Para o governador Flávio Dino, o impeachment da presidente Dilma Rousseff é uma “ideia disparatada”. “Só para uma coisa serve esse tumulto inconstitucional: dificultar o entendimento nacional que o Brasil precisa para sair da crise”, opina. O Imparcial ouviu autoridades ligadas ao Executivo, Legislativo e ao Direito. Todos opinaram sobre o pedido de impeachment acolhido pela Câmara. E a maioria considera inoportuno e não acredita na queda da presidente.
Assim como o governador Flávio Dino, os demais contestam a credibilidade do presidente da Casa, Eduardo Cunha, ao acolher o processo. “Creio que o processo todo está comprometido por um pecado capital: a ilegitimidade de toda e qualquer medida adotado pelo deputado Eduardo Cunha. Creio ser difícil sustentar política e juridicamente uma decisão tomada no contexto de um gigantesco achaque”, comenta o juiz Márlon Reis, um dos signatários da Lei da Ficha Limpa e ativista anticorrupção na política.
O cientista político e social e professor Francisco Araújo tem opinião distinta. Para ele, o processo de abertura do impeachment é “útil para o país”. Araújo defende que a crise gerada após o acolhimento da denúncia irá motivar uma “acomodação de forças nas instituições políticas, independentemente do resultado do processo”. “Será uma boa oportunidade para o restabelecimento da governabilidade necessária e a recuperação da credibilidade política”, afirma.
O deputado federal Rubens Júnior (PCdoB) não só é contra o processo como entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para invalidar a medida de Eduardo Cunha, mas não obteve sucesso. Para ele, há um “vício de origem” no pedido. “O presidente Eduardo Cunha fez isso em retaliação ao posicionamento do PT no Conselho de Ética, por vingança, num claro ato de abuso de poder e desvio de finalidade”, critica.
Flávio Dino, governador do Maranhão
Luis Antônio Pedrosa, advogado, ativista dos Direitos Humanos e presidente do PSOL/MA
"Não creio que o impeachment vá ocorrer. Quando Eduardo Cunha liderava de modo tranquilo a maioria congressual, essa oportunidade esteve timidamente presente no horizonte. Mas o colapso de Cunha é igualmente o cadafalso do impeachment. Não há um sem o outro. Com a admissão do processo político de perda do mandato presidencial, Eduardo Cunha jogou sua última carta. Agora seu futuro é certo, e a política costuma ser cruel com os que caíram em desgraça pública."
Márlon Reis, juiz de Direito no Maranhão e um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa
A abertura do processo de impeachment é útil para o momento. Não se pode manter uma situação como essa por longo tempo. Onde a presidente da República está sob suspeita de crime de responsabilidade, o presidente da Câmara investigado pela Polícia Federal, o presidente do Senado também investigado pela Polícia Federal. Enquanto isso, a situação econômica do país vai piorando a cada dia. O julgamento provocará um novo arranjo e acomodação de forças nas instituições políticas, independentemente do resultado do julgamento. Será uma boa oportunidade para o restabelecimento da governabilidade necessária e a recuperação da credibilidade política. No presidencialismo, o presidente acumula as funções de chefe de Estado e chefe de Governo, não é possível deixar a figura central do sistema sob suspensão durante todo o mandato
Francisco Araújo, cientista político, professor da Uema e formado em Ciências Sociais e Direito
Rubens Jr, deputado federal do PCdoB/MA
Por Felipe Klamt de O Imparcial
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