Sou desses boêmios mais observadores que etílicos. Gosto de degustar a noite na terra da Bacaba como se fosse o ultimo dia de minha vidas. Sou avesso à informação, não me dizem nada a não sei o que já sei. E só “sei que nada sei”. Depois de ter tomado todas num bar pouco frequentado na Avenida Mearim, me desloquei para BR 316 , agora muito bem iluminada com canteiros coloridos.
Desde o principio da minha jornada achei estranho. O número
de usuários de drogas ilícitas, por que as lícitas os “cidadãos de bem” usam
como se fossem agua, havia aumentado e diminuíam quanto mais me aproximava da
Tia Preta. A Tia Preta não é um Bar, mas uma família de restaurantes populares
que pensam ser um clube dançante.
Lá é o point da madrugada, quando os “cidadãos de bem”,
esquecem que são casados e vão em busca de “afogar o ganso” numa fuga semanal
da rotina caseira, mesmo que no setor só se ofereça comida caseira.
Estranho! Não ouço o som da música nem sempre bem tocada, mas
que agrada aos ouvidos. O esquema não estava lá, os músicos talvez estivem em
outros... esquemas.
As mulheres de cheiro barato também não estavam lá. Nem mesmo
as senhoras com 60 anos ou mais com suas
maquiagens estranhas e roupas de periguetes novinhas, também não estavam lá.
A Garçonete mau vestida da qual sempre comprava uma cerveja
fiado por semana, também não estava lá.
O homem de lata, uma figura exótica em situação de rua,
também não estava lá. O moto taxi clandestino que já sabia a hora de me levar
pra casa, também não estava lá.
Os repórter policias que iam à Tia Preta em busca de noticia,
também não estavam lá.
No Fuzuê havia um zum-zum-zum, eram os frequentadores do
lugar que expressavam seu amor pelo novo Delegado da cidade que resolveu não
expedir a licença para realização da tradicional
festa do caipirinha.
Com essa deu até vontade de tomar uma caipirinha, dessas bem
brasileiras com cheiro do Mearim. Será o Benedito? Não Dr. Benedito não faria uma
coisas dessas, ele também é cliente do lugar, afinal depois da meia noite o local
é frequentado por gente da “melhor qualidade”
O fato é que o novo delegado, dentro da lei é claro, fez toda
uma cadeia produtiva da cultura parar, com isso consegue também diminuir o índice
de violência, bebedeira descontrolada, prostituição e circulação de drogas. Coisas
que fazem parte do cotidiano da vida e que passam despercebidas pelas pessoas
envolvidas na matrix.
É dentro da lei também que essas mesmas pessoas, na falta de
outra ocupação, tiram dessas atividades nem sempre tão dignas, o sustento de
suas famílias. Aí está a outra face da moeda. E agora José? E agora Maria? Que fazer?
Nos senadinhos da cidade já se comenta que o delegado não
ficará muito tempo , nada mau num estado onde as autoridades comemoram a transferência
para capital como uma promoção. O fato é que em cidade pequena a vida continua
pequena, um jogo de cartas marcas onde não há vencedores. Não aprendemos que a
realização de festas exige o mínio de segurança, principalmente quando parte
dos frequentadores não inspiram confiança.
Quer saber de uma coisa? Vocês que são brancos que se
entendam. Esse angu tem muito caroço. E
não adianta vir atrás de mim. Não concedo entrevistas. A minha lei sou eu que faço. Como amigo leitor? Quem sou eu? Eu sou você
que critica a “Tia Preta” e vou pra lá depois da meia noite...
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