O maior número de animais encontrados encalhados por causa da substância é da espécie das tartarugas marinhas, já ameaçada de extinção. “Muitas vezes o animal não possui sinais do óleo externamente, mas ingeriu pequenos fragmentos do óleo flutuante e veio a óbito em função disso”, pontuou a bióloga do Instituto Amares, Nathali Ristau.
A profissional ainda atenta para a incidência de tartarugas com fibripapilomatose: uma doença tumoral ocasionada pela aglomeração de vírus, entre eles o herpes, que se manifesta pela queda da imunidade e por tumores no corpo do animal. “A poluição está entre os fatores desencadeadores da doença”, afirma.
O petróleo chegou, inclusive, nos Lençóis Maranhenses. Em varredura feita pelo Instituto na área até a última sexta-feira (4), foram identificados sinais recentes de óleos em pequenos fragmentos chamados de “pellets”, que atraem tartarugas marinhas em busca de alimentos.
Além disso, pescadores relataram que tiveram suas redes e partes do corpo oleados durante a pesca noturna. Segundo eles, a malha teria vindo coberta de uma grande quantidade de piche.
O Instituto Amares permanece percorrendo áreas prioritárias para a sobrevivência das espécies, como locais de alimentação do peixe-boi marinho, de descanso e alimentação de aves migratórias e de alimentação e desova de tartarugas marinhas.
Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Maranhão (Sema) informou que está trabalhando em parceria com o Batalhão da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros e setores de Fiscalização, Monitoramento, Biodiversidade e Áreas Protegidas e Laboratório de Análises Ambientais no monitoramento da região onde foram encontradas as manchas de óleo.
“Foram feitos sobrevoos na área na tentativa de identificar e mapear a região atingida. As
amostras coletadas foram encaminhadas para análise. O monitoramento tem sido realizado
para identificar a extensão e avaliar danos”, diz o texto.
Origem ainda não identificada
A origem do óleo continua sob investigação. Segundo o IBAMA, o conteúdo não seria de origem brasileira e teria vazado de uma embarcação nas proximidades de Sergipe. O Instituto Amares afirma que está coletando amostras do óleo que será examinado por uma equipe da Universidade de São Paulo (USP).
Desde que as manchas começaram a aparecer, no mês de setembro, a Polícia Federal do Rio Grande do Norte instaurou um inquérito para investigar de onde vem a substância. De um total de 115 pontos afetados em oito estados do Nordeste, o RN é o mais atingido, com 53.
A limpeza é possível?
Assim que se iniciaram as coletas para a análise do petróleo, uma equipe da Petrobrás especializada em limpeza foi contratada pelo IBAMA. O processo consiste na retirada total ou da maior parte possível do conteúdo petrolífero da areia. “Da água esse processo é bem mais complicado pela capacidade de dissipação do conteúdo”, explica a bióloga.
Caso se encontre um animal encalhado devido ao óleo em praias maranhenses, deve-se ligar com urgência para o Instituto Amares e dar o máximo de informações: o número de bichos, se espécias, se estão vivos ou mortos, localização, pontos de referência e, se possível, enviar fotos e vídeos por WhatsApp. (98) 98836-1717 / (98) 98120-1281.
O Instituto alerta para não entrar em contato com o óleo, pois há alto risco de contaminação. Também não se deve jogar sabão, areia ou qualquer produto corrosivo, nem produtos para limpeza de óleo ou graxa.
Também não se deve devolver o animal para a água. Animais oleados necessitam de atendimento veterinário, senão podem encalhar em outro local. A área em que ele está esperando por resgate deve ser isolada, longe de “curiosos”, crianças, animais, sons altos ou coisas que podem estressar o animal. Se possível, cubra-o do sol com um guarda-sol.
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