia ainda estavam muito próximos de comportamentos julgados selvagens na Europa. Lá, desde a Idade Moderna, já se desaconselhava arrotar e peidar em público.”(p.25)

“Cobrindo totalmente o corpo da mulher, a Reforma Católica acentuou o pudor, afastando-a do seu próprio corpo. (…) Os pregadores barrocos preferiam descrevê-lo como a ‘porta do inferno e entrada do Diabo, pela qual os luxuriosos gulosos de seus mais ardentes e libidinosos desejos descem ao inferno.” (p. 32)

“O sexo admitido era restrito exclusivamente à procriação. Donde a determinação de posições ‘certas’ durante as relações sexuais. Era proibido evitar filhos, gozando fora do ‘vaso’. Era obrigatório usar o ‘vaso natural’ e não o traseiro. Era proibido à mulher colocar-se por cima do homem, contrariando as leis da natureza. Afinal, só os homens comandavam. Os colocar-se de costas, comparando-se às feras e animalizando um ato que deveria ser sagrado.” (p. 43)

“Médicos e fisiologistas que se ocuparam da questão higiênica dos órgãos genitais e da função genética, como o dr, Jaf, estabeleceram as regras seguintes: ‘Dos vinte aos trinta anos, o homem casado pode exercer seus direitos duas a quatro vezes por semana deixando um dia d´intervalo de cada vez. (…) Dos quarenta aos cinquenta, uma vez todos os quinze dias e menos ainda se não sentir necessidade. A continência é uma necessidade para a segunda velhice; o sexagenário não deve ir levar ao altar de Vênus senão raríssimas vezes, porque, n´esta época da vida, o licor seminal leva muito tempo a reproduzir-se. O septuagenário deveria abster-se do coito: o enorme desperdício de fluido nervoso daí resultante mergulha-o num esgotamento sempre prejudicial à sua constituição.” (p. 119)

“Mas as mulheres já tinham suas defensoras. A escritora Ercília Nogueira Cobra foi uma delas. Escrevendo contra a submissão na qual foram sempre colocadas, reagia: ‘Os homens, no afã de conseguirem um meio prático de dominar as mulheres, colocaram-lhe a honra entre as pernas, perto do ânus, num lugar que, bem lavado, não digo que não seja limpo e até delicioso para certos misteres, mas que nunca poderá ser sede de uma consciência. Nunca!! Seria absurdo! Seria ridículo, se não fosse perverso. A mulher não pensa com a vagina, nem com o útero.’” (p. 151)

“O sexo, de reprimido e disciplinado, depois instrumento de emancipação e igualdade nos anos 70 e 80, passou a um poderoso aliado do consumo e do hedonismo. Sua banalização seria uma maneira de distrair a sociedade de seus verdadeiros problemas?” (p. 236)

Marcos Fábio Belo Matos – Jornalista e prof. Dr. do Curso de Jornalismo da Ufma/Imperatriz Membro da Academia Bacabalense de Letras.
Há muitas outras passagens, igualmente boas, que valem o livro. Fica o convite para você procurar, sozinho, o prazer dele.

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