Caso o Padre João Mohana estivesse entre nós, completaria, neste 2025, cem anos. Cem anos de uma história que pulsa entre as margens do Rio Mearim e os salões da intelectualidade católica mundial. Nascido em Bacabal, em 15 de junho de 1925, ele carregou o Maranhão em sua essência, mas transcendeu fronteiras com uma obra de caráter universal. Médico, padre, romancista, conferencista, membro da Academia Maranhense de Letras e patrono da Cadeira Nº 1 da Academia Bacabalense de Letras — ele foi múltiplo e, ainda assim, profundamente íntegro em sua vocação maior: iluminar vidas por meio das palavras.
Filho de Miguel e Anice Mohana, imigrantes libaneses que fincaram raízes no solo maranhense, João trouxe consigo o peso e a riqueza de um duplo pertencimento. Talvez você esteja aí o segredo de sua visão ampla e compassiva do mundo: era maranhense de coração e espírito, mas trazia no sangue ares de outras terras.
A trajetória de Mohana fez com que fosse chamado de médico das almas, seus mais de 40 livros são testemunhos dessa jornada. Em obras como Não Basta Amar para Ser Feliz no Casamento e A Vida Sexual dos Solteiros e Casados , Mohana equilibrava uma abordagem espiritual da vida e em obras como Maria da Tempestade e O Outro Caminho , revelava-se mestre da literatura.
Para além do escritor, havia o pesquisador incansável. João Mohana dedicou-se a preservar a música maranhense, reunindo um valioso acervo de partituras que resgataram a memória cultural de sua terra natal. Esse trabalho, menos conhecido do grande público, é uma prova de sua paixão pelo Maranhão e de sua preocupação em perpetuar o legado cultural de sua gente.
O centenário de João Mohana é uma oportunidade para revisitarmos não apenas sua obra, mas também seus valores. Em tempos de individualismo exacerbado e de crises culturais e espirituais, sua mensagem de integração entre fé, cultura e ciência ressoa em nossas mentes;
Ao celebrarmos seu legado, descobrimos a atualidade de Mohana, percebemos que Mohana não foi apenas um homem de seu tempo, mas um homem de todos os tempos. Suas palavras, traduzidas para o espanhol, italiano e alemão, continuam ecoando, levando um pouco do Maranhão para além do Atlântico.
João Mohana não está mais fisicamente entre nós desde 12 de agosto de 1995. Mas, como todo grande escritor, ele permanece vivo em cada página que escreveu, em cada alma que tocou e em cada nota das partituras que resgatou. Cem anos depois de seu nascimento, a sua voz ainda nos guia, mostrando que há, sempre, outro caminho a ser trilhado a partir de Bacabal para o mundo.
Professor, Jornalista e Escritor
Membro da Academia Bacabalense de Letras
Academia Mundial de Letras da Humanidade
Tutor da Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil