Por Zezinho Casanova
Há dias venho
adiando o que estou a fazer agora, uma crônica sobre o tão esperado aniversário
de Bacabal. Não sei o que escrever, as palavras parecem fugir do papel qual
poeta modernista das rimas e regras
parnasianas. Meu sentimento pela cidade é de ternura. Estou a olhar nas águas
pardas do Mearim um imenso mururu que passa bailando como se levasse consigo
todas as nossas frustrações.
No entanto eu
não estou tão frustrado assim, sinto desapontar aqueles que esperam um texto carregado
de questionamentos, tão comuns à minha
personalidade. Está na hora de apagar a vela da indisposição e acender a luz do
bom senso. Do ponto de vista da qualidade artística das atrações culturais,
Bacabal viveu sua melhor festa de aniversário, a começar pela memorável espetáculo
de teatro de bonecos apresentado na praça do bolo encantando adultos e
crianças, foi estendido o “Tapete Vermelho”
para receber ;o povo o cinema em praça pública, numa cidade que não tem nenhuma
sala de cinema, nem mesmo privada, mas já produz vários filmes que poderão revelar novos cineastas para o país.
A inesquecível
apresentação da Orquestra Filarmônica estrela da Serra deixou bestificados a
plateia que atônita presenciava jovens músicos cearenses se superarem com seus
talentos, excelente repertório e
iluminação, performance criativa, é claro que se esperava da orquestra pelo
menos a execução de uma clássico, mas isso
não tira o brilho da festa, mas fica a dica.O grande problema foi a
senha, desagradável ser barrado pela falta de um papel, mas pro uma questão de
segurança o teatro só cabia 500 pessoas. Entendi, mas não compreendi.
Ter a história
de Bacabal contada de maneira diferente através do espetáculo “Bacabal nos
braços de artistas” foi algo impar na
história do município, não foi um texto frio, mas um texto quente em denuncia
principalmente pela falta de politicas públicas de cultura para cidade, ver no
palco o coronel fundador da cidade, o jogo da capoeira, a sensualidade de
nosso reggae, a poesia dos nossos
imortais, a irreverencia do hip-hop, a
graça de Pai Francisco e Catirina nos faz acreditar que um novo Bacabal é
possível.
Mas a festa
também teve seus problemas, foi triste ver católicos e evangélicos cobrando do
poder publico atrações ligadas a suas religiões, atrações essas ligadas à
cultura de massa que não precisam do
dinheiro publico para se manterem, assim como as amadas e odiadas bandas de
forró de plástico, com caches de valores
nem sempre justos para nosso povo, se
estão na programação os gestores são criticados, se não estão os gestores são crucificados e lá se vai o dinheiro da cultura descendo pelo ralo. Caso no
próximo aniversário a religião seja critério poderoso para contratar atrações,
sugiro que contratem um atração espírita, indico Nando Cordel, o embaixador da CULTURA DE PAZ, ai sim a democracia ecumênica estará
respeitada.
É comum ouvir
dizer que a propaganda é a alma do negócio, mas parece que em Bacabal isso não
está claro para que fez a divulgação da mais importante festa publica do ano.
Havia funcionários da própria prefeitura que desconheciam a qualidade da programação
e suas atrações, o criterio das senhas foi ótimo para os organizadores, mas
serviu de pretexto para critica dos insatisfeitos. Convite impresso eu não
recebi, e nem precisava dessa formalidade, mas importante do que um pedaço de
papel foi minha participação como voluntário, da Academia
Bacabalense de Letras e de tantos outros grupos que participaram da festa.
Olhem! Está
passando outro mururu... espero que os
gestores não esqueçam de transformar
tudo isso em politicas publicas de cultura para nosso povo,que não seja apenas beleza como a passagem do mururu, ficarei aqui esperando o próximo ato, curtindo as águas pardas do Mearim e olhando de
perto minha filha Dandara a brincar na
areia...
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